Capítulo 53: Trasformação.

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Não consegui pensar em mais nada, enquanto via aquela coisa que saia das minhas costas. Parecia algo de outro mundo. Mas eu não deveria ficar tão surpresa assim, ja que nada tem sido normal desde que eu vim parar nessa dimensão.

Encarei o chão, sentindo uma dor horrível nas minhas costas sempre que tentava me mover, o que era totalmente explicado agora. Meus músculos queimavam, fazendo meus dentes apertarem uns aos outros e minha cabeça latejar, como se estivesse prestes a explodir.

—Vem, eu te ajudo. —Alec se aproximou, estendendo as mãos pra mim. Agarrei elas na mesma hora, sentindo outra fisgada horrível que me fez prender a respiração.

—Como você consegue aguentar isso? —Exclamei, soltando o ar com força. —Eu não consigo me mexer. Tudo dói.

—Eu nasci com elas, Sophia. Os músculos das minhas costas foram moldados pra aguentar o peso das asas. —Alec afirmou, enquanto eu choramingava ao ficar de pé, sentindo minha mente pesada. —Você vai ter que preparar seu corpo para quando quiser usá-las.

—Quando eu quiser usá-las? —O olhei com as sobrancelhas erguidas.

—Isso não é definitivo. —Ele indicou as asas com a cabeça, enquanto ainda me ajudava a ficar de pé, já que meu corpo estava oscilando de um lado para o outro. —É como se você se transformasse em uma estrela. O poder vai sumir quando quiser e voltar quando você quiser também. —Ele balançou a cabeça, me dando uma boa olhada como se avaliasse o que eu havia feito. —Só faltou a pele negra e os cabelos brancos.

—O que? —Meus lábios se comprimiram, enquanto eu absorvia o que ele tinha dito. —Meus olhos estão...?

—Brilhantes como diamantes? É, estão. —Os lábios dele se curvaram em um sorriso pequeno. —Não se preocupe, você pega o jeito com o tempo.

Alec afastou as mãos, acenando com a cabeça como se avisasse para que eu ficasse de pé sozinha. Tentei me manter de pé, sentindo o peso das asas nas minhas costas e o latejar na minha coluna, como se meus músculos tivessem sido rasgados.

—Sophia? —Olhei pro lado, me encolhendo um pouco quando Harry surgiu no meio das árvores, seguido por Noah e o príncipe Christian.

Ele parou de andar quando me viu, parecendo sequer estar respirando quando encarou aquelas asas e depois meus olhos. Noah e o príncipe pararam atrás dele, com expressões parecidas. Noah estava com as sobrancelhas erguidas, mas sorrindo como se isso fosse uma surpresa boa. O príncipe estava com as sobrancelhas erguidas em confusão.

—Eu escutei você gritar. —Harry falou, como se fosse explicar o porquê de ele estar ali. Seus olhos continuaram fitando aquelas asas, enquanto ele engolia em seco. —Você disse poderes, não asas.

—Eu não sabia que podia fazer isso. —Eu tentei ir até ele, sentindo meu corpo inteiro tremer como se eu estivesse esgotada. —E acho que não quero fazer de novo, porque essas asas estão me matando...

Minha respiração falou e antes que eu desabasse no chão, Harry já estava na minha frente, segurando meu corpo, parecendo não saber como me tocar por conta daquelas asas. Tentei forçar minha mente a ficar ligada, mas a última coisa que vi foram as asas negras de Alec quando ele veio até nós dois.

[...]

Abri meus olhos, fitando o teto de lona da barraca. Minha boca estava seca, como se eu não bebesse água há um bom tempo. Olhei para o lado, vendo que estava deitada em uma cama improvisada no chão, com Harry sentado na ponta dela ao meu lado, me observando.

Tentei me sentar, sentindo minha cabeça girar quando me movi e minhas costas doerem. Olhei por cima do ombro, soltando um suspiro quando vi que as asas haviam sumido, mas mesmo assim minhas costas ainda doíam como um inferno.

—Você voltou ao normal assim que desmaiou. —Harry falou, chamando a minha atenção. —Alec disse que como era a primeira vez que você fazia, seu corpo ficou esgotado. Talvez na próxima você já consiga suportar mais.

—Não quero fazer isso de novo. —Falei, me ajeitando naquela cama para estender a mão e tocar as dele. —Meu corpo inteiro está doendo. Prefiro ser a Sophia bruxa. Só a Sophia bruxa.

—Eu gosto da Sophia bruxa. —Afirmou, se inclinado pra perto de mim, tocando minha bochecha e me fazendo sentir o calor da sua pele. —Mas aquela Sophia que eu vi lá na floresta também era bem atraente.

—Atraente e fraca. —Suspirei quando ele beijou minha testa, observando a expressão cautelosa dele. —Scarlett soube o que aconteceu? Ela chegou a me ver?

—Não. Você já estava sem as asas quando voltamos pro acampamento. Alec a levou para voar. —Harry balançou a cabeça ao ver a expressão tensa no meu rosto. —Não sei se ele vai contar a ela ou se já contou.

—Se eu pudesse, dava minhas asas pra ela. —Falei, escondendo meu rosto entre as mãos, sentindo as mãos de Harry se fecharem nos meus pulsos e afastarem elas.

—Não faz assim, linda. A culpa não foi sua. Você não tinha como prever o que ela ia fazer. —Harry beijou meus pulsos, onde antes aqueles braceletes estavam. —Scarlett não a culpa por isso. Ela olha pra você como se a admirasse.

—Ela é uma fofa. —Falei, sentindo meu corpo estremecer quando Harry roçou os lábios nos meus pulsos de novo, antes de fazer o mesmo com o outro. Engoli com dificuldade, sentindo meu rosto corar. —Nos dois nem tivemos um tempo a sós depois do casamento.

Ele me olhou, com os olhos iluminados e cheios de promessas, como se ainda fôssemos recuperar todo o tempo perdido.

—E vamos ter menos tempo agora. —Harry soltou minhas mãos, pegando uma carta, onde eu pude ver que era a sua letra nela. —Eu a escrevi, com a ajuda do príncipe Christian. Vamos usar as fadinhas para enviar uma carta ao herdeiro do trono das estrelas. —Eu me sentei ao ouvir aquilo, fazendo uma careta com a dor nas minhas costas. —Quero conversar com ele sobre tudo que aconteceu e talvez fazer um acordo, se ele estiver disposto a isso.

—Que acordo? —Indaguei, tentando entender aonde Harry pretendia ir com aquilo.

—Eu não sei. Isso depende dele. —Harry deu de ombros. —Mas não pretendo ficar sentado vendo você resolver tudo. Não depois do que aquela rainha fez com você.


Continua...

O Reino das Estrelas / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora