Capítulo 15

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Logo a Emily bateu na porta.

Emy: Natalie, abre pra mim? A Sophie quer mamar no peito, acabou de acordar. – eu levantei e abri a porta.

Eu: Oi filha, dormiu pouquinho – a beijei.

Emy: Acabei de trocar a fralda dela. – ela entrou e encostou a porta – O que foi aquilo no quarto da Mel?

Eu: Ouviu tudo que ela disse né?

Emy: Sim... Mas... Ela deve ter falado com a Mel daquele jeito por estar nervosa, não pode manda-la embora assim Natalie.

Eu: Posso... Ela não vai gritar com a minha filha, chama-la de inútil e de retardada e ficar por isso mesmo não. Ela acha que eu não estou fazendo nada que eu não estou preocupada nem em busca da Priscilla? Qual é? Eu não durmo direito, eu não como direito a mais de duas semanas de tanta preocupação. Eu estou esgotada Emily, ela não sabe o que eu senti quando abri a porta e vi aquele soldado e o capelão do exército na minha porta. A sensação é horrorosa. Eu vi acontecer com a Julie, com a senhora Kimberly, com o senhor Jones, com a senhora Peterson, e chorei junto, mas quando é com a gente, é insuportável. E essa incerteza é ainda pior. Eu não estou feliz, eu quero minha esposa, eu quero ao menos a certeza de um corpo pra enterrar e não ficar nessa agonia. Ficar batendo boca com a Patrícia, e a ouvindo chamar minha filha de retardada e inútil, e ainda ouvir que eu não estou fazendo nada a respeito não está me ajudando em nada. Nessa casa ela não fica mais. – falei com raiva.

Emy: Ela ta arrumando as coisas, o Felipe ta puto com ela, com a forma que ela falou.

Eu: Se ele quiser ficar com a Maisa, tudo bem, ele é um ótimo tio, ele entende as coisas. Mas a Patrícia não quero mais. Eu não preciso disso. – ela ficou ali comigo um tempo, logo a Mel entrou correndo rindo e pelada com a fralda na mão e a Diorio atrás dela – O que é isso? – ri.

Mel: Esconde titia mamãe... – ria.

Eu: Ai Melanie

Diorio: Melanie... Escuta a titia... – bufou – Eu não tenho idade mais, pra correr atrás de ninguém... – riu e a gente deu gargalhada.

Eu: Filha olha pra mamãe – ela me olhou – Não pode fazer isso com a titia, e nem correr pelada pela casa tá... Deixa a titia te vestir vai... Dá a fralda pra ela colocar. – ela fez. Eu não quis mais sair do quarto aquele dia. Felipe veio se despedir e se desculpar pela mãe dele. Expliquei a situação pra ele, disse que ele poderia ficar, mas ele achou melhor acompanha-la. Eles iriam pra um hotel e voltariam para o Brasil em dois dias. Ele entendia tudo e estava tudo bem entre a gente. Me despedi da Maisa que era um doce de pessoa e eles foram embora. Minha mãe não disse nada, ela não se metia. No dia seguinte precisei ir a empresa eu não trabalhava a duas semanas. Fui até lá assinei um monte de coisas pendentes, resolvi algumas coisas que precisavam ser resolvidas, e logo vi da janela do escritório o carro do exército, meu coração disparou. Me sentei e só esperei que batessem na minha porta. 20 minutos depois os vi saindo novamente não tinha entendido até que um funcionário veio.

XX: Dona Natalie?

Eu: Sim?

XX: Desculpa incomodar. Os oficiais do exército vieram dar uma má noticia pra Jhéssica. Gostaria de saber se posso sair um pouco para leva-la pra casa, não tem como ela ficar aqui e ela não tem condições de ir embora assim sozinha e de taxi.

Eu: Oh... Era o que dela?

XX: Marido. Casados a dois anos. Fuzileiro.

Eu: Oh meu Deus... Eu vou falar com ela – fui até uma área de descanso dos funcionários ficavam e estavam vários a volta dela e ela em total desespero. Alguns assustaram ao me ver e ela também. – Jhessica... – me sentei ao lado dela e peguei sua mão – Eu sinto muito. Sinto muito mesmo pelo seu marido...

Jhessica: Eu... Ele... Eu tinha preparado uma surpresa... Ele ia voltar amanhã... E eu ia contar que estou gravida...

Eu: Oh meu Deus... – a abracei.

Jhessica: A gente queria tanto...

Eu: Minha esposa e eu perdemos um filho a poucos meses. Eu era da Army e ela também e fomos para o Exército. Servimos no Iraque por muito tempo, até que eu fui gravemente ferida e fui reformada e comprei parte dessa empresa. Minha esposa continuou e com a morte do nosso filho e o diagnóstico de autismo da nossa filha um tempo depois, ela desabou, ela não conseguia respirar. E ela foi pra uma missão. A gente estava brigada por isso... Ela foi dada como desaparecida há pouco mais de duas semanas. Eu não sei se minha mulher ainda está viva. Eu estive lá fiquei mais de uma semana acompanhando tudo. Eu sei que dói... Eu conheço sua dor... Eu ainda não sei se minha mulher vai voltar viva ou morta, mas eu sei que dói... Eu quero que você se cuide, e cuide desse bebê porque ele é tudo que você tem do seu marido agora e ele com certeza vai cuidar de vocês dois...

Jhessica: Eu acho... que eu vou precisar de uns dias dona Natalie...

Eu: Leve o tempo que precisar tá. Não se preocupe com nada. Se precisar de alguma coisa, pode me procurar o que eu puder fazer para ajudar eu estou a disposição. Não pode ir embora sozinha assim ok? Alguém chama a enfermeira lá na enfermaria pede pra olhar a pressão dela primeiro. E você – falei com o rapaz que foi ate minha sala – A leve pra casa, por favor? Aqui – joguei a chave do meu carro. – Leva no meu carro.

Jhessica: Obrigada dona Natalie.

Eu: Imagina... – me levantei – Cuidem dela... – falei com o pessoal e voltei pra minha sala. Uma hora depois o funcionário voltou com a minha chave.

XX: Dona Natalie, aqui sua chave.

Eu: Obrigada. E como ela tá?

XX: Arrasada. Quando chegamos lá, a mãe dela estava chegando junto, e os pais do marido dela também.

Eu: Anota pra mim os contatos dela por favor. Quero saber como ela está... – ele anotou. – Obrigada – sorri de leve e ele saiu. Ao longo dos dias tive mais notícias sobre o caso do marido da minha funcionária, dei a ela algumas semanas para descansar. Eu sabia o que ela estava sentindo.

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora