° PROPOSTA TENTADORA °

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Hámmon

Minha paciência estava no limite, ao que parece, o regente estava me testando. Há dias que eu esperava uma resolução daquele macho quanto a devolução da minha imperatriz, mas pelo visto, ele preferiu me dá seu silêncio por resposta.
No entanto, decidi por um fim nisso e tomando a frente, abri um canal de comunicação com Heneida, solicitando uma audiência virtual com seu soberano.
Ele não poderia me negar isso nem se quisesse.
Sua imagem holográfica de corpo inteiro foi projetada em minha sala.

— Saudações caro regente!

— A que devo a honra desse contato?– ele pergunta e posso sentir a frieza em sua fala.

— Creio que tenhamos pendências a resolver! Esqueceste?

— Ainda sobre minha neta?

— SIM!

— Pois de já adianto...

— Espere, meu avô...

Ouço a voz e imediatamente ela entra no meu campo de visão. Seu holograma se forma ao lado do regente e ela está altiva e diferente. O modo como está posta respira nobreza.

— Saudações, majestade! –ela faz um breve reverência e prossegue — Se me permite, eu por minha vida respondo!

— Que seja!– consinto admirado do seu jeito de falar.

— Meu avô me deixou ciente de vossa demanda e temo que haja um equívoco, meu senhor...

— Equívoco? Não creio!

— Compreendo vossa impaciência!– ela me diz educadamente —Permita-me terminar minha defesa!– ela pede e continua quando assinto — Muito me honra que me queiras como sua imperatriz, mas temo que isso não possa ocorrer, a menos que vossa majestade se disponha a vir pedir minha mão pessoalmente e ainda correr o risco de receber uma negativa por resposta, já que tenho que avaliar qual dos meus muitos pretendentes melhor se enquadraria para uma aliança com nosso reino...

— Senhorita Lívia, o que pensa que está fazendo?– falo compassadamente tentando não  alterar a voz, porque por dentro, eu já me encontrava em combustão.

— Eis o equívoco de que vos falei, se não me engano tomaste por companheira uma humana chamada Lívia e eu sou Haaliyah, princesa de Heneida. Acaso estou enganada?

Emudeci. Nunca imaginei que ela me colocaria nessa situação humilhante, o que só fazia com que eu quisesse tê-la ao meu alcance o mais rápido possível. Ela me pagaria pelo ultraje.

— Isso não vai ficar assim!– ameaço.

— Imagino sua frustração, majestade! Foi um prazer esclarecer esse mal entendido ao meu senhor.

— Parabéns, caro regente! A treinaste bem, mas este não será nosso último contato.

— Estamos à sua disposição!– ele me diz claramente satisfeito com o desenrolar das coisas.

— Imagino que seu governo demande muito de vosso tempo e atenção, mas apreciaríamos ser seus anfitriões numa visita de cortesia.

— Hum... Comemore princesa Haaliyah!– digo e desligo o contato.

Maldição!
Ela não perdia por esperar. Eu jogaria seu jogo, se ela queria que eu fosse até Heneida, eu faria isso com prazer e já tinha em mente uma ocasião para isso.
Por enquanto, eu me conformaria em ter uma conversa à sós com ela. Queria ver se estando sozinha, sem o apoio do regente, sua postura se manteria.
O difícil seria burlar a segurança de seus satélites, mas nada que nossa tecnologia não desse conta.

Além do mais, meu irmão estava aqui e ele era perito em tecnologia avançada.
Há alguns dias, ele havia me aborrecido e enfrentado para manter seu brinquedinho humano, mas sequer podia julgá-lo, se eu estava fazendo ainda pior para reaver o meu.

— Irmão, estás ciente que estamos burlando o tratado?

— Entre sem que saibam que estamos entrando! Faça seu trabalho...

— Certo! Não precisa se irritar... Mas e se a fêmea nos entregar?

— Ela não vai! – afirmo — Se eu não conseguir pegar aquela humana de volta, vou tomar a sua para me divertir...

Digo isso e observo a reação dele e para minha surpresa, ele sequer se move da cadeira onde está sentado digitando algoritmos no painel tecnológico.
Seu olhar para mim é sereno e inabalável.

— Ela é muito passiva para que o agrade!

— Pelo que entendi, não se importa com ela, então por que a retém?

— Não é bem assim! Gosto da companhia da fêmea, além do mais, ela é minha serva particular.

Ele fala isso calmamente sem tirar os dedos da tela que mostra as dezenas de satélites ao redor do planeta Heneida, formando uma barreira de segurança contra ataques externos e contra infiltração em sua comunicação.

— Ainda demora? – pergunto impaciente.

— Sim! O que quer que eu faça? Eles são bons, sua tecnologia é a melhor que existe num raio de milhões de anos luz. Não é atoa que são nosso principal fornecedor.– ele reage com irritação agora. — Se ficares em silêncio vai ajudar bastante.

Começo a andar de um lado para o outro, minha impaciência está cada vez maior. Já estamos aqui há horas e nada. Tyrus era um macho difícil de pegar numa armadilha, não que fosse isso que eu estivesse tentando fazer.

— Mais um pouco...– Ouço meu irmão dizer enquanto digita cada vez mais acelerado.— Opa, entramos! Estás me devendo essa irmão!

Imediatamente vejo nossa imagem ser projetada dentro de um recinto que eu diria ser perfeito para uma fêmea.
Hórus observa em volta e arqueia a sobrancelha para mim.

— Tem certeza que sua ligação com ela está funcionando? Não a vejo em canto algum...

— Sim! Ela está aqui...

Nisso a vemos passar por uma porta, enrolada numa roupa de banho e quando nos ver, seu semblante passa de calmo a assustado.

— Como entraram aqui?– ela balbucia dando passos rápidos para trás e  esbarra numa estátua em tamanho real.

Vejo-a pegar a lança rapidamente e se direcionar à mim.

— Sai daqui seu infeliz!

Hórus não para de observá-la de cima a baixo, o que me deixa bem irritado.

— Não preciso mais de ti! Sai agora!

A imagem dele desaparece e a fêmea percebe que não estamos ali de fato. Mesmo assim, ela não larga a lança e dá a volta ao meu redor.
Ouço seu risinho quando se posiciona atrás de mim e então, ela volta para minha frente.

— O que quer agora?

Seu olhar é de puro desafio.

Outro Mundo: Contos AlienígenasOnde histórias criam vida. Descubra agora