Capítulo 98

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NATALIE NARRANDO...

Eu estava feliz. A gente sofreu muito, a gente viveu muitas coisas difíceis. Ainda restavam dores de ausências, como a do nosso filho e da minha sogra que escolheu não ser parte da nossa família. Priscilla estava bem com isso de certa forma. O Noah era nossa felicidade, a Mel e a Sophie era nossa realização. A vida era boa apesar de todas as dores e tristezas que passamos. Nossa viagem era para respirar, comemorar, ter nosso tempinho em família. Priscilla decidiu que jantaríamos sozinhas e foi um jantar incrível. O tempo todo que passei ali naquele jantar eu agradecia mentalmente a mulher incrível que eu tinha do meu lado e agradecia as nossas dificuldades também, porque elas nos fizeram mais fortes. Eu a amava a cada dia mais, e eu desejava com todo meu coração passar o resto da minha vida ao lado dela. O perdão foi crucial para estarmos juntas hoje, a força e o amor também. Nossa relação está cada vez melhor e a leveza voltava aos poucos para nossas vidas, para o nosso lar. 11 anos casada com o amor da minha vida, e eu tinha certeza a cada dia mais que ela era o amor da minha vida. A guerra nos machucou, a perda nos machucou, mas o amor tratava de nos curar dia após dia... Após o jantar fomos para uma ponte num lago lindo ali naquela cidade. Um lago conhecido por ser cenário dos pedidos de casamento e das cerimonias mais lindas do mundo. Haviam vários casais ali e eu senti uma felicidade tão grande de estar ali. Priscilla estava diferente, com os olhos brilhantes, sorriso bobo, como eu era apaixonada nessa mulher... Eu não conseguia entender o amor que eu sentia por ela que só crescia... Eu era grata demais a tudo que ela me deu e me proporcionou e ainda me proporciona...

PRISCILLA NARRANDO...

A Ponte e palco de pedidos de casamento e de cerimonias e como disse, os casamentos eram duradouros. Era uma superstição bonita. Paramos no meio da ponte, peguei a caixinha com as alianças.

Eu: 11 anos de casamento, e 13 anos e mais um pouco juntas. A gente construiu uma família linda nesse tempo, a gente já passou por tanta coisa e estamos aqui... Enfrentamos nossas crises, choramos muito, sofremos muito, perdemos nosso filho, tivemos outro, aprendemos com nossas filhas. Família veio e família se foi... E a gente está aqui... 11 anos que naquele parque onde nos casamos juramos passar por tudo juntas na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Nas quedas de helicópteros, nas inseminações e nos nascimentos – rimos. – E a cada dia que passa, a cada noite que chega eu falo pra mim mesma, "como eu amo essa mulher". – ela deixou cair uma lágrima. Um homem tocava violão ali perto já em cima da ponte. Era combinado com ele. – Me casaria com você todos os anos, todos os meses, todos os dias... Sentimos dor e pensamos que não fossemos aguentar e estamos aqui...

Nat: Nos amando...

Eu: Nos amando... – sorri. – Temos nosso anjinho que com certeza está muito feliz, temos nossas filhas que nos enchem de alegria todos os dias com suas descobertas, suas risadas, seus carinhos. Temos nosso pequeno milagre, nosso presente que é só amor. Nem tudo é dor, nem tudo é tristeza, nem tudo é sofrimento. A vida é feita de tudo isso, mas a vida é feita principalmente de amor e isso a gente tem demais... Obrigada por ser minha esposa, minha amiga, minha confidente, essa companheira tão incrível e leal que você é. Eu não sei o que seria de mim se eu não tivesse você. Eu nunca imaginei que um dia teria uma família assim e eu sou tão grata todos os dias por ter essa família, pelos brinquedos espalhados pela casa, pelo parquinho no meu quintal, pelas manhãs que acordo com as meninas subindo na cama, pelas cadeirinhas no meu carro, pelas mamadeiras na pia, pelas fraldas pra trocar, pelas pequenas roupinhas para lavar e passar – sorri. Eu amo nossa vida.

Nat: Eu nunca pensei que me adaptaria aos Estados Unidos... Eu achava que ficaria na Aeronáutica um tempo e depois voltaria ao meu país. Ai eu me apaixonei e me casei e fui mãe pela primeira vez. Eu me machuquei, me aposentei, fui mãe biologicamente pela primeira vez, e depois pela segunda. Nosso filho ficou doente, o perdemos. Eu senti uma dor que eu achei que nunca ia superar. Eu sinto falta do Gabriel todos os dias, mas é uma saudade boa, porque eu não queria ele aqui agora se fosse para sofrer como ele estava sofrendo. Não era justo com ele. Eu tenho plena certeza que ele está bem e ser mãe é isso – secou a lágrima que caia. – Sofrer de algumas dores pelos filhos, mas aceitar que algumas coisas são necessárias. Eu amo o jeitinho da Mel que no mundinho dela faz tudo ser especial a maneira dela, mas com um olhar nos deixa claro o amor que sente por nós, a confiança que tem em nós e nos enche de orgulho a cada dia. Amo as loucurinhas da Sophie que nos deixa de cabelo em pé e nos mata de ri ao mesmo tempo – rimos – E ela querendo sempre ser tão independente dentro dos seus 3 anos dizendo na hora do banho que já é uma adulta e pode tomar banho sozinha. O Noah tão calminho, tão tranquilo e que odeia banho, mas ama um tetê e um colinho, um carinho nas costas. O cheirinho dele pela casa. – suspirou – Eu amo nossa relação, nossos contatos, quando nossa pele se toca, quando fazemos amor, quando dormimos abraçadas. Eu amo meu mundo dentro do seu mundo e o seu mundo dentro do meu... – eu abri a caixinha. – Amor... Alianças novas?

Eu: Sim... Para representar um recomeço... Cada aniversário que passamos juntas é um recomeço... Juntas no amor e na guerra... – era uma aliança perfeita. Dentro dela além dos nossos nomes e data de casamento gravadas, tinham as iniciais dos nossos filhos. Logo o moço começou a tocar violão e uma garota veio cantando com um buque de rosas na mão.

Cantora: É que teu corpo é o desenho mais bonito feito. Teu falar é poesia que me enche o peito. Como é que eu vou falar de arte sem te mencionar, sei que o mundo pararia pra te admirar...

Nat: Amor... O que é isso tudo?

Eu: Essa noite tinha que ser especial – sorri. Tirei a aliança dela e coloquei a nova. E ela tirou a minha e colocou a nova. Logo ouvimos um "mamãe"... Era a Sophie. Ela veio correndo e nos abraçou.

Nat: Oi filha... – a Mel veio logo em seguida e meus sogros com Noah no colo e a Diorio e a Lorena vieram logo atrás. Diorio trazia um balão vermelho com o nome do nosso filho.

Diorio: Ele tinha que participar de alguma forma. – sorriu. Pegamos o balão ficamos em silencio um instante.

Eu: Eu te amo filho – sorri deixando cair uma lágrima.

Nat: Te amo meu menino... – soltamos o balão.

Eu: Te amo minha pequena...

Nat: Te amo muito...– nos beijamos.


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NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora