ALGUNS dizem que amizades é um dos tipos mais raros de amor que existe.E eu sou uma dessas pessoas, não queria ser tão pessimista quanto a isso, mas é uma verdade inegável.
Já fui a pessoa que não podia dar três passos na rua sem encontrar algum "amigo", aquela que não tinha que esperar mais de um minuto para ter várias curtidas em sua foto, e que nunca ia desacompanhada para uma festa.
Até o momento em que me senti um peixe retirado do seu habitat natural para servi de atração, tipo as orcas do SeaWorld, arrancadas de suas mães e aprisionadas em um aquário onde sua nova realidade a força a aprender à como ser um atrativo que gere lucro, fazendo malabarismos que custam sua saúde, e quando ela reage de acordo aos tratamentos que recebe.
Ela ganha dois nomes, baleia assassina.
Porém nenhum deles pertence a ela.
No meu caso, o internato era o SeaWorld, eu a orca e minha mãe a pessoa que necessita que eu urgentemente dance conforme a música que ela toca, faça as piruetas nos momentos certos e agrade o público, preciso demonstrar que sou uma menina decente, seja lá o que essa palavra realmente signifique e prove que ela é competente o bastante para ser prefeita desta cidade, em nossa sociedade a aprovação de uma mulher está diretamente ligada ao quão boa como mãe ela consegue ser.
Eu não a culpo, sei a que pressão que ela sofre é bem superior a minha.
E sem dúvidas ela é uma boa mãe, mas eu não sou boa o suficiente como filha para alguém como ela, talvez nunca seja.
É tão cansativo viver sob a expectativa constante, e sentir que todo dia você fracassa, dia após dia.
Eu nunca atendi as expectativas de Mary Deguise, sei disso como sei que o sol é quente e o gelo é frio, uma verdade universal, mas quando retornei para Red City me deparei com um questionamento que me perturba com uma constância assustadora, e se eu fracasse com todos que amo ? e isso me fizesse perdê-los.
Esse questionamento existe em mim desde o momento em que retornei, quando vi que a única amizade verdadeira que eu tive em minha vida, já não estava mais nela.
Foi estranho ser recebida em casa com uma festa aonde várias pessoas que ali estavam nunca me visitaram no internato, é trágico que enquanto algumas pessoas tem esperam por mais de um ano, outras te esquecem em um final de semana, quase todos que haviam comparecido eram movidos pela curiosidade, de me ver derrotada ou revigorada, queriam saber como a garota problema tinha lidado com o exílio, a resposta eu ainda não sabia com certeza, mas naquela festa eu não demonstraria nenhum sinal de infelicidade, queria mostrar que nada daquilo tinha me abatido, mas sendo sincera, voltar para Red City foi como abrir velhas feridas, ter saído desta cidade me mostrou as pessoas que eu realmente devo amar e valorizar, que toda aquela grande quantidade de amizades que eu pensei que possuía, era uma farsa, foi doloroso aceitar a realidade que eu era esquecível, foi como cair de um pedestal.
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RIVAIS
Teen FictionEliza Travers e Thomas Stuart se odeiam. Eliza é uma garota exemplar, dona de notas excelentes e passa longe de qualquer clichê de nerd recatada, tem uma vida social admirável, e tudo seria tranquilo e até mesmo perfeito em sua...