Eliza Travers e Thomas Stuart se odeiam.
Eliza é uma garota exemplar, dona de notas excelentes e passa longe de qualquer clichê de nerd recatada, tem uma vida social admirável, e tudo seria tranquilo e até mesmo perfeito em sua...
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REVER um rosto familiar que passou os últimos dias atrás das grades, é no mínimo, uma experiência inusitada.
O sorriso galanteador e que transparecia confiança, desapareceu como o sol com a chegada do crepúsculo, o olhar vivaz agora está com olheiras ao seu redor e suas íris são deprimentes como um dia sem sol ou chuva.
- Não esperava você por aqui.
A voz dele, é áspera mas também cheia de desânimo.
- Também não esperava que um dia você estaria aqui. - falei constrangido pelas minhas palavras.
Uma mentira.
Eu esperava, óbvio que sim, o caminho que ele escolheu era uma estrada de mão única que só oferecia finais decadentes, e Brad Mason tinha esse talento, uma infeliz habilidade de ter o mundo nas mãos mas sempre optar pelo final trágico.
Um amante das tragédias gregas, não importa quão bela fosse a história, o pior final era sua escolha.
E aqui estava ele.
- Acho que está mentindo. - ele supôs, e com franqueza admito que ele me conhece o suficiente para saber quando de fato, estou mentindo.
Não respondi, não era necessário mais mentiras quando a verdade era como uma sombra.
- Recebe muitas visitas? - perguntei, esperando que a resposta fosse positiva e que alguém tivesse o cuidado de trazer esperanças para Brad, que alguém não tivesse desistido dele por completo.
Ele nega com a cabeça, e tenho a impressão que o vidro que nos separa nesse momento sempre esteve entre nós.
Bons amigos, que se tornaram algo mais e depois se tornaram incapazes de se comunicarem, me questiono quando eu e Brad ficamos distantes, quando confiar dele deixou de ser uma escolha e passou a ser algo no mínimo irônico, olhando para trás, tenho a impressão que Brad sempre escondeu algo, ou que eu nunca quis enxergar as verdades que ele trazia.
- Evian veio um vez, saiu como um cachorro que foi abandonado - Brad comenta olhando para o chão e brincando com o tecido da sua veste laranja, que em nada combina com a cor de sua pele bronzeada - nem minha mãe ficou tão decepcionada quando soube onde eu estava.
Pensei que poderia me irritar ao saber que Evian ainda se preocupava com ele, falava com ele, mas sendo sincero, isso me causa alívio, de alguma maneira a amizade que fizemos florescer por anos não morreu de uma forma tão rápida, ela ainda resiste, deixando pequenas marcas, mesmo sabendo que um dia será somente uma lembrança.
- Ele te admirava. - contei com melancolia.
A frase saiu como uma verdade que seria muito mais bonita, se por acaso, fosse uma mentira.
- Erro dele - Brad ponderou - nunca quis ser exemplo para ninguém, nunca fui, as vezes penso que vocês esperavam muito de mim.
Brad falava com desdém, por poucos segundos tenho vontade de socar a cara dele, por ele ser tão estúpido e arrogante, que as mesmas características que um dia me fizeram ter estima por ele, hoje me causam repulsa, mas após a breve irritação, tudo que me resta é pena, pena por quem ele se tornou, pelo caminho que escolheu, e pelo futuro que o aguarda, e que com pesar mas também certeza, sei que não farei parte.
