Capítulo 16: Bem-vindos a Thoreau.

705 151 99
                                    

Katie

Olhei ao redor, antes de colocar a capa sobre meus cabelos para escondê-los e puxar Andrei comigo. Nós dois caminhamos pelos corredores parcialmente escuros do castelo, indo pela ala menos movimentada, antes de descer as escadas e ir para os fundos do castelo.

—Se eu soubesse disso tinha voltado pra Londres. —Andrei resmungou, recebendo uma cotovelada minha.

—Tarde demais. E para de reclamar. —Murmurei, fazendo uma careta pra ele. —Vamos estar ajudando Sophia fazendo isso. Precisamos saber quem fez isso e quem mandou matá-la.

—Você já disse que foi a rainha. —Andrei retrucou, enquanto passávamos por algumas portas e evitávamos os guardas que faziam ronda naquele momento.

—Ela é minha principal suspeita. Então não é 100% de chance. E além do mais, precisamos de provas, né? —Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas, vendo-o comprimir os lábios e balançar a cabeça positivamente. Parei de andar, segurando a mão de Andrei e o fazendo se virar pra mim e em encarar. —Olha só, você não conhece nada dessa dimensão, então se quiser ficar aqui tudo bem. Eu vou entender. Se quiser voltar pra Londres pode voltar também.

Andrei soltou um suspiro, fechando os olhos com força antes de esfregar a bochecha.

—Não é isso. Só não quero que nenhum de nós se meta em problemas, até porque eu nem sei o que esperar. Não quero ir embora daqui sem saber se Sophia está bem, Katie. —Andrei apertou minha mão. —Vocês são minhas amigas. Fiquei com medo de perdermos contato quando me contaram que iriam ficar aqui. Não estamos morando em cidades diferentes, é literalmente outra dimensão. E apesar de tudo ser tão bizarro e surreal, não quero perder a amizade de vocês.

—Você não vai perder e vamos trazer Sophia de volta também! —Afirmei, me inclinando e dando um beijo estralado na sua bochecha. A porta no final do corredor se abriu e Noah apareceu, fazendo uma careta pra nós dois.

—O que diabos estão fazendo? Temos que ir! —Exclamou, gesticulando para que fôssemos logo. —Não quero ser pego aqui e o enforcado por estar sequestrando a princesa.

Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas, porque Noah sabia que eu jamais permitiria algo assim. Ele nos puxou para um canto escuro do jardim, entregando uma adaga pra mim e a arma para Andrei, que enrugou os lábios em preocupação.

—Apenas não aponte para nenhum de nós dois e nem pra si próprio. —Noah afirmou, olhando pra Andrei. —E puxe o gatilho na direção de qualquer um que tente nos matar.

—Como assim nos matar? —Andrei arregalou os olhos, olhando de Noah para mim. —Espera, espera... ninguém tinha me falado dessa parte.

—Ninguém vai tentar nos matar. Ele só está brincando! —Afirmei, dando um pisão no pé de Noah, que grunhiu e me fulminou com os olhos. —Não é?

—Claro. —Sibilou, puxando uma pedra dimensional. —Um mago encantou para que pudéssemos usá-la para ir de um reino para outro. Mas só funciona uma vez e eu só tenho duas pedras. Ida e volta. Então não podemos nos separar.

—Um mago? —Andrei fez uma careta, antes de Noah agarrar a mão de cada um de nós. —Eu não conheço um mago ainda.

—Quem sabe quando voltarmos. —Noah murmurou, antes de sermos sugados pela pedra dimensional.

Fechei meus olhos com força, sentindo meu corpo todo estranho antes de meus pés tocaram o chão firme de novo. Abri os olhos, observando a floresta escura ao meu redor e o horizonte onde o sol já começava a nascer. Andrei cambaleou para trás, olhando tudo com muita atenção.

—Agora você já conhece três reinos da dimensão das estrelas. —Comentei, começando a seguir Noah quando ele foi em uma direção pela floresta.

—Pois é. —Andrei tropeçou em uma raiz quando tentou nos seguir. —O que mais de mágico existe por aí?

—Tudo que puder imaginar e não imaginar. —Noah afirmou, afastando os arbustos enquanto caminhávamos pela floresta. —Fadas, sereias, feéricos, portadores, conjuradores... essas coisas.

—Feéricos? —Ele soltou uma gargalhada e Noah se virou, fazendo um movimento para que ele ficasse em silêncio, antes de voltar a andar. —Qual é, você não pode estar falando sério. Feéricos tipo os dos livros?

—Somos como as bruxas dos seus livros? —Noah indagou, passando a mão pelos cabelos e olhando por cima do ombro. —A propósito, eu li Harry Potter.

—Ta de sacanagem! —Andrei soltou, me fazendo rir baixinho. —Isso não é estranho?

—Não, a maioria dos autores da sua dimensão que escreveram esses tipos de livros se basearam em lendas, que não são nada mais que verdades. Talvez alguns deles até saibam sobre as dimensões e escrevem sobre elas como se fossem apenas história imaginárias. —Noah murmurou, abrindo um sorriso e gesticulando ao redor. —Mas você está aqui. Sabe que isso tudo é real.

—A própria Sophia escreveu a história dela com o Harry. —Falei, olhando para Andrei. —Claro que teve um final feliz, bem diferente do que está acontecendo aqui.

—Não acredito que a Sophia passou por tudo aquilo. Quer dizer... convenção de bruxas? Ela mesmo ser uma bruxa? E você, Katie, uma princesa? —Andrei riu, negando com a cabeça. —Qual a possibilidade? Será que eu também sou algo e não sei?

Andrei parou de andar, franzindo a testa enquanto encarava o nada com uma expressão confusa. Noah parou de andar também, olhando pra ele e depois pra mim, negando com a cabeça.

—Pensando bem, eu deveria tê-lo deixado, bruxinha. —Afirmou, e eu dei uma cotovelada nele que o fez rir. —Vamos, Andrei. Temos uma missão aqui e precisamos falar mais baixo.

—Pensei que sairíamos direto no reino. —Falei, tropeçando ao caminhar pelo meio das raizes e dos arbustos.

—Mas a gente saiu. —Noah afastou os arbustos que estavam no caminho, me dando a visão de uma cidade como as de Del Mar. Com ruas e casas de pedra, cheias de guardas, mulheres de vestidos, homens a cavalo e com carroças. —Bem-vindos a Thoreau.

Olhei para o horizonte, sentindo meu coração disparar quando meus olhos encontraram o castelo logo após a cidade.



Continua....

O Reino das Estrelas / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora