Capítulo 44: Magia antiga.

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Maisie

Isla se aproximou de onde nos estávamos, olhando para Alec de forma curiosa. Tinha certeza que como uma bruxa ela sabia muito sobre os peregrinos, mas isso não anulava qualquer possível curiosidade.

—Estávamos mesmo querendo falar com você. —Falei, olhando para Alec por alguns segundos antes de me virar para Isla. —Acha que vocês conseguem tirar isso dele?

Isla olhou para os braceletes nos pulsos de Alec, comprimindo os lábios como se pudesse sentir a magia presente nele. Seus olhos se voltaram para expressão impassível do peregrino, enquanto ela parecia pensar naquilo.

—As estrelas não foram muito gentis com você, não é? —Falou, fazendo os ombros de Alec ficarem rígidos e ele exibir uma expressão dura.

—Eu dei motivos a elas, apesar de seus métodos não serem tão agradáveis assim. —Alec deu de ombros, esfregando o pulso ao redor daqueles braceletes. —Preciso de uma magia antiga e forte o suficiente para quebrá-los. Então posso acessar meus poderes de novo.

—Vou conversar com as minhas irmãs e ver o que podemos fazer. —Isla afirmou, enquanto Alec assentia com a cabeça, parecendo não estar muito interessado em esperar. Ele estava impaciente, mas eu estava começando a ficar assim agora que sabia tudo que Sophia havia passado.

Quando Isla se retirou eu fiquei de pé e fui atrás dela, deixando Christian com Alec. Ela não olhou para trás, mas eu tinha certeza que sabia que eu estava a seguindo. Ponderei sobre o que eu deveria perguntar primeiro, enquanto minha cabeça parecia ficar embaralhada de dúvidas.

—Qual o problema, princesa? —Ela se virou pra olhar pra mim, com a sombra de um sorriso nos lábios. —Faça suas perguntas.

—Eu só queria saber o que você sabe sobre as estrelas. —Falei, umedecendo os lábios com a língua. —Sophia foi parar lá e pelo que Alec contou as estrelas não são nada do que imaginamos.

—Isso não me surpreende. As pessoas sempre tem uma visão errada das coisas com base em lendas e superstições idiotas. —Isla se aproximou de mim, olhando para o acampamento ao nosso redor. —Quando as estrelas ainda desciam aqui, para passear entre nós, elas eram reverenciadas e endeusadas como divindades da mais pura magia. As pessoas rezavam por elas. —Ela sorriu fraco, balançando a cabeça negativamente. —Mas esse é o problema, não é? O poder, a inveja e o desejo sempre sobem a cabeça quando você prova um pouco dele. Com as estrelas não foi diferente, não importa o quão pura é sua magia se seu coração está corrompido.

—Alec disse que elas pararam de aparecer aqui por conta de algumas estrelas estarem se envolvendo com bruxas. —Falei, vendo os olhos de Isla se iluminarem e ficarem maiores quando ela ouviu isso, como se magicamente tudo fizesse sentido pra ela. —Os peregrinos são...

—Nossos descendentes? —Ela sorriu, um sorriso grande e cético. —É claro, isso faz todo sentido. As estrelas gostavam de serem apreciadas como deuses e não de compartilhar seus poderes. Eles jamais permitiram que seu poder se misturasse com o nosso.

—Parece que elas interviram tarde demais. —Comentei, pensando em quantos peregrinos deveriam existir por aí e onde eles estariam se escondendo. Não conseguia imaginar estar em um lugar com diversos seres idênticos a Alec, com aquelas longas asas e sua beleza de tirar o fôlego.

—Existe uma coisa que todos os seres precisam aprender, vossa alteza, e se você não aprende isso, então você é ingênuo e facilmente manipulável. —Isla se inclinou para perto de mim, com os lábios se enrugando de leve. —Nenhuma raça é totalmente boa ou totalmente mau. Existem aqueles que tem o coração tão puro, como aqueles com o coração tão sombrio. Não se deixe enganar por história e pelo encanto de alguns seres.

Isla se afastou, me deixando parada no meio daquele acampamento, com o coração martelando dentro do peito e um formigamento por todo meu corpo, como se o que ela tivesse falado tivesse me atingido de todas as formas possível.

Respirei fundo e me virei de volta para a barraca, esfregando as mãos na saia do vestido enquanto me aproximava. Parei na entrada, com a respiração se entalando na minha garganta quando ouvi a voz de Alec e Christian muito clara do lado de dentro.

—Quando vai dizer a ela?

—Não tenho nada pra dizer. Quando tudo isso acabar eu vou voltar para o meu reino e ela para o dela. —Christian respondeu, com uma voz que parecia tensa. —Cada um vai seguir o seu caminho e acabou.

—Não acabou e você sabe disso. —Alec retrucou, enquanto eu me aproximava mais da entrada da barraca. —Estou com vocês a algumas horas e já percebi isso, então não me faça de idiota e principalmente não aja como um idiota.

—Não acha que está sendo um pouco prepotente agora? Você não me conhece e não conhece a Maisie. Você não sabe toda a história por trás do motivo de nós dois estarmos aqui hoje. —Agora a voz dele estava fria, como se ele estivesse tão frustrado e irritado que não conseguisse se conter. —Eu vou ser rei um dia e ela está longe de desejar qualquer uma dessas coisas. Tínhamos um acordo, eu fiz merda e ela acabou com tudo. Não existe mais nada a ser dito ou feito sobre isso.

—Não sabia que príncipes eram tão burros. —Alec soltou uma respiração pesada, enquanto eu mordia o lábio para não gargalhar alto, porque imaginava a expressão descrente no rosto de Christian ao ouvir aquilo. —Mas você está se superando.

—Se me ofender de novo, vou pegar a Maisie e ir embora daqui. Aí você vai ter que se virar sozinho. —Christian afirmou.

—Ela não iria embora, você sabe disso tanto quanto eu. Sophia é noiva do irmão dela. —Eu olhei por uma fresta da lona, vendo Alec e Christian sentados de frente um para o outro. O peregrino estava sério e indiferente, enquanto Christian parecia querer pular em cima dele. —E você não iria deixá-la aqui. Então pare de falar asneiras.

—Asneiras. —Christian soltou uma risada abafada. —Não sabia que peregrinos eram tão ridículos.

—Ridículo ou não, você sabe que eu estou certo. —Alec se colocou de pé, lançando um olhar para Christian que teria feito qualquer um se encolher. —Diga a ela a verdade, antes que isso termine e você a perca de vez.



Continua...

O Reino das Estrelas / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora