Doce Aurora

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Aurora desviou o olhar, não conseguindo sustentar junto ao olhar de Christian. Só pensava no quão atraída estava pelo homem engravatado, tanto que não conseguia disfarçar sua vontade. Christian mantinha sua postura e respeito, mesmo interessado pela garota de rosto inocente e olhar penetrante. Mesmo que estivesse excitado por pouco. Quando sua boca abriu para respondê-la, pode ver sua mãe caminhando de braços abertos na sua direção e, para evitar qualquer tipo de constrangimento por estar ao lado de uma moça bonita, preferiu pedir licença para Aurora, se retirando para se encontrar com sua mãe.

A garota apenas o observou ir, notando a senhora de cabelos castanhos passar a mão em seu rosto, depois olhando para ela, retornando seu olhar para seu filho, tornando a comentar algo totalmente inaudível. Queria ser uma mosca para saber sobre o que falavam.
Christian sabia que se Suzane Romeno chegasse perto de Aurora ou Cristina, entraria no assunto que ele mais temia e fugia sempre que podia – casamento. Seus pais queriam que o primogênito casasse, e pretendiam até mesmo virar cupidos caso fosse necessário. Pelo menos evitou que passassem por tal constrangimento sem tamanha necessidade.

— Ate Amélia está noiva e você sequer me apresentou alguém, Christian. – reclamava, tentando mais uma vez fazer a cabeça do mais velho. — Seu pai e eu estamos velhos, querido, pense nisso. – beijou sua bochecha.

— Não seja tão dramática, mamãe. – resmungou. — Eu já segui os passos do papai, agora quer me obrigar a casar? – falou impaciente, pegando mais um copo de uísque da bandeja do garçom que parou para servi-lo assim que os viu.

— Estou apenas te aconselhando. – o tom de voz de Suzane afinou, deixando nítido sua irritação por conta da acusação de seu filho. — Darei atenção para os convidados. Divirta-se. – passou às mãos em seu ombro, se virando para falar com um grupo de amigos próximos a seu marido, que se encontrava em uma cadeira de rodas.

Christian sequer abriu a boca para dizer algo. Bebericava apenas sua bebida gelada, retornando para dentro da mansão. Ele não queria nem estar presente naquela festa de fachada. Sabia muito bem o motivo de sua mãe tê-la feito. Amélia casaria com seu namorado de infância, o orgulho de seus pais, enquanto ele nunca apresentou uma menina para a família. Isso não significava que gostava de rapazes, ou que vivia sozinho, apenas mantinha sua vida amorosa em sigilo. Totalmente longe de holofotes. Gostava de ter sua vida pessoal privada. Era algo que importava somente para ele, ainda mais sabendo que, caso arrumasse uma namorada, ela seria roubada por sua mãe.

Christian sentou no sofá da área da piscina, observando o céu e bebericando seu uísque, pensava em seu melhor amigo e no quanto queria que ele estivesse presente, mas o mesmo trocou a festa por uma noite de amor com alguma mulher de rede social. Não julgava, apenas sentia inveja por ele ter a opção de não comparecer e curtir da forma que realmente desejasse. E, enquanto o homem engravatado e irritado se lamentava da sua noite, Aurora o procurava com os olhos, andando pelo salão bebericando mais uma taça de champanhe escondida. Queria adentrar a mansão, até mesmo para procurar um banheiro, já que na área onde se encontrava sempre tinha alguém o ocupando.

— Ei! Você é a menina que derrubei chocolate quente. – uma voz parecida com a de Camila soou ao lado de Aurora, tirando sua atenção para o que iria fazer.

Aurora olhou para a menina, notando que realmente era a mesma com quem tinha esbarrado na empresa e lhe causado um pequeno acidente.

— Eu sinto muito por aquele dia. – se desculpou, se sentindo mal por ter sido desastrada. — Eu sou Vanessa. – se apresentou, estendendo sua mão para que Aurora apertasse em um cumprimento.

Era melhor do que dois beijos na bochecha. Ela não gostava desse hábito e evitava o máximo não ter que praticar.

— Aurora. – retribuiu o aperto de mão. — E não precisa se preocupar com aquele dia, foi um incidente. – tranquilizou a garota. — Hum... Você sabe me dizer onde tem outro banheiro por aqui?