RIVAIS

S E T E N T A C I N C O

QUEM disse que a verdade dói, certamente foi vítima de um coração partido.

A escuridão foi minha companhia na noite que se alongou como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar, a perplexidade se enfiou nas minhas veias e ali permaneceu, pelas horas que se enrolaram, eu continue imóvel até a presença da lua ser substituída pelos raios do sol.

Minha vida nas últimas semanas tinha passado por diversas reviravoltas, por situações inimagináveis e perversas, mas certamente, essas últimas horas foram as piores pois me apresentaram a sensação de ter seu coração tão destroçado que até respirar parecia difícil.

Só retornei para o interior da casa, quando tive certeza que toda a água do meu corpo tinha se transformado em lágrimas escorrendo pela minha bochecha, e quanto mais eu demorasse, mais complicado seria explicar o motivo para ter ficado no telhado por toda uma noite.

Uma noite que meu coração jamais esqueceria, para minha completa e angustiante infelicidade.

A chegada do amanhecer foi desanimador, a escuridão de outrora parecia ser uma companheira muito mais compreensiva, seu silêncio permitia que minha mente ficasse sozinha em seu desespero.

Durante o café da manhã, Katelyn me lançou olhares suspeitos e Edu até tentou levantar meu ânimo, mas tudo que receberam foi meu evidente descontentamento com a vida.

- Não vai comer nada? - Eda me pergunta com sua voz mansa.

- Estou sem fome.

Minha resposta é o suficiente para não receber mais nenhuma pergunta, as únicas que conversam são Eda e Katelyn, enquanto Edu se concentra em seu caderno de desenhos, e mais uma vez, Henry não está entre nós, é isso é tranquilizador.

- Acho que sua amiga acabou de chegar. - Katelyn avisa, seu olhar preso na janela - e com um carro novo, e muito bonito.

Meu olhar segue o dela, e lá está Bess.

E em poucos segundos estou dentro do carro dela.

- Carro maneiro. - elogiei um pouco desatenta.