Eliza Travers e Thomas Stuart se odeiam.
Eliza é uma garota exemplar, dona de notas excelentes e passa longe de qualquer clichê de nerd recatada, tem uma vida social admirável, e tudo seria tranquilo e até mesmo perfeito em sua...
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- ELA era tão talentosa que poderia até mesmo ser profissional.- comentei analisando o caderno de desenho da mãe de Edu, depois de algum tempo escolhemos juntos um desenho dela no qual havia uma garota encarando a si própria no espelho, seu reflexo estava colorido enquanto a garota real ainda não havia sido pintada.
- Acha que ela era feliz ? - ele perguntou apoiando sua cabeça no meu ombro para que ele pudesse observa melhor o desenho e refaze-lo, seu olhar era despretensioso mas gentil.
- Eu não sei, mal sabia que ela desenhava.
- Ela também patinava e chegou a ganhar algumas competições, Eda me mostrou fotos aonde ela sorria mesmo depois de ter perdido uma competição, outra em que ela estava grávida. - ele parou de desenhar por alguns segundos, seu olhar vagou em direção a janela aberta aonde o sol fraco da manhã adentra o quarto dele. - mas ela não sorria nessa foto.
- Você está bem curioso sobre a sua mãe, e sobre a foto grávida, cara ela tem um ser dentro dela se remexendo, atrapalhando o sono dela e fazendo ela ir ao banheiro de cinco em cinco minutos, como ela vai sorrir na foto ? sendo realista eu seria capaz de matar alguém durante uma gravidez. - eu digo e ele solta uma risada fraca.
A mãe de Edu sempre foi uma imagem borrada em minhas lembranças, lembro dela nesta casa mas não me recordo de sua aparência com clareza, sei que era muito jovem e que todos a elogiavam e as poucas vezes que ela é lembrada nesta cidade, palavras carinhosas a descrevem. A mãe de meu irmão morreu logo depois de colocar mais uma vida no mundo já a minha mãe morreu enquanto fugia com um amante.
- Devemos pintar a garota verdadeira ou manter apenas o reflexo dela colorido ? - Edu questionou desenhando com dificuldades, os desenhos dele não eram perfeitos e suas linhas eram tortas, sua doença causava dor nas articulações algumas vezes quando ele desenhava, mas Edu sempre diz que ama desenhar, e que a satisfação que ele sentia ao fazer o que ama era maior que a dor, Katelyn estava certa, ele era forte.
- Gosto que apenas o reflexo esteja colorido, prefiro manter igual ao original.- opinei.
- Tudo bem. - ele concordou.
Passei alguns minutos observando Edu desenhar, mesmo concentrado ele ainda conseguia ficar calmo, o desenho estava perto de ficar pronto quando afaguei seus cachos loiros gentilmente e me retirei da cama ao ouvir o som de Harley. Fui em direção a janela e lá estava Thomas, com a mesma roupa de ontem a noite mas agora ela estava completamente amassada. Depois de ontem só havia curiosidades em minhas veias, as perguntas que eu almejava por respostas eram diversas. Como se pudesse ler a minha mente, o olhar cinza daquele garoto se direcionou até aonde eu estava, assim como eu, ele sabia que nossa conversa estava longe do fim.
Thomas apenas balançou a cabeça na direção do telhado, confirmei escondendo minha ansiedade.
- Edu, se importa de eu dar uma saída ? - perguntei me distanciando da janela, ele apenas assentiu concentrado e duvido que ele sequer tenha ouvido a minha pergunta.
