° FUI ENGANADA °

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Lívia/Haaliyah

Graças a Deus, foi uma viagem tranquila. Ao sair da nave fomos recepcionadas por Khalil e o modo como Maressa se jogou nos braços dele me deixou sem graça.
Céus, achei que aqueles dois iam transar ali na minha frente.

— Gente, vão procurar um lugar reservado!– não consigo evitar e falo.

Maressa me fuzila com os olhos, depois abre um sorriso sínico.

— Pode se preparar bonita, porque o imperador vai acabar com você...

A desaforada tem a coragem de fazer essa insinuação na frente do general e eu fico sem saber onde meter a cara.
Por sorte, eles não iriam me acompanhar até o palácio.
Frida, minha ex dama estava à postos para me acompanhar.

— Boa sorte!– Maressa me abraça — Ah, você vai precisar de muito gel curativo...

— Meu Deus, Maressa...

Resmungo e saio dali apressada, antes que ela solte mais uma pérola.
Confesso que eu estava muito ansiosa para ver Hámmon, mas quando adentrei na sala do trono senti minhas pernas fraquejarem. Acho que Frida percebeu isso, porque foi rápida em segurar meu braço e me dá apoio.
A cena com a qual me deparei fez meu coração se despedaçar por inteiro; era a constatação de que eu havia chegado tarde demais.

— Eu posso felicitar os noivos?– Interrogo me aproximando.

Hámmon estava com as mãos da noiva entre as suas e as beijava com toda a cortesia; ele me olha com cara de surpresa, até porque não avisei que estava vindo.

— Não é...

Ele não termina de falar, porque o príncipe Hórus interveio:

— Sim, pode!

Todos se entreolham confusos, obviamente porque não esperavam me ver ali. Minha única vontade é sair correndo, mas preciso manter a compostura e mostrar brio.
Felicitei os noivos e assim que consegui, sai dali. Tão logo ponho os pés fora da sala, me escoro na parede; simplesmente não conseguia sentir o chão aos meus pés.

— Está tudo bem, princesa?– Frida me questiona com uma expressão preocupada.

— Hum... Só cansada da viagem. –minto.

— É claro! Vou levá-las aos seus aposentos.

Fui instalada no mesmo quarto onde estive antes.
Procurei manter o controle e não chorar quando fui deixada sozinha.
Eu não faria isso aqui.
Mais tarde, solicitei uma audiência a sós com Hámmon, que me recebeu com certa aspereza.

— Confesso que estou curioso! Depois de teres faltado com sua palavra, não imaginei vê-la aqui. Suponho que tenha vindo zombar de mim?

— Eu jamais faria algo tão indigno!– me defendi após respirar profundamente — Se me permitir explicar, verá que tudo não passou de um terrível engano.

Por sorte, ele aceitou ouvir minha versão dos fatos e abri o jogo sem ocultar nada, afinal, eu não tinha motivos para encobrir a falta do meu avô e da minha mãe, aliás, eu estava muito brava com eles.
Meu avô endossou tudo que falei por teleconferência e oficializou um pedido de desculpas.
Hámmon manteve sua postura séria e mal me olhou.
Após a conversa, retornei para o quarto arrasada.

Não tive sequer coragem de descer para a refeição e mandaram me servir no quarto; a questão era que eu não estava com fome, então, não toquei em nada.
Por mim, eu teria ido embora ainda hoje, mas seria um tiro no pé fazer isso.
Eu partiria no dia seguinte, não havia motivos para ficar mais que isso.

Outro Mundo: Contos AlienígenasOnde histórias criam vida. Descubra agora