Capítulo 21: Celeiro.

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Maisie

Senti as pedras pinicarem nos meus pés enquanto eu corria, percebendo o quanto aquele era o pior momento pra mim para aquilo estar acontecendo, já que não estava devidamente vestida. Mas duvido que algo me prepararia para aquilo.

Passamos pela entrada do celeiro, correndo para os primeiros cavalos que encontramos. Mal tive tempo de pensar quando o príncipe agarrou minha cintura e me colocou sobre um deles, antes de subir atrás de mim e segurar as rédeas. No segundo seguinte estávamos cavalgando em direção ao reino.

A chuva caia sobre nossas cabeças enquanto alguns trovões cortavam o céu. O cavalo percorria a estrada lamacenta, deixando a lama saltar para nossas pernas. O corpo do príncipe estava rígido e quente atrás do meu, enquanto ele mantinha as mãos firmes ao redor da minha cintura para segurar as rédeas.

Olhei pra trás, apenas para ter certeza que estávamos seguros, sentindo meu sangue gelar quando vi a silhueta de três cavalos no meio da escuridão e da chuva, vindo atrás de nós. Agarrei o braço do príncipe, fazendo com que ele olhasse para trás e visse. Ele fez uma barulho com a boca, incitando o cavalo a ir mais rápido.

—Estamos longe demais do reino. —Exclamei, olhando para frente, sabendo que levaria horas até que chegássemos lá e tinha certeza que eles não desistiriam tão fácil.

—Eu sei. —Respondeu, olhando para o caminho a nossa frente e depois para trás, vendo o quão longe aqueles homens estavam de nós.

—Não vamos conseguir chegar lá nessa chuva e com eles atrás de nós! —Falei o óbvio, vendo-o comprimir os lábios.

—Eu sei. —Afirmou, me fazendo virar e olhar pra cara dele com as sobrancelhas erguidas. —Eu estou pensando, está bem? Me deixe pensar.

Fiquei em silêncio, me agarrando a sela do cavalo, enquanto sentia meus dedos escorregarem por conta da água. Minhas roupas estavam grudadas no meu corpo, deixando muito pouco para a imaginação de qualquer um que me visse naquele momento. Muito pouco para a imaginação do príncipe, colado nas minhas costas emanando calor e tensão.

—Tem uma vila aqui perto. —Falou, aproximando a boca do meu ouvindo, fazendo meu corpo estremecer quando senti sua respiração na minha nuca. —É no litoral. Mais perto que o reino. Podemos ir até lá e nos escondermos até amanhecer. Mas teremos que ir pela floresta.

—Se for nos salvar deles! —Olhei por cima do ombro do príncipe, com meu coração despencando dentro do peito quando vi que estavam mais próximos do que antes. —Na verdade, é uma ótima ideia!

—Segure firme! —Mandou, antes de fazer o cavalo mudar de direção e entrar na floresta. A estrada lamacenta deu lugar a irregularidade da floresta, cheia de raizes, árvores e arbustos pelo caminho. Me agarrei ainda mais firme na sela, enquanto os braços do príncipe pareciam virar aço ao meu redor, como se ele estivesse com medo de eu escorregar do cavalo.

Não sei quanto tempo levamos até a vila, porque a floresta estava escura demais e era impossível ver algo com toda aquela chuva. Descemos do cavalo quando perdemos os homens de vista, achando que eles continuariam a seguir o cavalo, antes de perceberem que não estávamos mais nele, e seguimos a pé em direção a vila.

—Vem, vamos achar um lugar para nos escondermos e nos aquecer. —Ele segurou minha mão, evitando olhar para o meu corpo quando vimos a silhueta das casas.

Tentamos evitar qualquer rua principal, seguindo pela linha das árvores até encontramos um celeiro atrás de uma casa. O lugar estava ocupado por um cavalo solitário, além de alguns fardos de fenos e caixas.

—Sente-se aqui. —Ele me guiou até as caixas, me colocando sentada ali. Observei ele tirar o casaco encharcado e colocar sobre meus ombros, tentando esconder um pouco do meu corpo visível por conta da roupa molhada. —Espere um segundo, vou ver se encontro alguma coisa pra gente.

O Reino das Estrelas / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora