Outro Mundo: Contos Alienígenas

° ESTAMOS EM PERIGO °

Maressa

Querem saber o que aconteceu naquela noite?
Pois bem! Para sua decepção e, talvez, minha, não rolou sacanagem. Virgem estou, nem mesmo um dedinho entrou.
Mas se teve castigo? Teve sim! E por muitos dias seguidos, só que diferente do que vocês estão imaginando.
Lembram que me fingi de morta, depois de ter dado um amasso no alien dormindo, né? Então... fiquei observando...
Aparentemente ele brochou quando se deu conta de que fiz xixi em seus sapatos.
Pude ver a fúria em seus olhos, o que fez com que eu me encolhesse ainda mais em minha caminha.

Claro, ele não me agrediu nem nada e até acreditou que eu estivesse dormindo. Vi ele tirar os sapatos do quarto e voltar e se deitar como se nada tivesse acontecido. Até achei que escaparia ilesa. Ledo engano.
Na manhã seguinte, assim que acordei, ele me pegou e levou pro banheiro.
Achei que me daria um banho, afinal era o que sempre fazia pela manhã.
Mas não, ele me pôs no sanitário e mandou que eu fizesse minhas necessidades.

— Não, não! – neguei.

— Bichinho, tu fizeste sua necessidade em meus sapatos e vou te instruir a usar o local adequado!

Hum, se eu soubesse que receberia esse tipo de castigo tinha feito muito pior.

— Não, por favor! Eu só estava com medo de vim pro banheiro sozinha...– menti. — Prometo não fazer mais...

— Faça!

— Eu não estou com vontade! – digo cruzando os braços sobre o peito e fazendo bico.

— Então, passaremos o dia aqui! – ele avisa. — E eu estava pensando em levá-la para passear, está um dia lindo lá fora.– ele fala calmamente e se senta no chão do banheiro.

Que humilhante, meu Deus!

E é isso. Não consegui me livrar desse castigo. Todos os dias ele me levava no banheiro e ficava lá parado igual uma coluna.
Gente, é desesperador fazer as necessidades com alguém te olhando. Será se esse alien idiota não tinha o que fazer, além de me aporrinhar?
Eu não era uma criança ou um bicho de estimação! Se antes tive vontade de gozar com ele dentro de mim, agora eu estava com ódio desse imbecil.
E sim, ainda quero gozar. Não sou de ferro afinal.
Ah, que maravilha seria se tivesse repolho e ovos por aqui! Queria ver ele aguentar ficar no banheiro.
Dou uma gargalhada só de pensar nisso.

Pelo menos, depois de alguns dias ele esqueceu essa ideia absurda e me deixou em paz pra fazer minhas coisas sozinha. Exceto, o banho; não vou ser hipócrita, gosto dessa parte.
E tem os passeios matinais que aprecio muito. Já que não tem nenhuma sacanagem, melhor me conformar com o que tenho disponível.
Quem sabe eu arranje uma forma de fugir daqui, não é?
Meio contraditório, certo? Talvez! Quero dá pro alien gostosão? Sim! Mas sou obrigada a morar com ele? Não!
Não que eu não queira, mas sei lá...sinto falta da minha antiga vida, das minhas amigas.

Aí vocês me perguntam: Ué, se estava com vontade de dá pro alien gostosão, por que fez cool doce e foi se esconder?
Gente quando vi o tamanho e a grossura, deu medo da pepekinha não aguentar o tranco e ser arrombada, ainda mais que o carinha é virgem como eu, assim suponho. Ele não deve nem saber fazer o "negócio" direito.
Mas calma que tenho alma de brasileiro e não desisto nunca.

Hoje o passeio era próximo ao oceano. Aproveitei para me afastar um pouco do "meu dono" quando o príncipe se aproximou e ficaram conversando.
Aliás, saí quase correndo pra tentar respirar um ar sozinha sem ter que compartilhar com ele.
De vez em quando eu olhava para trás, pra ver se não estava sendo seguida.
Subitamente esbarro em algo ou alguém e vou ao chão.

— Droga, garota! Não olha por onde anda?

Olho para a ousada com vontade de pular em seu pescoço, mas me detenho ao ver quem é.

— Desirée? Meu Deus...ah, como veio parar aqui?

Falo atropeladamente e ela me abraça quase chorando.

— É uma longa história!– ela diz me puxando para o lado e nos afastando ainda mais da linha de visão dos dois homens.

Nos sentamos na areia, atrás de umas árvores e ficamos ali conversando.
Ela me conta tudo que aconteceu nos últimos dias e eu também abro o jogo, não faço questão de ocultar os detalhes sórdidos.
Adoroooo!

— Mas que merda, Maressa! Nós duas querendo ser fodidas por esses aliens super gatos e eles nem aí? O príncipe me trata como empregada e o general te trata como bicho de estimação, affs.. ninguém merece.– ela suspira.

— Pior foi Lívia que se casou ou sei lá o quê com o imperador, ele tentou consumar a união e a louca fugiu...

— O QUÊ?– ela grita no meu ouvido quase me deixando mouca — Não acredito que ela não deu pra um deus daqueles...umas com tanto e outras com nada!– Desirée está quase choramingando agora.– Hum...mas é bem a cara dela fazer isso! Você sabe seu paradeiro?

— Ainda não descobri, só sei que o imperador está louco atrás dela...

— Valha-me Deus, tenho pena da pepeka dela quando for encontrada, porque até onde sei, esses aliens não têm dó...

Vejo como o semblante dela ficou triste.

— O que foi?

— Queria saber como a Jéssica está agora... será se fizeram...?

Ela balança a cabeça como se tentasse afastar a ideia de sua mente e não termina de falar.

— Então, melhor mesmo que não sintam atração por nós! – concluo.

— É.

Fico sem saber o que dizer e depois de alguns minutos, uma ideia me ocorre.

— Vamos fugir?

— Ficou doida mulher? Como? Pra onde?

— Sei lá! Só estou cansada de ser tão passiva...

— Ah, eu também...

Olhamos ao mesmo tempo para os dois homens que continuam conversando como se tivessem esquecido de nós.
E por que não? Mesmo que nos peguem, ao menos tivemos emoções. E quem sabe eu seja gostosamente punida. Aposto que alguém aí leu "comida", não mintam.
Sei que não estou pensando direito nas consequências pra minha amiga, mas se uma de nós puder ter prazer, já está valendo.
E não me critiquem, sei que estão torcendo para ver aquele alien gostoso entrar em mim com força. Eu também! Opa, esquece o que falei...
Gente, juro que não sou assim, mas ele despertou a safada que tem em mim. Fazer o que, né?

Puxo Desirée pelo braço e nos afastamos mais um pouco, não demora nada e já estamos correndo a toda velocidade que as pernas permitem.
Sei que abrimos uma boa distância entre eles e nós e a menos que tenham os poderes do Flash, não nos alcançarão.
Em minha mente já estou cantando  let it go. Não me julguem, meu nível de loucura é daqui pra pior.
Ruim mesmo é minha amiga tendo um ataque de riso enquanto corremos sem destino até nos afastar do cais.

Logo mais a frente avistamos uma nave pousada e é pra lá que seguimos.
Maldita hora que fizemos isso.
Quando nos aproximamos, dois aliens de quatro braços vêm descendo a rampa e param ao nos verem.
Desirée parece ser ignorada por eles, até sei o motivo, porque ela me contou, mas seus olhos estão fixos em mim.

— Puta merda! Corre, Maressa! – ela grita e me empurra.

Mas quem disse que conseguimos ir muito longe? Quando dou por mim, estou sendo segurada por um deles, enquanto minha amiga tenta afastá-lo de mim.
Inutilmente.
O outro a empurra e ela cai estatelada no chão.
O brutamontes que me segura me joga nas costas e dá uma palmada na minha bunda.
Começo a espernear e gritar feito louca, mesmo assim ele me leva da direção da nave e me dá outra palmada.

— Socorroooooo! – grito ainda mais alto.

Começo a chorar só de imaginar o que me aguarda.
Desirée está desmaiada no chão e não pode me ajudar.
Bato nas costas do alien e recebo duas palmadas ao mesmo tempo que fazem minha bunda arder, isso ia deixar marcas. O desgraçado usou os dois braços livres para me bater.

— Socorroooooo! – grito outra vez, sentindo minhas esperanças se esvairem.