O Reino das Estrelas / Vol. 2

Capítulo 57: Eu te amo.

Eu e Harry voltamos para o acampamento em silêncio. Ele parecia perdido no que o príncipe havia dito, enquanto eu imaginava que tentava bolar um plano para tirar a rainha das estrelas do trono. Eu também estava pensando no que o príncipe havia dito, mas estava mais preocupada com a outra parte da discussão.

Evitei conversar com qualquer um que tentou falar comigo assim que chegamos no acampamento. Ouvi Isla murmurar algo sobre Maisie e Christian para Harry, mas não entendi porque meus olhos estavam em Alec, Scar e Noah, no meio das bruxas, parecendo ajudá-las em alguma coisa.

Fui direto para a barraca que havia arrumado para Harry e eu, vendo que ele estava me seguindo. Meu coração disparou por alguns segundos, porque estava começando a me sentir nervosa e ansiosa, com os pensamentos se embaralhando na minha cabeça.

—Acha que podemos confiar nele? —Harry indagou, enquanto eu parava no meio da barraca, olhando ao redor sem saber o que fazer. Me sentindo completamente perdida.

—Não sei. Ele pode ser tão ruim quando a mãe. —Dei de ombros, sentindo um nó se formar na minha garganta quando me virei para Harry. O cansaço já tomando conta dos meus ombros e minhas costas doendo por ter me transformado em estrela minutos atrás. —Quando foi que você se interessou por mim pela primeira vez?

Harry me encarou parecendo confuso, como se não entendesse o sentido daquela pergunta.

—Quando eu me interessei por você? —Ele riu, franzindo a testa e se aproximando de mim. —Eu não tenho certeza. Acho que foi quando nos encontramos naquela livraria e você teve um ataque de pânico, então eu te levei pra casa e dormi lá. Você de lembra? —Quando balancei a cabeça que sim, ele sorriu, parecendo se lembrar perfeitamente, como se tivesse acontecido ontem. —Acho que foi naquele dia. Mas fiquei negando pra mim por algum tempo. Meu tio havia me pedido pra ficar longe de você, porque achava que isso não acabaria bem. —Harry parou na minha frente, segurando meu rosto entre as mãos, enquanto meu peito se contraia. —E agora estamos casados.

Ele me beijou, me fazendo fechar os olhos e apreciar o gosto da sua boca na minha, ao mesmo tempo que meu peito se expandia com os melhores sentimentos. O abracei pelos ombros, antes de me lembrar o motivo daquela pergunta e me afastar dele rápido demais.

—Ei, o que foi? —Harry me encarou confuso quando afastei as mãos dele de mim, dando uma certa distância a nós dois.

—E se eu tiver feito aquilo com você? —Indaguei, umedecendo os lábios com a língua enquanto minha boca ficava seca. —E se eu tiver encantado você de alguma forma e feito você se apaixonar por mim?

—É isso que está pensando? Por isso ficou o tempo todo em silêncio até aqui? —Indagou, parecendo finalmente entender o que estava martelando na minha cabeça. Harry deu um passo para trás, negando com a cabeça. —Sophia, você não fez isso. Você nem sabia que tinha esses poderes.

—Ele disse que as vezes uma estrela pode fazer isso sem nem perceber. —Rebati, vendo ele engolir em seco. —E o poder sempre esteve lá, mesmo que eu não soubesse. Posso ter feito isso com você, sem querer, nos momentos que ficávamos juntos. Alec disse que isso está muito ligado aos sentimentos. Aquele dia da livraria eu estava vulnerável, triste e... eu não sei. Posso ter feito em você sem querer.

—Você não fez! —Harry exclamou, tentando se aproximar de mim. Mas ergui as mãos para afastá-lo. —Você não pode estar falando sério. Não pode estar mesmo pensando nisso. —Balancei a cabeça negativamente, porque já não sabia mais o que pensar. —Eu te amo, Sophia. Eu, Harry, amo você. Isso não foi por um encanto que você jogou em mim em um momento de vulnerabilidade. Isso aconteceu porque passamos vários momentos juntos e eu me apaixonei por quem você é.

—Tudo bem. —Soltei um suspiro, vendo Harry me observar como se não acreditasse em mim. —Eu só... Não sei. Fiquei surpresa com o que ele disse.

—Não pense nisso, Sophia. Nós dois estamos casados. Quando tudo isso acabar, vamos ter uma vida juntos. Eu amo você e tenho certeza que você me ama. —Afirmou, me encarando com uma expressão tensa. —Se continuar pensando nisso, vai estar duvidando do que nós dois temos.

—Eu não quero duvidar do que temos. Eu só fiquei com medo de por um segundo... —Não tive coragem de falar em voz alta o que estava na minha cabeça. —Esqueça, é bobagem minha.

—Sophia? —Eu me afastei de Harry ao ouvi-lo me chamar, me sentando naquela cama no chão.

—Eu só preciso de um momento. Todas essas coisas acontecendo sem parar estão mexendo comigo. —Falei, escutando ele soltar um suspiro e hesitar. Senti os olhos dele em mim por alguns segundos, antes do mesmo se afastar e sair da barraca, me deixando sozinha com meus próprios pensamentos.

Afundei o rosto entre as mãos, balançando a cabeça e me sentindo uma idiota por pensar naquilo. Talvez aquele príncipe só estivesse querendo me confundir. Talvez ele mesmo tenha me encantado para pensar essa bobagem.

Afastei as mãos do rosto, olhando para aquela barraca estranha ao meu redor. A Sophia escritora teria ficado eufórica com isso, tendo ideias e mais ideias para um livro. Mas a Sophia de agora só quer que tudo isso acabe, porque está cansada demais.

Meus pensamentos se perderam por alguns segundos nas palavras de Harry. Meus ataques de pânico haviam acabado depois que me mudei pra cá. Não haviam carros, pra que eu ficasse me lembrando daquele acidente.

Me perguntei por alguns segundos se eu poderia ter mudado tudo sobre meus pais, se soubesse muito antes dos meus poderes. Mas eles não estavam mais ali há muito tempo e aquela Sophia não existia mais.

—Sophia?

Olhei para a entrada da barraca, fazendo uma careta quando pude jurar que ouvi a voz de Katie me chamando. Mas ela não estava ali, além de ter ficado em Del Mar com James e Andrei.

Fiquei de pé e caminhei até a saída da barraca, encarando o acampamento que já começava a ser tomado pela noite. As bruxas pareciam alheias a qualquer coisa e eu não via nenhum dos meus amigos por ali.

—Sophia?

Olhei ao redor, sentindo meu coração disparar, enquanto começava a caminhar em direção aquela voz familiar. Desviei das bruxas e barracas, ainda escutando aquela voz chamando meu nome, até parar em frente ao inicio da floresta. Hesitei por alguns segundos, antes de ouvi-la de novo e então ir em frente.

Continua...