Q U A R E N T A D O I S

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ME permiti ficar em silêncio e aproveitar a solidão que aquele lugar mórbido me proporcionava, observei Katelyn desaparecer saindo pelos portões, as palavras dela ainda ecoavam em minha mente

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ME permiti ficar em silêncio e aproveitar a solidão que aquele lugar mórbido me proporcionava, observei Katelyn desaparecer saindo pelos portões, as palavras dela ainda ecoavam em minha mente.

Ela não estava errada, Henry merecia sofrer pelo inferno que causou a mãe dela, mas eu não seria tola a ponto de colocar o meu futuro e o de Edu em risco, éramos dependentes daquele homem, e aquilo já era castigo suficiente, Edu não precisava de mais um problema em sua vida.

Eu não precisava.

Talvez minha irmã estivesse certa, eu era como ele.

Não estava disposta a fazer tudo que fosse necessário para fazer o certo, mas em situações como essa, o que é o certo ?

Qual era o sentindo de fazer Henry pagar pelos seus erros, se pessoas inocentes pagariam junto com ele, quem cuidaria de nós ? nós sustentaria, pagaria e daria a vida que meu irmão necessitava ?

Eu podia estar sendo egoísta, mas não completamente.

- Eliza ? - a voz dele me tira daqueles pensamentos confusos.

Eu nunca fui de acreditar em destino ou sorte, mas não consigo pensar em como estarmos alí era um coincidência improvável.

- O que está fazendo aqui ? - Thomas pergunta se aproximando.

O cemitério é como um grande jardim, só que em vez de flores, túmulos preenchem sua grama verde que apesar de em suas entranhas carregar consigo a morte, consegue na superfície ter um bela aparência, talvez todos sejamos assim.

Nós esforçamos para mostrar ao mundo o quão perfeitos conseguimos ser, mesmo que em nosso interior sejamos podres.

Henry podia não estar certo quando disse que a verdade não importa, apenas o que os outros acreditam, mas também não estava errado, o mundo parecia funcionar daquela forma.

E em um lugar aonde mentiras valem mais que verdades, não se vive, apenas sobrevive.

- O mesmo que você - digo levando meu olhar para as flores que agora enfeitam um túmulo, me lembro da última vez que estive exatamente no mesmo lugar que aquelas flores - você as trouxe para a...

- Sim - Thomas responde levemente ansioso - para a June, você também veio visitá-la ?

- Não - falo insegura - no meu caso é alguém da família.

É estranho considerar alguém que jamais terei a oportunidade de conhecer como família.

- Eu...sinto muito - Thomas diz pensativo, assim como eu, ele parece não saber como agir.

As memórias da noite anterior rondam minha mente novamente, apesar de senti-lo distante e dentro da minha cabeça haver milhões de assuntos mais relevantes, me pego relembrando da sensação de nossas peles juntas e sinto saudade, como se sente de um velho amigo que repentinamente virou um estranho.

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