° MÉTODOS INVASIVOS °

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Lívia

Sinto meu corpo chacoalhar e por mais que me esforce, não consigo sair desse torpor.
Certo.
Pelo modo que meu corpo balança, estou no ombro de alguém.
Ouço vozes e então, sou posta em algo macio.
Forço meus olhos a se abrirem e minha primeira visão é de um par de olhos de iris roxas me olhando.

Minha visão se ajusta e posso ver melhor agora.
Sim, há um homem sentado numa espécie de trono e seu semblante é extremamente rígido.
Seus olhos são realmente roxos ou lilases, talvez, violetas? Sei lá, só sei que são lindos.
Aliás, o homem é lindo.
Há, espera um pouco...aqui não é a terra e acabei de ser vendida num leilão do espaço.
Tento me mover e olhar em volta, mas tudo que consigo é virar a cabeça pro lado.

Estou no chão sobre um grosso tapete branco e felpudo e com travesseiros à minha volta.
Logo a frente, vejo Maressa encostada no brutamontes de olhos alaranjados.
Ela parece calma, apesar da situação.
Avalio o ambiente e estamos num amplo salão.
Tem alguns aliens em postura militar na entrada de uma grande porta.
Devem ser os guardas.

De repente, as vozes se tornam claras em minha mente.
Volto a encarar o alien de olhos violetas.

— Está me dizendo que essa é uma preciosa?

— Sim, majestade! Soube que o senhor tinha curiosidade sobre as preciosas dessa espécime, após nosso vizinho tomar uma delas por sua companheira.

Realmente fiquei curioso, eu detinha poder sobre muitos escravos dessa espécie, mas nunca houvera nenhuma preciosa entre eles, até porque fêmeas humanas imunes aos nossos poderes, era uma em milhões.
E quais eram as chances de duas em uma distância tão curta em anos luz?

— E o que o faz pensar que ela é uma preciosa?

— Ela é imune aos meus poderes e imagino que ao de todos nós. – ele explica — Além do mais, ela é uma guerreira e excelente para procriação, ao menos foi o que o negociante atestou.

— Hum, é o que verei! E quanto a que tens ao seu lado?

— É uma comum e a reterei para mim. Farei algumas experiências com ela.

— General Khalil, essa espécie tem estrutura frágil em relação a nossa, provavelmente seu corpo não aguentará carregar um ser com nossa genética...

— N-Não...– balbucio.

Que porra eles estão dizendo?!
Vão nos estuprar e nos fazer de chocadeira?
Forço meu tronco para cima, mas meus braços falham miseravelmente.
Olhando de relance, vejo que o alien sentado na cadeira trono está com uma espécie de espada.
Talvez seja minha chance.
Só não entendo porque me sinto tão inútil.
Devo ter sido dopada.

Puxo ar com força para meus pulmões e uma força me invade, forço meu corpo pra cima tão rápido que o alien rei ou sei lá o quê, não tem tempo de reagir.
Puxo sua espada e me viro na direção do tal Khalil.
Esse brutamontes me paga.
Corro para ele, mas não o alcanço.
Um braço forte me enlaça pela cintura tirando meus pés do chão.
O aperto forte me faz arfar.
A arma é puxada da minha mão rapidamente.

Olho para cima e um par de olhos violetas e irados pairam sobre mim.
Khalil mantém um meio sorriso no rosto, sorriso que eu quero arrancar na porrada.
Mas agora tenho que lidar com o brutamontes que me mantém sob seu agarre.
Tento balançar meu corpo e quem sabe me soltar, mas tudo que consigo é ser ainda mais apertada.
Desgraçado!
Se continuar me apertando assim vai quebrar minhas costelas.

Com um impulso forte, jogo a perna para cima na intenção de acertá-lo, mas ele se defende com o braço livre.
E sim, sou extremamente elástica.
Meu professor de artes marciais costumava brincar comigo dizendo que eu devia ser bailarina ou contorcionista de circo.
Voltando...
O canalha afrouxa o aperto sobre mim só para me virar de frente.
Idiota!
Isso é tudo que eu precisava.
Subo com o joelho entre suas pernas, mas ele consegue se desviar do golpe.

Agora ele me agarra unindo meus braços ao corpo e me ergue até estar cara a cara com ele.
Merda, ele é muito grande. Deve ter mais de dois metros.
Cadê os aliens nanicos quando se precisa deles?

— Fique calma!– ele me diz.

— Eu estou calma! – grito na cara dele e sem que ele espere, atinjo seu rosto com minha cabeça que agora lateja muito devido ao impacto. Que alien de cabeça dura.

Instantaneamente vou ao chão de bunda.
Caí de mal jeito e agora só me resta aguentar a dor.
Quando dou por mim, sou erguida abruptamente por dois pares de mãos e meus braços são torcidos dolorosamente nas costas.
Tem um brutamontes de cada lado me segurando.
O tal Khalil se aproxima com sua espada e pressiona no meu pescoço.

— Fêmea estúpida, acaba de assinar sua sentença de morte!

— Pare, general... – ouço uma voz de trovão que seria suficiente para arrancar calcinhas na Terra, exceto a minha.

Olho para o homem-alien que atingi à pouco, e ele está limpando o nariz com um lenço; um fluido viscoso e azulado sai dele.
Deve ser a cor de seu sangue.
Sorrio largamente ao ver isso.

— Qual é? Vamos continuar brincando bonitão?!– desafio ignorando seu olhar mortal sobre mim.

— O que faço com a fêmea?

— Vai depender dela!– ele diz se aproximando de mim — E então querida, vai me deixar invadir sua mente sem dor?

— Nunca! Prefiro a dor, ao menos saberei que estou viva...

— Leve-a ao laboratório, general! Vou entrar na mente dela de qualquer jeito. Que ela tenha dor, conforme desejou. – ele diz com um sorriso sombrio.

— Você não perde por esperar, cretino!- ameaço e quando passo por Khalil grito descontrolada – E quanto a você idiota, mantenha suas mãos longe dela ou vou te capar infeliz...

Ah, pronto! Agora sou arrastada sei lá pra onde, não que eu facilite.
Posso até ir, mas é esperneando e se me derem brecha, ainda chuto alguns traseiros.
Um arrepio percorre meu corpo quando entro numa sala fria e me jogam sobre uma mesa e rasgam minha roupa me deixando totalmente pelada.
Meus braços e pernas são atados à mesa por mais homens que se aproximam de mim.
Luto com todas as minhas forças.
Inferno!
Vão fazer uma orgia comigo?
Desespero me invade.
Mas, então, me dou conta de que não se importam com minha nudez.
Estão apenas distribuindo elétrodos ou algo parecido por diversas partes do meu corpo.

— Vamos começar!

Ouço uma voz gélida dizer.
No mesmo instante sinto uma onda de choque me atingir, o que me faz gritar à plenos pulmões e perder o fôlego.
Merda!
Esses canalhas estão me torturando.
Minha mente tenta formar uma linha de raciocínio, mas tudo fica nublado, quando uma segunda onda me atinge.
Fecho as mãos em punhos tentando aguentar a dor.
Nada me preparou pra isso.
Droga, vou morrer aqui e nunca mais verei meu pai.

Outro Mundo: Contos AlienígenasOnde histórias criam vida. Descubra agora