NATIESE EM: NO AMOR E NA GUERRA

Capítulo 62

Eu sai andando indo para o meu quarto enquanto ouvia minha mãe e a Anna contarem tudo pra Priscilla. Logo ela veio.

Pri: Eu sai para trabalhar e chego em casa e você está gritando, e escuto que você deu banho na Sophie, desceu as escadas com ela, e desmaiou e ainda queria sair com o carro. Qual é o seu problema? Está ficando maluca Natalie? - falou nervosa. 

Eu: Estou Priscilla, você me trata como uma maluca, todo mundo me trata como uma doente nessa casa, como se eu fosse me quebrar. Mas eu não vou. Eu cai da merda de um helicóptero duas vezes e estou aqui. Viva. Eu tive todos os meus órgãos dentro do tórax e eu estou aqui. Preparada para chegar na porcaria daquela homenagem virar capitã ouvir como a minha bravura é admirada, ser aplaudida e fazer um discurso imbecil de agradecimento pra daqui um ou dois anos, uma nova crise acontecer e eu ser convocada de novo. Eu já liguei confirmei toda a festa. Eu só dei um banho na minha filha, eu não sou uma imprestável. – falava com raiva.

Pri: Não, você não é uma imprestável Natalie, mas você não deixa ninguém chegar perto de você. Você está intratável. Você passa a maior parte do tempo gritando, chorando, ou pedindo para ficar sozinha. A sua terapeuta me ligou querendo saber se você marcou com outro terapeuta porque você não fez nenhuma das sessões com ela. Ela se dispôs a fazer a terapia online ou até mesmo vir aqui e você simplesmente não quis...

Eu: Eu não preciso... – ela me cortou.

Pri: PRECISA SIM NATALIE. ISSO É TEPT, QUER MESMO ME ENSINAR SOBRE ISSO? – gritou.

Eu: NÃO GRITA COMIGO.

Pri: EU VOU GRITAR SIM, PORQUE VOCÊ NÃO ESCUTA NINGUÉM...

Mel: MOOMMYYY...(MAAMMÃEEE) – gritou - You are screaming.(Você está gritando) – eu me sentei na cama e a Priscilla ficou estática. - Screams are bad. (Gritos são ruins)– coçou os olhos. Eu não conseguia respirar. A Mel quase não falava. Ela era muito monossilábica. Ela falava dos desenhos dela, os abraços aconteciam, os sorrisos também. Isso era um enorme progresso. E desde que fomos convocadas, ela tem falado mais coisas, frases inteiras, expressado sentimentos, coisas que ela não fazia antes. Eu senti como se um soco tivesse sido dado no meio da minha cara. Tudo ficou em câmera lenta. Nossa filha presenciando uma briga nossa e por minha causa. Isso nunca aconteceu e eu nunca quis que isso acontecesse.

Marcelle: Melanie... Que susto, eu fui pegar seu papazinho e você tinha sumido. – a pegou no colo e saiu com ela. Ela não viu e nem ouviu o que tinha acontecido ali, ou pelo menos achava que não. Priscilla me encarou com os olhos cheios de lágrimas.

Pri: Não é justo que a nossa filha fale conosco, somente porque estamos gritando feito duas malucas que não sabem conversar – falou trincando os dentes. - Você viu o que acabou de acontecer aqui? Ninguém está bem, você não deixa ninguém te ajudar, você não se ajuda, você grita sempre que pode, você passou mal hoje e sequer ficou nessa cama para se recuperar um pouco. Em três dias é o aniversário da nossa filha, e eu quero muito que ela tenha um dia lindo e feliz, que ano passado demorou meses para acontecer e nós duas, não vamos estragar isso. Então recomponha-se Natalie Kate Smith Pugliese e seja mãe da sua filha. Pare de se refugiar nos destroços do helicóptero. Você está viva. Você sobreviveu a tudo isso e está aqui então esteja aqui de verdade... – saiu do quarto batendo a porta com força. Eu me deitei na cama chorando muito, eu estava destruindo a minha família aos poucos. Eu tranquei a porta do quarto peguei meu celular e mandei uma mensagem para a terapeuta, ela disse que poderia me atender aquela hora então eu peguei meu notebook e coloquei na cama fazendo a chamada de vídeo com ela.

Jannett: Oi Natalie como tem se sentido?

Eu: Nada bem Jannett.

Jannett: Então vamos colocar isso pra fora e buscar meios de resolver? O que tem sentido?

Eu: Que eu estou destruindo minha família aos poucos. Ou o que sobrou dela.