ACHO que eu já sabia para onde iríamos antes mesmo de chegarmos.
A casa fora da cidade, o local do primeiro beijo e outros momentos sentimentais que prefiro esquecer nesses instantes, para que a dor da culpa não me consuma.
Como pude arruinar isso? questiono a mim mesma sem obter resposta, como?
- Heavelyn não está mais morando aqui, nada como da última vez...vai se repetir. - Thomas explica descendo da moto.
Me pergunto se as memórias também o invadem, e se ele luta contra elas ou permite que fiquem.
- Thomas...
- Vamos entrar - ele disse pegando chaves no bolso de sua jaqueta - acho que tem algo para comer.
Começo a seguir os passos dele mas parei de repente.
- Thomas, temos que conversar.
- Eu sei. - ele falou ainda andando.
- Agora.
Então para, hesitante e se vira lentamente, o cabelo caindo pelo rosto de expressão inflexível.
Sério e atento.
- Conversamos depois que eu olhar seu ferimento, está bem? - a pergunta é gentil.
Seu olhar severo fixo em mim, especialmente no lado do meu rosto ferido.
- Não, nada está bem. - comentei me aproximando.
O vento balançando as árvores da mesma maneira que movimentava os cachos deles, a beleza dele se multiplicava a cada segundo que se olhava.
Um único olhar fazia magia parecer possível, mas bastava uma lembrança para que o encanto se desfizesse.
- Você não está bem, principalmente. - a sinceridade na voz dele dói mais que o próprio ferimento ainda latejante.
Suspiro, sentido o ar puro invadir meu corpo e apreciando aquele breve momento.
- Sinto muito que tenha descoberto tudo da pior maneira.
Sou simples e direta, as palavras voam e pousam rapidamente, a reação de Thomas é fria e seu olhar calmo.
- Sei que sente. - a voz dele me mantém mais viva do que o oxigênio que entra em meus pulmões - sei que não está mentindo, não agora, mas...quando pretendia me dizer a verdade?
As palavras, sílabas, consoantes e vogais desaparecem por um momento.
Nenhuma resposta seria digna para ele, a minha verdade é sempre podre e defeituosa, e já o machuquei tanto que tenho medo de que esse se torne o único sentimento que eu cause nele.
- A aposta já tinha acabado há algum tempo - falei cautelosa, desviando meu olhar do dele - eu só queria esquecê-la, fingir que nunca aconteceu e seguir em frente, com você, se fosse possível.
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RIVAIS
Teen FictionEliza Travers e Thomas Stuart se odeiam. Eliza é uma garota exemplar, dona de notas excelentes e passa longe de qualquer clichê de nerd recatada, tem uma vida social admirável, e tudo seria tranquilo e até mesmo perfeito em sua...