EXTENDED BONUS 13

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PRISCILLA NARRANDO...

Ela voltou pra casa, e junto com ela a minha mãe. Meu corpo deu um choque, meu coração parecia ter errado a batida. Depois de um longo desabafo da minha filha e muitas lágrimas, era hora de encarar a minha mãe. Eu já estava me sentindo mal com a conversa que tive com a Sophie, eu não a enxerguei, a Natalie não a enxergou e isso a machucou profundamente. Nós não vimos isso. Natalie subiu com a Sophie para que eu e minha mãe conversássemos.

Eu: Quer um café, ou um chá ou um chocolate quente?

Mãe: Um chocolate quente se não for incomodar. Está bem frio hoje.

Eu: Está... Já trago... – fui até a cozinha, fiz o chocolate quente para nós duas e voltei pra sala. Ela mexia na lareira, realmente estava bem frio aquele dia. – Como a senhora está?

Mãe: Estou bem, na medida do possível e você?

Eu: Como pode ver... Bem de saúde, feliz embora os problemas familiares que presenciou. – suspirei. – Deveria ter me ligado e avisado que ela estava com a senhora.

Mãe: Priscilla, são 15 anos... Se passaram 15 anos sem contato. Queria que eu ligasse e dissesse "Oi filha é a sua mãe. Sua filha está aqui em casa".

Eu: Queria.

Mãe: Você não ouviu nada do que ela falou né? Ela chegou na minha casa quebrada, machucada por dentro. Eu fiquei muito surpresa quando me ligaram da portaria falando que a minha neta que eu não vejo pessoalmente desde os 3 anos estava ali. Ela se abriu comigo, me contou tudo que estava acontecendo, tudo que você fez, tudo que ela fez e me pediu para não contar nada. São 15 anos Priscilla, eu não ia quebrar a confiança dela. Eu não ia errar com ela como eu fiz com todos vocês todos esses anos. Eu a respeitei, e respeitei o tempo dela. Mas todos os dias eu a orientei a falar com vocês, a mandar os e-mails pelo menos avisando que estava bem, mesmo que isso não servisse de muito consolo, era melhor do que nada. Enquanto ela despejava toda a mágoa de vocês que estava se transformando em raiva, eu fazia tudo para que ela entendesse que vocês a amam mais que tudo, para que ela entendesse que vocês erraram tentando acertar, porque os pais fazem isso o tempo todo e vocês não eram uma exceção. – deixou cair uma lágrima – E eu falava tudo isso sem saber como vocês realmente são com ela e com a Melanie e o Noah.

Eu: Por que veio?

Mãe: Para garantir que ela chegasse, que ela viesse para casa de verdade e conversasse com vocês, e não que enfiasse naquele quarto depois de uma briga e continuasse na vidinha que ela estava levando e brigando com vocês. Eu sei o que o orgulho idiota faz com a gente, eu sei o que a ignorância faz com a gente. Ele me afastou da minha filha, da minha nora e dos meus netos e consequentemente do meu filho, da minha nora e dos meus netos no Brasil também. Eu paguei caro pela minha ignorância Priscilla, todos esses anos longe de você e da Natalie e dos meus netos. E eu sei que se eu pedir perdão todos os dias até o dia da minha morte, não vai ser suficiente para você e meus netos me perdoarem, mas vim aqui também para dizer que eu te amo e eu sinto sua falta. – falou já chorando. Minha mãe não era de chorar. Eu deixei que as lágrimas caíssem livremente.

Eu: Tem noção do quanto eu senti sua falta quando eu estava grávida e quando meu filho nasceu? Tem noção do quanto senti sua falta a cada aniversário, dia das mães, natal, ano novo, ação de graças. E por todos esses anos apesar de tudo eu esperei que o telefone tocasse ou que uma mensagem chegasse. Foram 15 anos mãe, 15 anos de inércia, de silêncio, dos meus filhos perguntando porque a vovó não os amava – solucei. – Dói... Dói muito mãe...

Mãe: Eu peguei o telefone em todos os aniversários, natais, viradas de ano, ação de graças, dia das mães... Eu disquei o numero, eu digitei mensagem, mas nunca consegui ligar ou enviar. Eu tinha quebrado tudo, eu tinha destruído tudo, você não me queria por perto, eu fui um monstro com você e com sua família, eu não merecia vocês por perto. E eu estava pagando o preço disso. – suspirou – Eu te amo filha. Eu te amo muito. E eu sinto sua falta todos os dias...

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora