Contra todas as promessas de amor

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Cristina se arrumava para ir de encontro com Christian, seu chefe

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Cristina se arrumava para ir de encontro com Christian, seu chefe. Pegou sua bolsa, as chaves e o celular, carregando consigo uma grande sacola com todos os presentes que o homem dera para sua filha. Aurora permanecia na sala, sentada no braço do sofá, de frente para a porta, com os seus olhos vermelhos e um pouco inchados por ter chorado ao ver sua mãe disposta e ouvir um pouco mais de seus sermões. Acordara com uma sensação ruim, como se estivesse prestes a perder o que mais queria. Seu celular permanecia em seu bolso, podendo pelo menos manter contato com os amigos — e Christian. Seus amigos tentavam confortá-la, mas grande parte das conversas sequer conseguia manter sua mente prestando atenção, desligando até mesmo a ligação, sem ao menos dar uma satisfação.

Camila e Josh estavam preocupados, conhecendo a amiga perfeitamente bem. Aurora iria se isolar e não seria uma pessoa nada agradável. Os problemas com os pais também não facilitavam nada para que conseguisse superar o que estava acontecendo.

— Me de suas chaves. – Cristina balbuciou autoritária, estendendo a mão direita para a garota sentada no braço do sofá.

— Vai me deixar trancada dentro de casa também? – perguntou em um resmungo, dando de ombros ao notar que sua mãe não cederia, tampouco retrucaria sua malcriação.

Levantou o suficiente para ter acesso ao seu bolso. Suas chaves estavam no bolso de seu short jeans, por estar com planos de sair de casa para espairecer, ou enlouqueceria dentro daquelas paredes, por saber que sua mãe e o amor da sua vida conversariam a seu respeito, a deixando de fora de tudo.

— Estou fazendo isso para o seu bem, minha querida. – disse, tentando tocar a bochecha de Aurora, que se esquivou do toque. — No final você me agradecerá.

Cristina guardou as chaves da garota dentro de sua bolsa, pegando o que era necessário para sair, fechando a porta da casa, trancando-a. Aurora havia mentido diversas vezes, escondendo um romance proibido, que acontecia debaixo de seu nariz. A deixou apenas com o celular, por precisar se comunicar com a jovem. Precisava colocar um fim no que estava acontecendo, até mesmo para não perder seu trabalho, pelo menos não por ora. Também não queria chegar ao ponto de contar tudo para Fernando, seu ex marido. Muita coisa havia acontecido e não queria mais problemas. Abriu a garagem e se retirou com o carro, dando partida até onde se encontraria com Christian, em seu apartamento.

Aurora permaneceu no braço do sofá, se sentindo a pior pessoa do mundo. Não era mais confiável, não para sua mãe, e estava sendo tratada da pior maneira possível. Repudiava a forma que sua mãe lidava com o que reprovava. Seu pai pelo menos entenderia, afinal, ele também errou em certo ponto e tentava a todo custo o seu perdão. Talvez ele pudesse ajudá-la, pensou. Engoliu uma saliva que se amontoou em sua língua, se levantando em seguida, sem saber para onde ir dentro de sua própria casa. Caminhou até a cozinha, sentindo-a vazia sem seu pai cozinhando, e decidiu ir para o seu quarto, amaldiçoando as lembranças felizes, com sua família completa. Subiu os degraus da escada com certo desânimo, tendo ciência que em seu quarto também seria tedioso por não ter com o que se distrair. Não precisava mais estudar, pelo menos não por ora. Sentia saudades de seu avô, e das conversas inteligentes que tinham um com o outro. Sempre fora curiosa e ele sempre fora um homem que sabia usar as palavras. Apesar da sua formalidade, o que acabou pegando dele, seus conselhos eram tão maduros e vívidos, que se desprendia de tudo a sua volta apenas para ouvi-lo.

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