Capítulo 7

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Depois de chorar quase 10 minutos abraçada a ela, saímos do meio do aeroporto e fomos almoçar num restaurante e de lá fomos pra casa. Conversamos muito no caminho sobre a vida dela sobre os rumos que a vida dela tomou depois do divorcio quando o filho dela faleceu. Logo chegamos em casa a Mel veio correndo até a porta me receber como ela sempre fazia. – Oi filha... – ela deu um passo pra trás ao ver a Diorio.- Deixa a mamãe te apresentar uma pessoa.... Essa é a Nathalia, amiga da mamãe. Ela tem o nome parecido com o da mamãe. Ela vai ficar um tempo aqui com a gente sabia? O que você acha? Fala oi pra ela. – ela a encarou.

Diorio: Oi Mel tudo bem? Você é muito linda. – sorriu.

Mel: Oi... – passou a mãozinha no rosto dela.

Eu: Ela gosta de sentir o rosto das pessoas – sussurrei.

Diorio: Ah sim...

Mel: Bonita mamãe...

Eu: Ela é bonita né filha?

Mel: É... – sorriu pra ela e saiu andando.

Eu: Conseguimos um progresso e tanto aqui. Normalmente ela não fala e ela manteve contato visual com você por bastante tempo. O que não costuma acontecer – suspirei.

Diorio: Ela é uma miniatura sua... – sorriu – Ela é linda.

Eu: Sim, ela se parece muito comigo. A Sophie também. Vamos subir, vou te levar até o quarto de hospedes – a instalei. Ouvi a Sophie chorar e fui pegá-la. – Oi amor, que carinha amarrotada – a beijei – E esse cabelo pra cima hein? – ela sorriu – Linda da mamãe. Vamos trocar essa fralda? – a troquei e fui até o quarto da Diorio. – Oi titia... Eu sou a Sosô, acabei de acordar olha a minha cara toda amassada.

Diorio: Oh meu Deus que bonequinha – a pegou e a beijou – Dormiu bastante né, ta com a carinha até inchada... Como ela é levinha Nat – a balançou.

Eu: Ela é... Ela é bem pequenininha...

Diorio: Oh meu Deus, suas filhas se parecem demais com você...

Eu: Sim... Mas essa dai, tem o gênio da Pri... dorme como ela também. – suspirei.

Diorio: Você é uma princesinha descabelada... – a beijou e ela riu. – Ai eu sinto falta de ter uma criança em casa.

Eu: Não pensa em ter outro?

Diorio: Sim. Vou ter. Mas vou ser mãe solo. Ano que vem talvez. – ela desfazia as malas e conversava comigo enquanto eu amamentava a Sophie. Logo a deixei descansar e desci, colocando a Sophie no tapete, que logo foi brincar com a Mel. As duas brincavam ultimamente. A Mel era atenciosa com ela, isso mudou também de uns tempos pra cá. Depois do jantar, coloquei as meninas na cama e desci. Abri um vinho e sentei com a Nathy no tapete. – E então... Me conta tudo... Primeiro, porque saiu da Air Force que você lutou tanto pra entrar? Você ama pilotar.

Eu: Eu lutei muito mesmo pra entrar na Army em seguida na Air Force ir para a linha de frente, e amo muito pilotar. A Air Force foi um sonho realizado. Assim como a Pri sonhou muito em ser Ranger e hoje é estrategista da inteligência. Eu e a Priscilla lutamos por isso. Quando ela engravidou do Gabriel decidimos parar com a linha de frente e revezar por um tempo. Não iriamos para a linha de frente juntas, afinal tínhamos um filho. No ultimo confronto que eu servi, fui fazer um resgate e meu helicóptero foi atingido. Eu consegui me ejetar mas eu me machuquei muito, fiquei mal. Sobreviveram 3 contando comigo. Eu matei 9 soldados inimigos pra sair viva, isso ferida por estilhaço de helicóptero de bomba. Eu não queria morrer assim. Eu vi pessoas próximas a mim, morrerem assim. Eu tinha um filho e uma esposa e eu não ia morrer dessa maneira então eu aposentei do exercito fui indenizada e abri a Macy's aqui em Chicago que prosperou muito.

