Capítulo 68

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NATALIE NARRANDO...

Um mês se passou desde a graduação de patentes no exército. Eu voltei a trabalhar, minha irmã se mudou da minha casa, meus pais foram embora. Eu tinha constantes crises de pânico e fazia terapia duas vezes na semana. Eu estava fazendo tudo para ficar bem, e as vezes era insuportável passar o dia tendo crises. Eu tentava não demonstrar que estava mal, mas algumas vezes eu não conseguia. Era dia 20 de junho dia de neuropediatra da Mel. A Pri estava trabalhando então eu a levaria. Ela estava bem, a evolução dela estava ótima em todos os sentidos segundo a médica. Estávamos muito felizes com isso. Eu e a Pri vimos uma escolinha pra ela também, começa no dia 05 de julho. Ela já foi conhecer, viu a salinha, conheceu a professora. Ficou introspectiva, mas não chorou, não ficou com medo nem nada. Ela iria na parte da tarde, de 14 as 17 horas. Só no ano seguinte ela iria de 13 as 17 horas. Ela entraria no kindergarten 2 que era a transição para o preschool... No caminho para casa peguei trânsito, os carros buzinando, a Mel ficou assustada começou a chorar, de repente começou a chover, o choro da Mel aumentou, meu coração estava acelerado, meu celular não parava de tocar, era Priscilla querendo saber da consulta, preocupada. Os sons ficavam mais altos na minha cabeça eu só queria chegar em casa logo.

Eu: CHEGA MELANIE, PARA DE CHORAR... – gritei socando o volante fazendo a Mel ficar em silêncio no susto. Quando olhei para trás, vi que ela havia se engasgado. Ela comia Goldfish, eram mini biscoitinhos muito comuns nos Estados Unidos, as crianças amam esses biscoitinhos, ele tem formato de peixinho. Eu desci do carro o motorista de trás buzinando e abri a porta de trás tirei a Mel a segurei para fazer a manobra de Heimlich com ela. A passageira do carro que não parava de buzinar desceu correndo do carro quando me viu fazendo aquilo, se abaixou enfiando o dedo na boca da Mel.

XX: Não saiu, continua – eu continuei fazendo a manobra até que ela desengasgou. – Pronto está tudo bem pequena.

Eu: Meu Deus...

XX: Acho bom leva-la ao hospital pra ver se está tudo bem.

Eu: Obrigada, muito obrigada. – abracei a Mel que chorava assustada com tudo. – Por favor, pode tirar meu carro, eu não consigo agora. – pedi a ela.

XX: Claro... – ela colocou meu carro no acostamento, eu agradeci e ela novamente entrei no banco de trás com a Mel a acalmei, a coloquei na cadeirinha de novo, liguei para a pediatra dela e fui até lá. Ela a examinou e estava tudo bem. Fomos para casa, a coloquei na cama dela tirando tênis dela e a blusa de frio. Fui para o meu quarto e fechei a porta e chorei muito.

Eu: O que está acontecendo comigo... – falava sozinha... Meu celular tocou era a Pri de novo. Eu respirei fundo e atendi. – Oi Pri? Eu estava dirigindo.

Pri: Está tudo bem?

Eu: Sim, só estou com dor de cabeça.

Pri: Como foi a consulta?

Eu: Muito bem. Ela está muito bem, evoluindo super bem.

Pri: Que ótimo amor, fico feliz em ouvir isso e ela realmente evoluiu bastante. – falou animada.

Eu: Sim, evoluiu. Ela está dormindo agora, está cansada.

Pri: Está tudo bem com você mesmo?

Eu: Sim, é só dor de cabeça. A gente conversa quando você chegar.

Pri: Ok. Hoje eu chego mais cedo.

Eu: Tá bom. Vou fazer um jantarzinho gostoso pra gente.

Pri: Tá bom. Eu te amo.

Eu: Eu te amo. – desliguei. Tomei um banho, me troquei e desci. Sophie quis mamar no peito, na verdade ela fica mais chupetando que mamando. Ela dormiu uma parte da tarde, a Stacye teve que ir embora, ela está tendo problemas familiares e pediu para ir embora. Ela pediu demissão também, vai cumprir um aviso, assim, a Marcelle vai ser babá dela a tarde enquanto a Mel fica na escolinha e cuidar das duas pela manhã e a gente vai mais uma vez aumentar o salário dela. No fim da tarde, eu dei banho nas meninas juntas, as troquei, dei um lanchinho para elas e coloquei um desenho enquanto fazia o jantar. Fiz só um arroz, strogonoff de frango, fritei batatas. A Pri chegou me deu um beijo e foi tomar banho. Coloquei comida para as meninas, ajudei a Sophie comer porque ela fazia muita bagunça. Elas foram para a brinquedoteca brincar um pouco enquanto isso a gente sentou para jantar. Eu não falei nada, comi em silencio enquanto a Pri falava do dia dela, e nem sei exatamente o que ela falou, eu não estava prestando atenção. Terminamos o jantar, fomos colocar as meninas na cama. Eu cuidei da Sophie e a Pri da Mel. Logo fomos para cama também, fizemos nossa higiene e deitamos.

Pri: O que aconteceu hoje? Você está estranha, não estava bem na hora que te liguei o que houve Natalie?

Eu: Eu tive uma crise de pânico no trânsito hoje. A Mel não parava de chorar, o transito estava parado, estava chovendo e eu não conseguia raciocinar, eu estava sufocada e gritei com ela a assustando. Ela engasgou com um biscoitinho goldfish. Eu desci do carro e teve que fazer manobra de heimlich para desengasga-la, a moça do carro de trás me ajudou. Eu a levei na pediatra dela e ela estava bem. Eu tive uma crise de pânico com a minha filha dentro do carro. Foi desesperador, eu achei que fosse morrer.

Pri: Por que você não me atendeu, eu ia até você Natalie. Poderia ter batido o carro, você ficou maluca? – falava assustada.

Eu: Priscilla eu estava presa num engarrafamento. Você não ia poder fazer nada.

Pri: Tudo bem, calma. Você está tremendo.

Eu: Eu me sinto uma inútil. Eu não consigo dirigir sem entrar em pânico, sem todo o barulho a minha volta me afetar. Isso é uma droga. Eu não aguento mais isso Priscilla, eu não consigo fazer o básico sem me afetar dessa forma. Nossa filha estava no carro, poderia ter acontecido algo sério com ela lá. – chorava nervosa.

Pri: Amor, olha pra mim... você está perdendo o controle. Calma... Isso é passageiro, você vai ficar bem, é tudo muito recente. – veio me abraçar.

Eu: NÃO ME ENCOSTA...

Pri:NATALIE... –falou alto e assustada – Sou eu. –eu fui para a cama sem falar nada com ela. Eu não dormi direito, eu estavamagoada comigo mesma por não conseguir resolver todos aqueles sentimentosdentro de mim. Eu estava descontando na minha esposa e isso não era justo. 

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora