Capítulo 67

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Nossa semana começou bem complicada. A Sophie está no salto de desenvolvimento. A pediatra disse que no caso dela está atrasado, porque era para ter acontecido aos 17 meses na intensidade em que está acontecendo e não aos 21 meses porque ela está prestes a fazer 2 anos. Sophie passará por uma bateria de exames, para saber se há algum problema neurológico. Mais uma preocupação para nós. O autismo nela foi descartado já, ficamos aliviadas, porque as chances eram pequenas, mas existiam.

*A influência do gênero do primogênito no autismo: os cientistas se focaram em pouco mais de 21 mil famílias com dois filhos em que a criança mais velha foi diagnosticada com algum tipo de TEA. Os cálculos mostraram que os pares menina-menino são os que apresentam maior risco de recorrência do transtorno, com 16,7% do filho mais novo ser autista se sua irmã mais velha é. Em seguida vêm os pares menino-menino, com 12,9%, depois os menina-menina, com 7,6% e, por último, os menino-menino, com 4,2%. Os pesquisadores alertam, no entanto, que como este estudo também é observacional não é possível identificar qualquer tipo de causalidade para a ocorrência do distúrbio e que, apesar dos riscos, ele ainda é relativamente raro mesmo nas famílias com histórico da doença.

— Mesmo no grupo de maior risco, meninos com irmã mais velha autista, as chances são de cinco para uma de que a criança não seja afetada — lembra Palmer.

Sophie simplesmente, não dormia. Natalie e eu, não dormíamos. Ela tinha febre, ela queria conversar, ela chorava, ela queria andar pela casa, ela reclamava de dor na gengiva porque além disso tinha dentinho nascendo. Natalie voltou para o nosso quarto, a porta ficava aberta por causa da Sophie. Ela não dormia mais que meia hora e começava a chorar e tínhamos que levantar e pega-la.

Eu: Filhinha deita um pouquinho vem... – olhei a hora e eram 3:45 da manhã. Ainda não tínhamos conseguido dormir.

Nat: Quer tetê?

Sosô: Xim...(Sim) – Natalie virou de lado e colocou o peito na boca dela.

Nat: Ai Sophie isso doi... – ela começou a chorar – Não precisa chorar, é só não morder a mamãe.

Eu: Está difícil – suspirei.

Nat: Demais. – e foi assim a nossa madrugada. Ela dormiu com o peito na boca. Natalie e eu dormimos por 4 horas, estávamos exaustas pela manhã. A semana foi muito difícil até ela finalmente se acalmar. Natalie teve retorno no médico, estava bem melhor fisicamente. No sábado era a homenagem no exército, estávamos nos arrumando no banheiro. Nosso uniforme tinha chegado. O meu agora era um verde bem escuro, quase preto, eu agora era Major-general. O da Natalie antes era branco e preto e agora é azul marinho de capitã. Terminei de fazer o coque no cabelo, coloquei a redinha para ficar bem fixo, fiz a maquiagem entrei no closet e me vesti.

Eu: Está se sentindo bem para colocar salto amor?

Nat: Vou colocar o mais baixinho, senão eu vou sentir dor com o tempo. – terminei de me vestir ajudei a Nat a se vestir também. Logo bateram na porta.

Sogra: Estão prontas?

Eu: Sim. As meninas estão prontas?

Sogra: Sim, estão. – a gente desceu, meu sogro e minha cunhada esperavam na sala com as meninas. Obrigatoriamente, não podíamos ir no mesmo carro por questão de segurança. Outra obrigatoriedade, nossos carros eram blindados. Julie saia de casa também, ela também subia de cargo. Tenho agora um salário de 155 mil dólares mensais somados a minha aposentadoria e a Natalie tem um salário de 75 mil dólares. Nossa renda aumentou 75 mil dólares mensais. Além disso Natalie receberá uma indenização de 800 mil dólares e se ela perdesse a vida as meninas receberiam 2 milhões de dólares em indenização e uma pensão vitalícia de 40 mil dólares cada uma delas. Apesar de tudo, nossas filhas teriam segurança no futuro caso uma de nós ou nós duas faltássemos. Lá encontramos com a tia da Natalie, Alisson, a Diorio também foi. Fomos para o local designado as homenagens aos soldados mortos e feridos começaram, Natalie não estava bem, era nítido. Não estávamos na mesma fila. Logo as homenagens acabaram ela foi mencionada e foi bem emocionante. Logo foram as graduações, a minha foi antes da dela.

Graduamos nesse momento de capitã a Major-General, Priscilla Álvares Pugliese. – colocaram minha patente nova, me deram uma placa, fizemos as fotos, eu assinei os papeis e fui me sentar.

Graduamos nesse momento de Segundo Tenente da Aeronáutica a Capitã, Natalie Kate Smith Pugliese. – ela levantou e foi até lá, colocaram a patente nova, ela assinou os papéis, pegou a placa e foi sentar. Eu a encarei e sussurrei.

Eu: Está se sentindo bem?

Nat: Não.

Eu: Vamos sair então...

Nat: Dá para esperar. – já estávamos sentadas na mesma fileira uma do lado da outra. Fizemos nossos discursos e logo acabou tudo, fomos cumprimentadas e na primeira oportunidade saímos dali.

Eu: Está tudo bem amor?

Nat: Eu preciso vomitar – entrou no banheiro e vomitou muito.

Eu: Se sente melhor?

Nat: Agora sim. – lavou a boca. Pegou um mini enxaguante bucal que tinha na pia para os convidados, lavou a boca retocou o batom.

Eu: O que foi?

Nat: Eu estou nervosa de estar aqui. Parece que a qualquer momento eu vou ter que entrar num helicóptero ou num caça pra resgatar alguém. Tudo que eu vi foi um avião explodindo na minha frente, o meu helicóptero caindo.

Eu: Calma amor, precisa respirar, está esquecendo de respirar.

Nat: Vamos ficar só meia hora na festa e vamos embora tá?

Eu: Tudo bem, fica calma... – dei um selinho nela. Fomos para nossa mesa, para nosso desespero era um jantar. Tivemos que ficar por uma hora e meia lá e logo conseguimos ir embora. Colocamos as meninas para dormir, tiramos aquela roupa tomamos um banho e fomos pra cama. Natalie começou a chorar muito e eu a abracei. – Está tudo bem amor você está segura agora, fica calma.

Nat: Que desespero horroroso ficar no meio daquelas pessoas. – soluçava. – Não me deixa sozinha nunca amor, por favor. Eu te amo muito, não me deixa sozinha – soluçava muito, eu estava ficando preocupada.

Eu: Eu não vou deixar ok? Nunca... – a vulnerabilidade dela era muito grande. Era dolorosa e eu só queria poder tirar aquela dor dela. Ela estava tentando ficar bem, fazendo terapia direitinho, tomando os remédios, até meditando ela estava, mas alternava muito seu humor entre o choro, a raiva, o medo, o pânico, o grito. Eu estava preocupada, todos nós estávamos preocupados.  

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Obs: A quem possa interessar... Esses dados que coloco sobre o autismo na história, como fiz quando descobriram o autismo da Melanie, são dados científicos do assunto ok? Estou explicando porque já vieram falar que eu não tenho propriedade para falar sobre isso. Então o caso da Mel é baseado no que já estudei na psicopedagogia e esses trechos que coloco explicando algumas coisas, são de dados científicos, não é aleatório não ok? 


NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora