Capítulo 48: Noivado.

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Maisie

Entrei na barraca, sentindo meu coração martelando dentro do peito e minha garganta doer com o quão rápido eu estava respirando naquele momento. Christian entrou logo atrás de mim, parecendo tão confuso e assustado quanto eu com o que tínhamos presenciado naquela convenção de bruxas.

Havíamos corrido para fora daquele lugar assim que mais bruxas começaram a aparecer, depois daquela mulher começar a prometer a eles que os ajudaria a conseguirem não só um lugar em uma corte de um dos reinos, mas um reino todo só para as bruxas. Havia algo na voz dela e no jeito que ela se movia, que me deixou tonta e com a cabeça doendo.

—Maisie...

—Quem você acha que ela é? O que ela quer? —Indaguei, me virando para Christian assim que ele disse meu nome como uma súplica muito baixa.

—Eu não sei. Ela não era bruxa. Não se parecia com uma. —Ele balançou a cabeça, parecendo tão pedido quanto eu com o que havia acontecido naquele lugar. —Ela parecia humana, mas tinha alguma coisa diferente nela. Algo mais...

—Mágico? —Falei, vendo ele balançar a cabeça que sim com hesitação. —As bruxas ficaram em silêncio assim que ela começou a falar, como se estivessem completamente encantadas com a presença dela. Foi tão estranho.

—Precisamos voltar ao continente, Maisie. Precisamos avisar os reinos do que está acontecendo. Não faço ideia de quem ela seja, mas prometer um reino todo para as bruxas no continente não significa uma coisa boa. Não posso ficar aqui enquanto coisas acontecem nas sombras e não sabemos o quão perigosas elas são. —Christian afirmou, parecendo muito mais com o príncipe que eu havia conhecido, do que com o Christian que eu havia aprendido a conviver. —Já tivemos problemas com bruxas o suficiente. Apoiamos o casamento do seu irmão com aquela moça exatamente por isso. Mas infelizmente ele não aconteceu e as bruxas não estão nada felizes com isso.

—Mas e o Alec?

—Ele é um peregrino. Ele vai ter seus poderes de volta com a ajuda de Isla. Eu e você não podemos fazer nada por ele. —Afirmou, com um tom sério que me fez hesitar. —Alec pode resolver o que tem pra fazer aqui e ir pra Del Mar. Mas eu preciso voltar para o meu reino e avisar o meu rei do que vimos aqui, e você precisa avisar o seu.

—Não podemos ir. Eu não posso ir. —Falei, muito baixo, vendo Christian fechar os olhos e soltar uma respiração pesada. —Sophia ainda está lá naquele reino. Você ouviu o que Alec disse. As estrelas...

—O que nos dois podemos fazer, Maisie? Somos só um príncipe e uma princesa perdidos. Não temos poderes como Alec. —Christian passou as mãos pelos cabelos, parecendo tão cansado e tão perdido por alguns segundos. —Por favor, podemos arrumar um navio e voltar pra lá. Aqueles homens já devem ter sumido ou sei lá. Só vamos pra casa, Maisie.

Passei a mão pelos meus cabelos, sentindo um peso enorme sobre meus ombros. Podia sentir os olhos de Christian em mim o tempo todo, avaliando cada reação minha.

—Maisie, se qualquer uma daquelas bruxas souberem que estamos aqui, tenho certeza absoluta que elas vem até aqui nos pegar. —Christian afirmou, e eu sabia que ele tinha razão depois do que nos vimos e ouvimos. —Eu preciso voltar e não posso deixar você aqui.

—Eu não pedi pra fazer isso.

—Mas aposto que pensou. —Rebateu, erguendo as sobrancelhas. —Eu passei a conhecer você, sabia? Sei que está pensando nisso. Que eu posso ir e deixar você aqui. Que ninguém me culparia. Que não tenho obrigações com você agora que não somos mais noivos.

—Não é nenhuma mentira, é? —Dei de ombros, vendo o rosto dele parecer tão irritado de repente.

—Foi você quem desmanchou o noivado, Maisie. Não eu.

—Não era um noivado de verdade mesmo. Era falso. Era um acordo nosso que estava fadado a dar errado. —Falei, vendo ele comprimir os lábios e se aproximar mais de mim, enquanto eu sentia a respiração se prender na minha garganta com o que via nos olhos deles. Fogo, desejo, raiva e frustração.

—Era falso porque você queria que fosse falso. —Sibilou, com as bochechas se tingindo de vermelho quando soltei uma risada incrédula e nervosa.

—Foi você quem desejou que as coisas fossem assim, Christian. Não eu.

—E você por acaso ia dizer sim se eu te pedisse em casamento de verdade? —Indagou, me pegando de surpresa quando se aproximou mais ainda, ficando a centímetros de mim e me obrigando a erguer a cabeça para encara-lo, me sentindo sem fôlego e incendiando por dentro pela forma intensa que ele me encarava, como se não existisse mais nada além de nós dois ali. —Me responda, Maisie, você teria dito sim?

—Não. —Sussurrei, com o tremor na minha voz não passando despercebido por Christian, que comprimiu os lábios como se quisesse conter todas as palavras que queria jogar sobre mim naquele momento. —Eu não teria dito sim, porque estava desesperada para não precisar me casar por obrigação. Eu não queria passar a vida ao lado de alguém que eu nem conhecia direito e que estaria mais preocupado com a coroa que estava sobre sua cabeça, do que com sua própria esposa.

Christian engoliu muito lentamente, como se o ato doesse profundamente nele, enquanto não desviamos os olhos um do outro. A sensação entre nós dois era como um imã nos puxando um para o outro, com a tensão daquela discussão deixando tudo mais intenso ainda, fazendo cada parte do meu corpo estremecer em ansiedade e nervosismo.

—Mas e agora? —A voz dele saiu tão baixa que quase não ouvi, o que me fez umedecer os lábios com a língua quando minha boca ficou seca. —Você me conhece. Você conhece o Christian e não o príncipe herdeiro. Você diria sim se eu a pedisse em casamento?

—Está me pedindo em casamento de verdade agora? —Indaguei, soltando um suspiro de surpresa quando ele segurou meu rosto com as duas mãos, aproximando ainda mais o corpo do meu a ponto de eu sentir seu calor que me fez queimar ainda mais por dentro.

—Me responda, Maisie. Quero uma reposta concentra e não uma pergunta. —Afirmou, fazendo cada pensamento meu evaporar com a seriedade do seu tom. Aquela pergunta era perigosa, eu sabia. Mas estava sentindo meu corpo vibrar em excitação com o que estava acontecendo ali.

—Eu diria não para o príncipe herdeiro, mas diria sim para o Christian. —Fui sincera, porque não gostava de mentir para ninguém e principalmente para mim mesma.

Christian soltou o ar com força, me encarando com um brilho nos olhos que me fez tomar coragem para segurar na sua camisa e grudar meus lábios nos dele, cansada de esperar por uma atitude dele.


Continua...

O Reino das Estrelas / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora