Seu cheiro adocicado

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 Aurora dormia calmamente, totalmente esparramada na cama

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Aurora dormia calmamente, totalmente esparramada na cama. Seus cabelos soltos espalhados pelo travesseiro, sua perna direita descoberta e um braço caído do lado de fora da cama. Foi a posição que conseguiu se ajeitar para conseguir dormir, passando do horário do almoço pela primeira vez na semana. Seu dia anterior foi exaustivo, não pelo fato de ter trabalhado no restaurante, mas seus pensamentos aflorados a levavam sempre a mesma imagem, atormentando-a com seu desejo. Acordou apenas por ter começado a ter sonhos estranhos, que se repetiam e a faziam tremer sobre o colchão. Toda vez era assim, dormia demais e começava a ter sonhos que não faziam o menor sentido. A jovem ainda se sentia cansada, com vontade ainda mais de fechar os olhos e continuar descansando. Finalmente ao abrir os olhos, se espreguiçou por alguns segundos, se acostumando com o corpo desperto e levantou, caminhando até o banheiro para lavar o rosto.

Seu estomago roncava alto de fome, ainda mais sendo a hora do almoço. Desceu as escadas e notou o silêncio que estava a casa. Ainda estava cedo para seu pai ir para o restaurante, porém ele não se encontrava na residência e não tinha ideia de onde ele poderia ter ido. Sua mãe que sempre saía primeiro para trabalhar no escritório. Deu de ombros e foi direto para a cozinha a procura de algo pronto, mas não encontrou. Era a primeira vez que seu pai não deixou nada pronto, não deixou nem o almoço. Preferiu ignorar a mudança daquele dia e abriu a geladeira, atrás de algum alimento industrializado que ficava no fundo do congelador contra a vontade de Fernando, mas que Aurora amava, e a salvavam sempre nessas ocasiões. Porém, para o seu azar daquela tarde, havia acabado.

– Droga! – resmungou, pois teria que preparar algo para comer e estava com muita fome para esperar e ainda sonolenta para pensar em algo prático. Suas táticas na cozinha também não eram uma das melhores. Poderia colocar fogo em algum pano de prato e se alastrar por toda a casa.

Optou por fazer almoço, ou teria que comer biscoitos de agua e sal, o que seria péssimo e nada agradável para seu paladar e estômago naquele momento. Pegou duas coxas de frango congeladas e temperadas para fritar. Havia feijão cozido e fez um pouco de arroz. O mais demorado seria o frango. Era uma refeição leve, ainda mais não estando com paciência e disposição para preparar algo mais elaborado. Essa parte ela deixava sempre para Fernando. Pelo menos a cozinha estava vazia e conseguia fazer o básico sem quebrar nada ou colocar fogo na casa.

Enquanto mexia no fogo, seu celular começou a tocar no segundo andar. Aurora começou a cantar a música que colocou para receber chamadas e deixou tocar, já que estava ocupada. A música logo cessou, voltando a tocar em segundos, insistindo para que atendesse. Decidiu abaixar o fogo do frango e verificou se algo iria queimar no segundo que fosse ao andar de cima pegar o aparelho.

Com o celular em mãos, leu para saber quem estava ligando, sendo sua mãe. Sem demora, outra vez começara a tocar, atendendo de imediato, imaginando algum assunto sério vindo da mais velha pela insistência.

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