° O RECEPTÁCULO °

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Hámmon

—Venha buscá-la, covarde!

É minha sentença quando o príncipe exige que eu entregue minha companheira. Ele não a levaria nem por cima do meu cadáver.
Nesse momento crítico, a fêmea parecia alheia a tudo que estava acontecendo à nossa volta e vejo, abismado, ela puxar o cajado do lugar onde estava fincado.
A arma fincada ali há milênios fora removida com total facilidade e quando ela se vira para nós, um de seus olhos brilhava num tom azul intenso.

— Vamos brincar?– ela diz encarando o inimigo.

— Interessante! Vejo que fiz uma boa escolha.– o príncipe parece se entusiasmar.— Peguem-na!– ele ordena.

Os soldados nos cercam.
Nisso, o regente vem chegando, junto com Yillaweh e mais alguns soldados.

— Fiquem longe da minha neta!– brada partindo para cima do Hyank, que revida o ataque de forma implacável.

Enquanto isso, Haaliyah lutava ao meu lado ferozmente. Vejo-a esmagar a cabeça de dois deles como se estivesse esmagando a um inseto. Há algo errado com ela.
Termino me distraindo mais do que devia e sou atacado à traição; acertam o meu ponto vulnerável e vou ao chão e quando um soldado chega para findar o serviço, vejo seu corpo virar pó diante dos meus olhos.
Minha fêmea está à minha frente com o cajado estendido e este emite um brilho singular.

— Vais ficar bem?– ela inquire se abaixando ao meu lado.

Seu tom de voz está diferente; essa não é a essência da minha companheira.

— Precisarei de alguns minutos para cicatrizar. Consegues resistir sem mim?

Ela sorri de um jeito enigmático.

— Podes contar com isso! Seja breve, sua fêmea está em angústia por sua causa!

Se antes eu tinha dúvidas, agora não mais. Essa não era Haaliyah, ela jamais admitiria algo assim em voz alta.
Pude observar a letalidade de seus golpes. Todo soldado que vinha na nossa direção, ela jogava para fora da arena, sem piedade.
Vi o amontoado de corpos se formarem, quase todos deformados ou com partes significativas faltando; seus fluidos vitais escorriam por toda parte e nas vestes dela.

O regente a encarava com olhos arregalados; posso imaginar o quão perturbado ele estava ao perceber que seus ancestrais a haviam escolhido.
Pensando bem nas palavras de Sartrex, ele parecia saber sobre isso.
Soube que eram seres sensíveis ao sobrenatural.

Imagino que Hyank ainda não havia percebido que ela era a manifestação de um ser supremo de Heneida e lançou mão de algo perigoso para chantageá-la.
Um soldado trouxe Kailyn praticamente arrastada para a frente de batalha.

— O que vai ser princesa Haaliyah? Vais se entregar ou não? Prometo guardar minhas presas e não machucá-la.

— Não se entregue a esse monstro!– Kailyn grita.

Por resposta, Hyank a atinge no rosto com um tapa

— Isso foi uma coisa bem estúpida de se fazer criança insolente!– Haaliyah fala calmamente enquanto ergue o cajado que irradia uma luz intensa e a envolve por inteiro.

Um raio disparado vai atingir o soldado que segurava a princesa, desintegrando-o.
Ao perceber que ela era a manifestação de um dos deuses de Heneida, Hyank ordena sua morte, mas se ver atemorizado quando ela começa a levitar com a arma que nesse momento emite um sonido estranho e intenso.

Vejo quando o príncipe fala pelo seu comunicador e sua expressão agora beira o desespero. Pelo que compreendi, suas naves estão sob forte interferência. Até posso imaginar de onde vem a interferência.

Outro Mundo: Contos AlienígenasOnde histórias criam vida. Descubra agora