Capítulo 25

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XX: Responsável por Sophie Smith Pugliese?

Eu: Eu sou a mãe dela, Natalie Smith Pugliese, como minha filha está?

XX: Eu sou o Doutor Jonas James. Ela sofreu queimaduras de segundo grau no lado direito do corpo, do pescoço até a cintura. E ela teve uma parada cardiorrespiratória Ela está na unidade de queimados sendo tratada. Como ela ainda não tem nem dois anos, decidimos por induzir um coma para tratar as queimaduras, porque a dor vai ser muito grande pra ela. Ela ficará no coma induzido por uma semana que é o tempo das bolhas estourarem e a gente avançar no tratamento das queimaduras. Recebi o boletim dos paramédicos e uma assistente social está vindo para cá conversar com a senhora.

Eu: Uma assistente social? Por que? – assustei.

XX: Ela sofreu um acidente doméstico. Ela não estava sob supervisão de um adulto e ela tem pouco mais de um ano. Soubemos também que a sua esposa tem problemas psicológicos causados por um ataque ao comboio dela no Iraque. Ela estava numa crise de estresse pós traumático. Ela não tem condição de cuidar de uma criança sozinha enquanto não se recuperar ou seu tratamento estar avançado a ponto dela sozinha conseguir se controlar. A tragédia poderia ter sido maior. E ela teve uma parada cardiorrespiratória e poderia não ter voltado dela. A assistente social falará com a senhora os procedimentos adotados por eles nesses casos.

Eu: Eu posso ver minha filha?

XX: Não senhora... Nesse momento ela está sob a guarda do estado de Illinois.

Eu: Não... Eu sou mãe dela. Eu fui levar minha outra filha na terapia. Isso tudo foi um acidente – falava desesperada.

Adam: Calma Natalie... Vem comigo... – o medico saiu e eu me sentei.

Eu: Isso só pode ser um pesadelo. – chorava. Eu não estava acreditando.

Adam: Me escuta – ele é advogado – Isso é normal aqui... Não sei como funciona no Brasil. Mas quando alguém se fere como adultos por exemplo, existe um contato de emergência. Você tem a Priscilla e a Priscilla tem você. Quando as meninas se ferem vocês duas são o contato de emergência dela. Como o que houve aconteceu na "presença" da outra responsável, no caso da outra mãe dela e ela estava tendo uma crise psicológica, o estado automaticamente "retira" provisoriamente a guarda da criança dos pais até que tudo se esclareça. Você não pode vê-la, não porque fez algo errado, porque você não fez, mas na visão de um assistente social e do estado, ela estava em perigo e até que tudo se esclareça a guarda provisória dela é do estado.

Eu: Só pode ser um pesadelo... – a assistente social chegou.

XX: Senhora Pugliese?

Eu: Sim, Natalie Smith Pugliese.

XX: Meu nome é Tessa McKind, sou assistente social do estado de Illinois. Podemos conversar?

Eu: Sim, claro. Ele é meu amigo é advogado, pode participar?

XX: Sem problemas – fomos pra uma sala. Tessa era uma mulher de uns 40 anos com aparência de ser uma boa pessoa. Nos sentamos. – Eu fui chamada aqui para cuidar do caso da menor Sophie Smith Pugliese. Ela sofreu queimaduras de segundo grau e uma parada cardiorrespiratória após uma chaleira de água quente cair nela. Soube que a senhora é casada com outra mulher que é a mãe da criança também.

Eu: Sim, Priscilla o nome dela.

XX: A senhora e sua esposa adotaram a Sophie ou ela foi gerada?

Eu: Ela foi gerada por mim.

XX: Tem mais filhos?

Eu: Sim, a Melanie, ela tem 3 anos, ela é autista. Quando tudo aconteceu eu tinha ido levar a Melanie na terapia e a Priscilla ficou cuidando da Sophie. E tínhamos o Gabriel também, ele tinha 6 anos, foi gerado pela Priscilla. Ele faleceu a seis meses de câncer.

XX: Sinto muito pela perda de vocês. Então senhora Pugliese...

Eu: Natalie, me chama só de Natalie.

XX: Então Natalie eu preciso entender o que de fato aconteceu na casa.

Eu: Eu não estava, o Adam ouviu todo o relato da minha vizinha que estava em casa no momento.

Adam: Sim... – contou tudo a ela como a Julie havia falado pra ele.

XX: Qual era a posição dela no exército?

Eu: Eu fui fuzileira, depois fui engenheira aeronáutica e atuei como piloto de resgate por helicóptero e transportes da Força Aérea Americana por C-17 e helicóptero. Depois do atentado que sofri eu graduei para segundo tenente e aposentei.

XX: A senhora trabalha fora?

Eu: Sim. Eu vou as vezes a empresa e as vezes trabalho de casa. Sou dona da Macy's aqui de Chicago e acabei de fechar um negócio como sócia da IKEA.

XX: São brasileiras pelo que vi nos documentos.

Eu: Sim. A gente veio para os EUA pouco antes de entrarmos na Army. Eu fui ferida num resgate que fazia, reformei, fui indenizada e comprei a franquia da loja. Sou segundo tenente reformada.

XX: Sua esposa foi ferida gravemente e agora que ela voltou pra casa está num processo de recuperação, mas com um TEPT bem elevado né?

Eu: Sim. Infelizmente sim.

XX: Senhora, não estamos aqui para julgar se são boas mães ou não. Eu estou aqui para entender o que aconteceu e explicar que é uma situação grave. A sua esposa está vulnerável, e uma crise pode acontecer sem motivo aparente ainda mais sendo tão recente. Inconscientemente ela foi irresponsável, e com a irresponsabilidade dela, uma criança foi gravemente ferida. Se não fosse todo o contexto, sua esposa seria acusada de lesão corporal e abandono de incapaz, pelo simples fato da menina ter ido a cozinha e mexido numa chaleira quente. – eu a encarei assustada. – Como sabemos de tudo exatamente como foi, a polícia não vai intervir no caso. Mas o estado tem a partir de agora a guarda da Sophie.

Eu: Eu não posso ficar sem minha filha. Nada disso foi de propósito, pelo amor de Deus. – falei desesperada.

XX: Sim senhora, a gente sabe. Mas agora estão sob os olhares do conselho tutelar do estado. São ex combatentes com certeza tem armas em casa, isso tudo pesa no caso em questão. Vocês poderiam ser deportadas se não fossem ex combatentes.

Eu: Sim, temos armas, no cofre no nosso closet. Para nossa segurança e totalmente legalizada com toda documentação em dia.

XX: Compreendo. Uma pessoa foi designada a falar com a sua esposa. Ela não está mentalmente possibilitada a cuidar de uma criança. Suas filhas não podem ficar sozinhas com ela enquanto ela não se recuperar, entende isso?

Eu: Sim eu entendo.

Adam: Senhora, entendemos tudo que está acontecendo e com certeza não vai se repetir. Não causaremos nenhum tipo de obstrução no trabalho da justiça do conselho tutelar, ela é a mãe e é responsável. Ela foi impedida de ver a filha agora. O que aconteceu foi isolado. Embora não diminua a gravidade do caso. Queremos saber por quanto tempo a Sophie ficará sob cuidados do estado?

XX: O tempo que for necessário, para que a outra mãe seja considerada capaz de conviver sem oferecer riscos a menina. E posso te dizer senhora, que se o assistente designado em falar com a sua esposa, achar que ela oferece risco se ele entender isso formalmente, o estado manterá a outra criança sob custodia também. 

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora