Outro Mundo: Contos Alienígenas

° MINHA AMIGA °

Maressa

Gente, muita coisa aconteceu.
Khalil passou alguns dias fora e quando retornou foi simplesmente para me avisar que o imperador havia desaparecido junto com minha amiga e que estavam em ameaça iminente de uma guerra sem precedentes.
Fiquei com o cool que não passava nem sinal de wi-fi.
Misericórdia, senhor! Eu era muito jovem pra morrer e guerras nunca acabavam bem.

Depois disso, foi eita atrás de vixe.
O imperador e minha amiga, estavam vivos e plenos, mas Heneida ia ser atacado por um exército de vampiros sanguinários e lá se vai meu general viajar para a frente de batalha.
Senhor, as humanas nesse planeta não têm descanso.
Desirée já não estava mais comigo; aparentemente, o príncipe decidiu que ela estaria mais segura ao seu lado, como se passar o dia comendo e dormindo fosse matá-la. Príncipe besta.
A essa altura, eu já queria o número do Van Helsing para solicitar ajuda com esses vampiros.

Vivi alguns dias horríveis na espectativa e sem notícias. Sério, não desejo isso pro meu pior inimigo.
E quando, finalmente, meu alien gostosão chega em casa, seu aspecto não é dos melhores.
Sinto até um frio na espinha por conta do modo como ele me encara.

— Bichinho, você partirá para Heneida...

O modo como ele profere essas palavras me atinge como uma lâmina afiada.

— Está se livrando de mim?– Questiono tentando conter o ódio crescendo dentro de mim.

— Não! Mas o imperador exige que eu a mande para sua amiga, a imperatriz...

— Uma OVA que vou ser tratada assim, não sou um objeto que vocês colocam onde querem...Porra, Desirée tinha razão...– vocifero.

A essa altura sou um vulcão em erupção.
Porra, passo esses dias todos roendo as unhas de preocupação e esse alien ingrato me chega com essa?

— Que ideias aquela fêmea colocou em sua cabeça, bichinho?

— Ela apenas abriu meus olhos! Eu estava sendo tão estúpida. Achei que você me queria tanto quanto eu te quero... Agora você quer se livrar de mim como se eu não tivesse nenhuma importância. Que inferno!

Grito batendo as mãos na bancada da cozinha e arrastando tudo que estava em cima.  Alguns pratos caem e se espatifam no chão.
Ele se aproxima e segura minhas mãos.

— É uma ordem do imperador...

— Que se foda, você e ele! Aliás, me mande mesmo para Heneida, aposto que posso arranjar outro macho lá que me queira...– grito à plenos pulmões.

Vejo sua expressão ficar em branco.
Merda! Merda! Merda! Que boca grande essa minha.
No minuto seguinte, eu estava recostada de bruços na bancada e minha bunda descoberta.
Esse alien estava possesso e ia me punir de uma forma dolorosa. Nem tive tempo de raciocinar direito e sua mão já estava em minha bunda, não uma, mas pelo menos umas três vezes; só que ao contrário do que senti quando o monstro de quatro braços me bateu, aqui a sensação era totalmente diferente.
Não posso acreditar que Desirée tinha razão; isso pode ser realmente prazeroso.

Acho que ele não percebeu o efeito que isso teve em mim, porque se afasta como se tivesse tomado um baita choque. Sua expressão agora é de puro horror.

— Eu lamento muito bichinho! Nunca foi minha intenção te machucar! Realmente, tens que ficar longe de mim...

Vejo o quão perturbado ele está.
Sim, ele poderia ter me machucado, mas sequer golpeou forte o suficiente para isso.

— Ei, se acalma! Você não me machucou...perdeu o controle, mas não me machucou...– digo caminhando até ele e sinalizando com os braços.

Mas quando tento me aproximar, ele se afasta ainda mais.
Não posso acreditar que um alien daquele tamanho parece um bichinho acuado. Quem diria?