Havia um nó na garganta do outro. Por que ele tinha perguntado aquilo? Por que ele queria aquilo?
- Por que acha isso? - falou num tom estranho. Bryan percebeu.
- Estamos trabalhando nesses casos todos os dias, e eu fico aqui a tanto tempo, eu durmo aqui... Achei que seria uma boa ideia.
- Não é - respondeu rápido - Não tem espaço pra você aqui.
Ele estava nervoso. Dava pra perceber nitidamente. Mas Bryan não entendia, ele já dormia ali, cuidava dos gatos antes de dormir, fazia o café da manhã. O que mais ele deveria fazer?
- Como assim? Eu não me importo de dormir em pé ou sentado. Eu só sugeri isso porquê passamos muito tempo aqui, e o Connor não ficar perguntando sobre eu voltar para casa todos os dias.
- Que se foda! - bateu forte sobre sua perna. Aquilo, com certeza, iria ficar dolorido - Eu não quero você aqui. Eu nem sei o motivo de você querer dormir aqui. Você pode muito bem ir embora.
- Se eu pudesse, eu iria. Mas tem bastante anti-androides lá fora e eu não quero ser atacado por um deles.
Pausou por um tempo, observando o outro, que mantinha sua cabeça abaixada.
- Eu sei que você não me suporta e muito menos queria trabalhar comigo, mas nós temos muito trabalho atrasado para fazer.
- Agora vai dizer que é culpa minha? - zombou.
- E não é? Você quase não faz nada. Se trabalhasse de verdade, eu não precisaria vir aqui todos os dias.
Aquilo o deixou com raiva. Se levantou rápido e foi na direção do outro, segurando sua gravata, deixando uma pouca distância entre eles. O humano se segurava para não bater no outro.
- Se você não fosse o meu parceiro, quem sabe eu trabalharia melhor.
Bryan ficou surpreso, mas não queria mostrar para o outro. Continuou com uma cara neutra e foi até a porta de entrada. Seu LED brilhava amarelo. Mas como Reed não sabia, e nem queria descobri-las, essas coisas de androides, ele nem ligou.
- Pra onde pretende ir? - Reed perguntou - Nós dois ainda não terminamos o trabalho.
- Acho melhor você trabalhar sozinho. Quem sabe você consegue resolvê-los.
Abriu a porta e saiu, sem dizer nem mais uma palavra. A verdade é que ele estava magoado, queria que o outro percebesse o quanto o trabalho era importante para ele. Resolveu que iria para casa do irmão com o grisalho, sem ser percebido pelos anti-androides, e tentaria pedir para o capitão para trocar de parceiro. Já estava cansado das discussões que tinha com o mais baixo.
Chegou na porta da casa do irmão e bateu na porta.
- Quem será essa hora? - Hank se perguntou, se levantando.
- Não sei - Connor respondeu.
Pegou as chaves da porta e a abriu.
- Bryan? - se surpreendeu - Aconteceu alguma coisa?
- Tive uma briga com o Detetive - falou, entrando.
- Acho que o casal teve a sua primeira briga, não? - riu, fechando a porta.
- Tenente - Connor lhe chamou atenção.
- Cê anda me chamando muita atenção, hein.
O androide nem ligou para o que o mais velho disse, dando atenção para o irmão.
- O que aconteceu? - disse o convidando a se sentar.
- Eu sugeri a ele que eu morasse na casa dele.
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We're A Familly Now
Hayran KurguDepois da revolução dos androides, Connor vai morar na casa de Hank. Com o tempo, os dois começam a olhar de forma diferente um para outro, fazendo com que além de seus casos e lidem com seus sentimentos. *EM REVISÃO*