Capítulo 22

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Na manhã seguinte a Pri acordou cedo ela não estava na cama. Eu fiz minha higiene passei pelo quarto das meninas e elas não estavam. Então desci e elas estavam tomando café da manhã já. – Bom dia. – sorri.

Sosô: Mama, mamãe...

Eu: Não Sophie. Tá ai a sua mamadeira não tem tetê mais...

Pri: Está tirando?

Eu: Estou... Senão ela fica o dia todo não tem condições. Bom dia dormiu bem? – a beijei.

Pri: Sim e você?

Eu: Sim... Cadê a Nathalia?

Pri: Supermercado não tem nada na geladeira.

Eu: Era pra ter feito compra antes de viajar.

Pri: Sabe se minha mãe e meu irmão vão vir pra cá? Eles devem estar muito preocupados.

Eu: Sim. Chegam amanhã de manhã. Vão para o hotel e vem pra cá, vão almoçar com você.

Pri: E porque eles vão para um hotel? Sempre ficaram aqui em casa. – eu suspirei – O que foi Natalie?

Eu: Na frente das meninas não... – terminamos nosso café, a babá chegou e nós duas subimos.

Pri: O que aconteceu?

Eu: Quando você foi dada como desaparecida sua família foi avisada e sua mãe, seu irmão e sua cunhada vieram pra cá. Eu fui para o Iraque com a Julie e a Natalia e eles ficaram aqui cuidando das meninas junto com a minha mãe e a minha irmã como você já sabe. Quando eu voltei, contei tudo que houve, sua mãe não aceitou muito bem, mas eu não podia fazer mais nada, eu tinha que voltar, eu estava lá a mais de uma semana e eu tinha duas crianças pequenas pra cuidar.

Pri: Tá divagando Natalie... Vai direto ao ponto – estava nervosa.

Eu: Sua mãe tinha dado banho na Mel e a Mel tá com mania de não querer vestir roupa de correr pelada pela casa. Ela não quis vestir roupa. Ai ela gritou com ela e chamou de de inútil e retardada.

Pri: Meu Deus...

Eu: E eu briguei com ela. Ela me questionou... – contei tudo como aconteceu, e que eu pedi pra ela sair da nossa casa. – Desculpa amor. Mas ela poderia ter me ofendido de todas as maneiras, não seria a primeira vez, mas as minhas filhas não... Ainda mais a Melanie que é tão alheia as maldades, aos xingamentos, e a muitas atividades simples que ela não desempenha como qualquer outra criança quando está num mau dia como aquele. Ela não merece ser xingada por causa disso.

Pri: Amor... tudo bem eu entendo a mamãe passou de todos os limites mesmo. – me abraçou. – Tá tudo bem. – suspirou.

Mel: Mamãe... – entrou no quarto.

Eu: Oi filha?

Mel: Desenho – me deu um papel e deu um pra Priscilla, era a primeira vez que ela desenhava pra nós.

Pri: Que lindo filha – era um monte de rabiscos coloridos. Ela subiu no colo da Pri.

Mel: Xodadi mamãe... (Saudade mamãe) - a abraçou. A Pri me olhou com os olhos cheios de lágrimas. Ela não expressava sentimentos assim. Era tudo novo pra gente.

Pri: Oh meu amor, a mamãe também estava morrendo de saudade de você. Muita saudade mesmo minha princesa – a beijou. – Como eu te amo minha filha... Te amo muito minha perfeitinha linda... – a beijou. Aquele dia ela ficou bem o dia e a noite toda. Na manhã seguinte ela brincou com as meninas um pouco, mas perguntou pelo Gabriel caindo no choro minutos depois. Não seria fácil isso. Eu chorava no banho pra ela não ver, não queria que ela sofresse ainda mais. Anna estava fazendo o almoço, eu desci para ajuda-la, a Diorio também ajudava e a Emily tinha ido buscar algumas coisas no supermercado. Logo ela chegou arrumou a mesa na varanda, estava um dia lindo. Logo a mãe o irmão e a cunhada da Pri chegaram. Minha irmã que foi recebe-los na porta. Eu fiquei de longe vendo a comoção de todos eles ao reencontrá-la. A Melanie correu para o meu colo e começou a chorar.

Eu: Está tudo bem tá filha? Está tudo bem. – a beijei e a abracei. A Maisa estava com Sophie no colo a Melanie não parava de chorar então eu subi com ela pro meu quarto e fechei a porta – Hei está tudo bem amor não precisa ficar assim... Calma é a vovó, o titi Lipe e a titi Isa... Você os ama meu amor...

Mel: Vovó não... vovó não... – eu já tinha entendido...

Eu: Tudo bem filha... – Era muito surreal pra mim. Eu não sabia a que ponto ela entendia as coisas que aconteciam a volta dela. – Não precisa ficar assim tá amor, a mamãe tá aqui com você. - A acalmei, conversei com ela, tentei explicar que a vovó não faria mal a ela e desci para almoçarmos. Coloquei no cadeirão dela, fiz o mesmo com a Sophie e fui até a cozinha a Pri estava lá.

Pri: Porque subiu com a Mel?

Eu: Ela estava com medo da sua mãe. – ela bufou e saiu da cozinha. A gente almoçou, eu não falei absolutamente nada. A Mel já come sozinha, então fiquei dando comida pra Sophie. Logo as coloquei no chão fui buscar a sobremesa, comemos e minha cunhada me ajudou a tirar a mesa. Coloquei tudo na lava louça subi com as meninas para escovar os dentes delas e o meu e as duas foram tirar o cochilo da tarde. Eu desci e ouvi minha sogra e a Pri conversando.

Patrícia: A gente vai embora em 3 dias, arruma suas coisas e vem com a gente. Vai ser melhor pra você, se recuperar em casa com a sua família.

Eu: Ela tem família aqui também Patrícia. Eu, e as meninas, filhas dela.

Pri: Amor, calma...

Patrícia: É melhor ela ir conosco. A família dela inteira está lá, eu sou mãe dela e sei o que é melhor pra minha filha Natalie. Ela não vai ficar bem aqui, perto de tudo o que aconteceu.

Eu: O que aconteceu foi no Iraque, e ela vai ficar muito bem aqui perto da esposa dela e das filhas dela.

Patrícia: Acha que gritaria de criança, vai ajudar na recuperação dela?

Eu: Você é ridícula Patrícia...

Pri: Natalie, calma, não é assim.

Eu: Cala a boca Priscilla, agora sou eu quem vou falar. Primeiro as minhas filhas não ficam gritando por ai, e você sabe muito bem disso. E se gritarem é natural, são crianças de 3 e 1 ano. Elas não dão o menor trabalho. Brincam o dia todo, não são mal educadas, não tem porquê a Priscilla ir para o Brasil. Dê uma desculpa melhor que essa pra dizer que não quer a sua filha perto da esposa e das filhas dela. Você entra na minha casa, pra cuidar das suas netas e chama uma criança autista de três anos de retardada e inútil. Viu que a primeira coisa que a Melanie fez quando te viu foi correr pra mim? Eu perguntei o que ela tinha e que era a vovó dela e ela disse "vovó não mamãe". Achou mesmo que o fato dela ser autista, ela não entenderia seus xingamentos e não teria medo de você por isso? Pois ela tem e muito medo de você. Ela é mais inteligente que você por sinal. Então, não. E dessa casa a Priscilla não sai. E já está tarde, já almoçou agora pode ir embora... – sai da cozinha e deixei as duas discutindo...

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora