Capítulo 14

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Patricia: Sua inútil, retardada, vem vestir essa merda logo. – falava com muita raiva.

Eu: Por que está gritando com ela? – fui até a minha filha e a peguei no colo.

Patricia: Ela não me escuta, não quer por essa droga dessa roupa. – ela tinha acabado de dar banho nela.

Eu: Deixa que eu a visto Patricia. Não precisa gritar com ela. Ela não está num dia bom, e ela só tem três anos. E não tem ninguém retardado e inútil aqui, além de você. – peguei a roupa da mão dela e a fralda.

Patricia: Sua abusada. Eu fiquei aqui cuidando das suas filhas. Ela não tem o que querer. Ela tem tudo. Brinquedos, comida, carinho. A mãe dela deve tá morta e ela nem se dá conta disso. – já tinha entendido.

Eu: E com essa possibilidade você está descontando na minha filha?

Patrícia: Ela é uma mimada isso sim.
Eu: CHEGA TÁ BOM... CHEGA... EU NÃO ADMITO QUE FALE DA MINHA FILHA ASSIM, DENTRO DA MINHA CASA, E MINHA FILHA NÃO É PERFEITA COMO O GABRIEL ERA, E COMO A PRISCILLA TAMBÉM ERA AOS SEUS OLHOS
– ela arregalou os olhos pra mim – ACHA MESMO QUE NÃO ESTOU COGITANDO A POSSIBILIDADE DELA ESTAR MORTA A ESSA HORA? – Diorio entrou.

Diorio: Hei o que está acontecendo aqui?
Eu: Veste a Mel pra mim Nathy, tira ela daqui, por favor
– ela pegou minha filha e as coisas dela e saiu fechando a porta. – Qual é o seu problema?

Patrícia: A minha filha está em algum lugar daquele maldito Iraque e você está aqui brincando de casinha. – falava entredentes.

Eu: Brincando de casinha? – ri sarcástica. – Essa aqui é a minha casa. É a minha vida, e são as minhas filhas. Eu tenho uma empresa pra cuidar, uma casa, e duas filhas pequenas e ainda tenho que lidar com a grande possibilidade da minha mulher estar morta assim como meu filho que está morto há quase seis meses. Sério que diz que eu estou brincando de casinha? A Priscilla escolheu ir pra lá, ela foi porque quis, ela nem conversou comigo quando decidiu ir pra lá pra fugir do que ela estava sentindo. E ela foi sem olhar pra trás. Eu vesti uma maldita farda que eu nunca mais pensei que vestiria novamente e voltei para o lugar que quase me matou pra tentar encontrar a minha mulher. Eu botei a mão numa arma novamente preparada para atirar para me defender caso alguém me atacasse, pra procurar a minha mulher e sua filha. Eu pilotei um helicóptero por uma hora fazendo uma varredura pra ver se tinha algum sinal da minha mulher e sua filha por lá, correndo risco de um míssil teleguiado me atingir e me derrubar. É sério que você vai descontar a sua frustração diante disso na sua neta? Ela está num mau dia e esse não é o primeiro e nem vai ser o ultimo mau dia dela. Ela é autista. Além de tudo que está acontecendo com a nossa família, eu preciso seguir piamente uma rotina pra ver a minha filha bem, e você está xingando ela. Ela não tem a menor noção do que está se passando a volta dela. Acha que eu estou feliz com tudo isso que está acontecendo? Acha que eu não queria a Priscilla aqui comigo agora? – falava com raiva.

Patrícia: Eu vou pra lá e eu mesma vou procurar minha filha.

Eu:Você não ouviu nada do que eu disse né? –ri com sarcasmo. – Olha só Patrícia...Tem dois dias pra sair da minha casa, e aqui você não pisa mais tá. Muitoobrigada por ter feito o sacrifício de cuidar das minhas filhas. E a minhaparte na pensão da Priscilla eu vou pedir para depositarem na sua conta. Aliás,vou fazer isso com a parte de direito das meninas também, elas ainda tem umamãe que trabalha e não precisa disso. Quem sabe assim você ficando maisconfortável você fica menos amarga e te acalenta... Tem 48 horas pra sair daminha casa, e não toca nas minhas filhas mais... – sai do quarto da Mel eentrei no meu me trancando lá. Eu senti no chão e chorei muito, de tanto ódioque eu sentia. Eu estava exausta, preocupada, tensa, triste, sofrendo, aindatinha que ser patroa, dona de casa, mãe. Eu e a Patrícia nunca tivemos umarelação 100% legal. Ela me hostilizava as vezes, e ela me culpava pelaPriscilla ter entrado na Army, mas a Priscilla entrou porque era o desejo delae logo quis ir para o Afeganistão eu nãopodia impedi-la. Era muita coisa pra minha cabeça.

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora