Capítulo 9

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NATALIE NARRANDO...

Recebi uma carta da Priscilla a alguns dias. Li e reli aquela carta mil vezes. Ela estava para voltar e eu não sabia o que sentir com aquilo tudo. Ela nunca mandou carta, mas como eu não respondia suas chamadas e nem suas mensagens a carta foi uma opção de se comunicar comigo. Mostrei a carta para Diorio, que tem sido um suporte gigantesco pra mim esses dias.

Diorio: Essa carta diz bastante sobre o que já conversamos várias vezes. Sei que é injusto com você, mas é doloroso demais pra ela. E essa fuga, foi para que o casamento de vocês de alguma forma sobrevivesse – suspirou – O que não aconteceu com o meu e você sabe.

Eu: O Vitor e você não conseguiram superar a partida do Nathan né?

Diorio: A partida, em algum momento a gente aceita. Superar não superaremos nunca, pais não superam perda dos filhos nunca. Mas na circunstância que foi, o consolo, o conforto chega em algum momento. Mas a gente sucumbiu a dor de uma forma muito intensa. Eu não aceitava, o Vitor não aceitava, e a gente não conversava sobre nada disso. Eu me culpava e ele se culpava e nós dois culpávamos um ao outro por isso só que não dissemos isso um ao outro. Isso virou briga, pequenas discussões, ausência de contato até que chegou num ponto que estávamos gritando um com o outro feito dois loucos. Foi quando percebemos que tinha se passado nove meses da morte do nosso filho e que nesses nove meses a gente não se beijou mais, não fizemos sexo, e no máximo, tomávamos café da manhã juntos apenas. E nosso casamento acabou. Não sobrevivemos um ano casados após a perda do Nathan. Ele foi pra São Paulo hoje é casado tem filhos e eu fui pra Londres. Não pretendo me casar de novo, mas pretendo ser mãe como você já sabe. – suspirou – A Pri te ama Natalie. Ela foi embora, para voltar inteira pra você, porque se ela ficasse, o casamento de vocês não sobreviveria. O ar que faltava nela, faltaria em você em pouquíssimo tempo, e vocês duas não estariam aqui para as filhas de vocês. E como seria pra Sophie e pra Melanie? Dor constante. Momentos de negligência, porque sem querer vocês iriam negligenciá-las. – ela tinha razão. Eu precisava conversar com a Priscilla. Liguei pra ela, era noite no Iraque, mas não conseguia contato. Liguei na base onde ela ficava e ela tinha saído em vigilância. Senti um arrepio de repente. Eu tinha medo disso. Foi assim que eu fui ferida e quase morri. No dia seguinte estava separando a correspondência e a Nathy estava brincando com a Sophie e com a Melzinha no tapete. A Mel gostou dela, interagia com ela. Era um progresso. Ela também estava falando um pouco mais. Me sentei sozinha no quintal de casa para ler a carta novamente e chorei com tudo... Eu fui egoísta com ela. Ainda estava chateada, porque ela também foi egoísta comigo indo embora, e o Gabriel também era meu filho. Mas...O Gabriel veio dela, e a dor que ela sentia era de alma. E pensando em tudo que a Diorio disse, ela tinha razão. Talvez se ela tivesse ficado aqui, nosso casamento não sobreviveria a isso. Mandei mensagem pra ela...

Oi amor... Recebi sua carta, acabei de ler pela milésima vez. Temos muito o que conversar. Quando voltar sentaremos e conversaremos sobre tudo isso como sempre fizemos ok? Eu te amo. Se cuida... Volta pra casa logo... Beijos... Sua pequena... Obs: A Mel está bem, está se comunicando mais, e a Sophie já tem oito dentes e está ficando em pé sozinha nos móveis... Na verdade ela tentou dar um passinho sem se segurar, mas caiu de cara kkkkkkkkk não machucou, mas ficou traumatizada, agora está com medo de andar de novo, mas logo vai conseguir... Estamos treinando o xixi no troninho com a Mel e não está funcionando... Sinto sua falta, preciso da sua ajuda. Te amo.

Acordei no meio da noite com uma sensação estranha. Olhei a hora e era duas e meia da manhã. Levantei desci tomei um copo de água e subi. Fui no quarto da Mel e ela não estava na caminha dela. Ela deve ter acordado e ido para o meu quarto. Passei no quarto da Sosô e ela também não estava. Como ela ia sair do berço?

Eu: Cadê minhas filhas? – assustei e fui ao quarto da Diorio. A porta estava aberta e estava a Melanie e a Sophie esparramadas na cama com a Nathalia. Eu sorri. As meninas gostavam da presença dela. a Sophie estava com os pés em cima da barriga dela e a Melanie com a cabeça nos peitos dela. Eu entrei, cobri as meninas e voltei pro meu quarto rindo. Acho que a Nathalia vai ter que rever a ida dela pra Nova York. Deitei de novo e dormi rápido. De manhã a Pri não tinha nem visualizado minha mensagem ainda. Achei estranho. O dia passou rápido, fui trabalhar, tinha algumas coisas para resolver na empresa. 

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora