Capítulo 29

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Hank chegou mais perto da mais nova, ainda sem entender nada.

- Cole era o seu falecido filho? - Charlote perguntou, com os olhos marejados.

- C-como você conheceu ele? - perguntou, nem ligando para a pergunta da mais nova.

A garota olhou para a foto sobre as suas mãos, passando o dedo onde ficava o rosto do menino, deixando uma lágrima cair.

- Eu o conheci no parque do centro da cidade. Ele sempre dizia que ia até o parque com o pai.

- Eu não me lembro dele conversando ou brincando com você.

- Eu sentava um pouco distante do parquinho, ainda mais por causa dos androides.

- Então, foi na época depois que você matou aquela androide - Connor concluiu, fazendo a mais nova concordar.

- Eu fiquei lá por um tempo, até a chegada da neve. Foi quando ele desapareceu. Achei que tivesse trocado de cidade ou algo do tipo - limpava as lágrimas que insistiam em cair - Ele falava que quando eu encontrasse uma casa, a gente podia ir na casa um do outro, já que a mãe dele não gostava que ele falasse com pessoas estranhas.

- É, a mãe dele nunca deixava nada - Hank resmungou.

O grisalho pôs a mão sobre o ombro da mais nova, tentando pensar em como contaria o fato para a mesma. Se sentou ao lado da mais nova, passando a mão sobre a dela e pegando a foto do filho. Pensou por um instante e começou a explicar o acontecido.

- Foi em um dia que nevava muito... - as lembranças daquele dia passavam como um filme em sua cabeça - Nós tínhamos combinado de fazer algo juntos fora de casa. Pensei que levando ele pra comer uma pizza seria bom, já que ele adorava e a mãe dele não deixava ele comer aquilo todos os dias. Estávamos a caminho em uma rua onde tinha bastante árvore, quando um filho da puta de um caminhoneiro com o cu cheio de rubrite veio na nossa direção. Eu consegui desviar, mas o carro capotou várias vezes por conta do amontoado de neve na calçada e batemos em uma árvore. Fiquei desacordado por um tempo. Quando eu voltei a razão e olhei pro lado de fora, vi que o carro estava saindo fumaça. Era questão de tempo pro carro começar a pegar fogo. Olhei pro lado e vendo o meu pequeno desacordado e com sangue escorrendo de sua cabeça, não pensei duas vezes, sai do carro o tirando logo depois, o colocando um pouco distante do carro e tentado fazer ele acordar. Procurei meu celular e o encontrei no teto do carro. Até hoje eu não sei como o maldito não quebrou - limpo os olhos - Depois no hospital, disseram que ia ser atendido por androide. Como eu achei que se fosse um androide ele sobreviveria, eu concordei. Mas logo a noticia chegou e eu culpei os androides por isso.

Enquanto o mais velho falava, Charlote estava com uma cara de quem já conhecia uma parte história. Hank vasculhou a caixa e mostrou uma foto antes de antes do acidente. A menina arregalou os olhos, se virando rapidamente para o mais velho.

- Lembra de quando vocês me prenderam e eu fiquei te olhando fixamente, e você perguntou se tinha um piru na sua cara?

- Lembro - riu - Por quê?

- Eu lembro que um dia, cansada e com frio, fiquei a procura de algo para me esquentar. Foi quando eu vi um carro capotado perto da calçada do outro lado da rua. Eu ia chegar perto, mas uma ambulância já tinha chegado. Eu me escondi em uma das árvores e fiquei observando os paramédicos pegando uma criança e pondo dentro da ambulância. E então eu te vi, muito preocupado, passando a mão no cabelo e com alguns machucados - falou, se lembrando de cada detalhe - Eu sinto muito, Hank.

- Tudo bem. Não é culpa sua - a abraçou, mesmo estando assustado com as informações que acabara de ter - E muito menos dos androides - olhou sorrindo para Connor.

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