Capítulo 21

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Dei banho nas meninas, dei o jantar a elas, escovei os dentinhos delas e elas foram brincar mais um pouco antes de coloca-las na cama. Tomei banho, desfiz a mala estava dentro do closet quando ouvi a Pri gritar.

Pri: NÃO...NÃO... A GENTE TEM FAMÍLIA... NÃO... – levantei do chão onde estava sentada e ela estava se debatendo.

Eu: Priscilla... Priscilla... Acorda amor... Acorda... – ela acordou assustada e chorando, tremendo muito.

Pri: Os inimigos... Os atiradores...

Eu: Calma, está tudo bem, não tem ninguém aqui, você está em casa está segura, calma amor...

Pri: Meu fuzil onde está?

Eu: Não tem fuzil Priscilla...

Pri: Ele precisa ficar comigo é minha proteção. Não posso ficar sem ele. – ela não estava me ouvindo.

Eu: Não precisa mais de proteção armada Priscilla – ela se levantou. Ela usava bota ortopédica. – Onde vai? O que vai fazer Pri? – eu levantei e quando entrei no closet levei o maior choque da minha vida... Ela apontou a arma pra mim. Ela abriu o cofre dela pegou o revolver dela e o apontou pra mim quando apareci na porta do closet, ele estava no meio da minha testa a menos de cinco centímetros de mim. A Diorio apareceu na hora...

Diorio: Priscilla... – ela não respondia – Priscilla.

Eu: Nathalia... – falei entredentes.

Diorio: Dá comandos a ela Natalie. Como no exército... Ela não está raciocinando. É TEPT. Dá comandos antes que ela atire em você e nem se dê conta disso...

Eu: Primeiro tenente Pugliese... – ela me olhou nos olhos – Primeiro tenente abaixe essa arma... agora... – falava com rigidez e controlando o choro. Quando ela abaixava a mão, eu a desarmei coloquei no cofre novamente e fechei. A Nathalia a levou para a cama pegou o vidro de remédio para dormir e deu dois a ela junto com a água que estava do lado. Ela deitou, sem falar nada e dormiu minutos depois. Eu fiquei imóvel sentada no chão no corredor de frente pra porta do nosso quarto. Ela saiu e fechou a porta. – O que foi isso Nathy? – solucei e ela me abraçou.

Diorio: Calma, já passou... Ela vai dormir até amanhã. Antes de levantar, ela estava dormindo?

Eu: Sim, ela estava tendo pesadelo, eu estava no closet eu fui até ela e a acordei. Ela saiu da cama e entrou no closet quando fui entrar, ela já apontou a arma na minha testa foi quando você entrou. – tremia.

Diorio: Era TEPT. Ela não estava consciente. Ela alternou o sonho com a realidade, a respiração ofegante, o suor, o tremor nas mãos e as pupilas fixas e dilatadas, provavelmente ela nem vendo você estava.

Eu: Me ensina?

Diorio: O que?

Eu: A lidar com isso. Eu não sei o que fazer Nathalia, se você não tivesse chegado ela teria atirado em mim. Isso pode acontecer com as nossas filhas, com a Anna ou a Nancy – falei nervosa.

Diorio: Ok, primeiro vou fazer um chá pra você depois vamos conversar. – conversamos longamente tomando o chá para me acalmar. Eu estava muito assustada. Logo ela vai embora, eu vou ficar sozinha com a Pri e as meninas. – Quando ela estiver em crise, você vai falar com ela como um soldado. Não importa que ela seja agora capitã reformada, ela não tem consciência disso em estado de surto, caso não conseguir conversar como esposa, porque ela pode não estar ouvindo o que você está dizendo pelo trauma. Dê comandos firmes a ela para chamar a atenção dela. Se ela estiver com alguma coisa perigosa na mão, tente afastar com segurança. Sei que as duas tem armas, ela vai notar se a arma dela não tiver no cofre dela, então tire o cartucho esconda entre as coisas do cofre. Como ela pega a arma no instantâneo, ela não vai procurar pelas balas. Vai notar tremores, suor talvez, as pupilas dela dilatadas e o olhar fixo. Normalmente essas crises no caso dela que foi atingida num local de confronto pode acontecer quando ela tiver pesadelos com o que ela viveu, ou com os confrontos em que esteve, pode acontecer se ela ouvir algum som parecido com disparos, tudo isso vira gatilho. Mantenha a calma, até mesmo para não assustar as meninas se elas estiverem por perto. A terapia é muito importante.

Eu: Vai ser sempre assim?

Diorio: Varia de pessoa para pessoa. Vai existir por um tempo, mas vai diminuir com o tempo até não sentir mais nada apenas uma ansiedade com alguma situação. Uma ansiedade talvez bem excessiva. E uma coisa que pode acontecer também, ela ficar assim por causa do Gabriel. Ela não viveu o luto dela por ele. Ela fugiu desse luto por seis meses. Então ele pode vir com tudo agora.

Eu: Tudo isso parece um pesadelo. – solucei e ela me abraçou.

Diorio: Eu sei... Mas é uma tempestade que vai passar amiga, você vai ver... Eu sei que é difícil agora, esse momento é muito turbulento, mas acredita que isso vai passar. Ela está viva, ela não perdeu nenhum membro graças a Deus. Vocês são uma família de novo. Ela precisa de ajuda.

Eu: Você tá indo embora em uma semana Nathalia e quem vai me ajudar? Eu não vou conseguir passar por isso.

Diorio: Vai sim. Você vai conseguir passar por isso sim... Eu sei que estou indo. Eu não comentei nada antes porque não era certo, mas consegui trazer meu consultório pra Chicago. Vou estar pertinho de você, da Pri e das meninas. – sorriu.

Eu: Jura? – sorri.

Diorio: Juro. Eu não ia conseguir ir embora e deixar vocês assim. Nunca me imaginei morando em Chicago mas tenho duas filhas do coração agora né, a mama Di tem que ficar por perto.

Eu:É... Eu também concordo – sorri e aabracei. Seria ótimo tê-la por perto.

NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora