Pedaço do céu

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Sentada em sua cama após terminar de fazer a lição de casa que o professor de geografia havia passado, se perguntava se estava fazendo a coisa certa em não ter contado para os amigos sobre o beijo que deu em Christian em seu escritório

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Sentada em sua cama após terminar de fazer a lição de casa que o professor de geografia havia passado, se perguntava se estava fazendo a coisa certa em não ter contado para os amigos sobre o beijo que deu em Christian em seu escritório. Ela não queria mais tocar no assunto sobre o homem engravatado na escola, não depois de ter se envolvido além do que esperava com ele. Não podia correr riscos de alguém descobrir. Tinha total consciência da diferença de idade entre eles, podendo ter interpretações equivocadas sobre seu envolvimento. Sabia que seus amigos jamais abririam a boca para a difamar, por outro lado, outras pessoas, vulgo Pamela que a odiava, poderia muito bem usar essa informação ao seu favor, destruindo sua vida e sua amizade com Nicolas. Não queria magoá-lo de forma alguma.

Apesar do executivo se recusar a mandar uma mensagem, mesmo depois de ter salvo seu contato, fazendo parte de sua lista telefônica, sentia que a qualquer momento ele cederia. O aparelho celular andava com ela para todos os lugares, esperando um sinal. Na sexta feira, quando estava na escola, sendo proibida de usar o celular, se sentiu agoniada e hiperativa, ansiando a todo instante em ligá-lo e ver se ele havia tomado uma iniciativa. Se torturou em todas as aulas pensando se ele realmente conseguiu achar seu numero no bolso do casaco cinza que havia devolvido com seu cheiro. Pedia mentalmente que não fosse tão disperso ao ponto de não verificar os bolsos do moletom. Tinha medo dele ser igual a ela, distraída e esquecida, ao ponto de esquecer qualquer coisa dentro do bolso de qualquer roupa e por na máquina de lavar, levando de brinde um esporro de sua mãe.

Seus amigos só não perguntaram o que estava acontecendo, pela mesma evitar transparecer estar eufórica, a não ser nas idas ao banheiro para lavar o rosto e se sentir menos quente. Camila percebeu que ela falava pelos cotovelos por puro nervosismo, mas se deixou levar pela resposta que teve, focando em um plano para fazer Victor chamá-la para sair, ou acabaria o ensino médio sem conseguir uma investida do rapaz.

Havia sido um último dia de aula diferente. Todos pareciam estar distantes, tentando lidar com sentimentos que os pegaram de surpresa, em um dia da semana em que deveriam estar felizes pela chegada do final de semana.

O beijo que deram ainda vagava pela sua mente. As bocas coladas em um beijo calmo mexeu muito mais com suas cabeças e sentimentos do que imaginavam. A sensação no exato momento era como se nada importasse a sua volta, somente a atração e química que estavam trocando, com seus corpos colados desejando estar exatamente assim. Grudados. Juntos. Era como se estivessem dando o primeiro beijo de suas vidas com alguém realmente especial. Se sentiam escolhidos, eufóricos. Conectados por alma. Ambos se sentiam estranhos, tentando absorver o que estava realmente acontecendo entre eles.

Aurora tentava se manter em silêncio, vagando pelos seus pensamentos férteis, lembrando do toque de Christian em sua cintura enquanto se beijavam, mas seus pais decidiram que isso não era possível naquele início de tarde. O almoço estava sendo preparado na mesma intensidade que uma briga se iniciava. Fernando estava passando a  sair de casa em um horário não tão habitual, sendo duas horas mais cedo que o normal, alegando estar abrindo o restaurante um horário antes pela demanda. E, aos finais de semana, ele dedicava sempre para a esposa, o que não iria acontecer naquele dia. A garota tentava evitar ouvir o motivo da discussão, mas era impossível. Apesar da residência ter uma estrutura de dois andares, a casa era pequena. Ela mesma tomava cuidado com o que conversava entre os amigos para que os pais não escutassem. Seus pais praticamente esqueceram da existência da garota no segundo andar. Não que ela tivesse algo para reclamar, gostava de ficar em paz com sua própria companhia.

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