Diorio: Eu vi você na capa da People sobre jovens mulheres de negócios. Foi uma matéria incrível.

Eu: Eu participava de eventos oficiais, de ocorrências na cidade, nada além disso, somente como força especial. Logo eu engravidei da Melanie, em seguida a Priscilla sofreu um aborto aos 4 meses de gestação. Ela foi para o confronto foi ferida e ficou 6 meses em casa. Ela já tinha sofrido um antes do Gabriel. Depois ela voltou eu engravidei da Sosô e algum tempo depois descobrimos a doença do Gabriel então eu me afastei do trabalho, já tinha comprado a franquia da Macy's e a Pri ficou na administração na Army até que nos dedicamos totalmente ao Gabriel a Melanie e a Sophie. Quando o Gabriel se foi alguns dias depois veio o diagnóstico de autismo da Mel. A Pri não soube lidar, mas ela nunca me disse isso. Ela mais uma vez...

Diorio: Fugiu...

Eu: Sim... Ela fugiu. Ela foi convocada, e ela não contestou e nem recusou. Ela não me perguntou nada, não falou comigo, ela apenas foi. A gente discutiu aquela noite. Ela despediu das meninas dormindo. E ela foi. No dia seguinte me mandou uma mensagem dizendo que não conseguia respirar, que precisava ir, e eu briguei com ela, porque não fazia sentido ela não conseguir respirar e pra isso ela se enfiar no meio de uma guerra civil, tendo uma esposa e duas filhas que precisam dela. A gente tinha acabado de perder nosso filho, descobrir que nossa filha precisa ainda mais de nós e a Sophie uma bebezinha e dois meses depois ela foge... Eu não a via chorar, nesses meses desde que o nosso filho se foi, ela vivia em constante estado de alerta e estresse, até ela decidir ir.

Diorio: Você era mãe do Gabriel, mas ele nasceu dela. Olha só... Não quero justificar o que ela fez, só quero que pense um pouco nisso tudo dessa maneira... Eu perdi meu filho com 1 aninho e eu sei o que vocês viveram, porque eu vivi a mesma coisa. Eu perdi um filho pro câncer como vocês. A Melanie e a Sophie são suas filhas, elas saíram de você. Tira o Gabriel e coloca uma delas. – eu segurei o ar. – Você prendeu o ar. É assim que ela se sente, é assim que eu me senti também e eu sei que você sofreu e você ainda sofre com a ausência dele. Mas ela tinha uma ligação visceral com ele e ela não podia fazer nada. Se a Sophie cair aqui agora na sua frente e chorar, você vai poder pegá-la e dar o peito a ela e aninhá-la no colo e ela vai se acalmar, e quando ele adoeceu, ela não pôde fazer isso. Quando vocês ouviram que nada mais poderia ser feito por ele, vocês não puderam pegá-lo no colo e protege-lo de tudo isso como se fosse só um pesadelo. Era real. Foi doloroso pra você, imagina pra ela que gerou, que sentiu cada chute, que enfrentou 16 horas de trabalho de parto? Você sabe como é. Sua dor não é menor que a dela, mas é o elo entre eles. E ela fez o que ela sabe... Ela fugiu...

Eu: E eu Nathy? Como eu fico? A Melanie precisa de nós, a Sophie precisa de nós. Eu não posso sofrer, porque eu tenho uma casa, duas filhas e uma empresa pra cuidar, e ela foge pra um confronto e deixa a mulher e as filhas dela pra trás? Não é justo com ela o que aconteceu, mas eu também faço parte dessa equação. Eu também sinto dor. O Gabriel se foi, mas a Mel e a Sophie estão aqui. Eu estou aqui. Ela não está sozinha a ponto de se refugiar numa guerra e o que ela fez? Foi pra guerra. – já chorava. Eu não conseguia aceitar a partida dela. 

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora