Doce Aurora

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Se pegou pensando no que falou sobre as aparências enganarem, e talvez Aurora não fosse tão inocente quanto pensava, ou fosse apenas uma menina imprudente, devido a pouca idade. Normalmente, quando estavam prestes a completar a maioridade, se sentiam mais adultos, donos de si. Também podia pensar dessa forma. Não iria tirar conclusões precipitadas sobre ela.

— Aurora, eu jamais faria algo de ruim com você. Eu sei da minha índole, porém, deveria ter dito para onde estava indo para alguém de confiança. Seja comigo, ou com qualquer outra pessoa. – aconselhou, sem perder o contato visual.

— Eu sei, fui imprudente. – admitiu, tendo consciência que deveria ter dito para alguém sobre seu paradeiro. — Eu só não queria colocá-lo em perigo por minha causa. – insistiu, desviando o olhar para as batatas esfriando em seu colo.

Christian soltou uma risada fraca, incrédulo na insistência da garota sobre proteger sua integridade. Ela estava realmente disposta a estar com ele, independente se colocasse sua própria pele em maus lençóis. Tinha total consciência da sua reputação e a da empresa, por ser presidente, ter um cargo muito importante e estar se envolvendo com uma menina de dezessete anos. Isso o atormentava. Mesmo se sentindo confortável, apreciando o momento e se sentindo iluminado com a linda menina ao seu lado, se sentia culpado pelo seu interesse. Sua vontade era de abraçá-la e lhe beijar os lábios, enquanto sentia o calor de seus dedos o tocando. Ele não a tocaria, mesmo que os olhos de Aurora o tocassem primeiro, dizendo que o queria.

— Pensa no que aconteceria comigo caso isso viesse a tona, mas não se preocupa com você? Inacreditável.

— Eu sei cuidar de mim, senhor Romeno. – deu de ombros, desviando o olhar e retornando para o lanche frio ainda em seu colo.

— Não fique chateada, eu sou apenas cauteloso. E agradeço sua preocupação comigo, só não quero que se coloque em risco por isso. – tornou a dizer, reparando que Aurora poupou olhá-lo desde então. Observava o pára-brisa a sua frente, acompanhando os passos de um casal de namorados que parou em frente de onde estava minutos atrás, compartilhando uma taça de sorvete juntos. Se perguntou qual o sabor eles haviam combinado em repartir. Ela invejou aquele momento, ao ar livre, sem se preocupar com as pessoas ao seu redor. Desviou o olhar e pousou com eles em Christian, que acompanhou o que a menina observava com atenção.

— Você não vai comer o seu hambúrguer? Já deve estar frio. – ignorou completamente tudo o que ele havia lhe dito, desembrulhando o papel do hambúrguer ainda morno, para a sua surpresa, com tanto bacon que alguns pedaços ficavam para fora. Deu uma mordida e fechou os olhos, levantando um pouco a cabeça, deixando seu pescoço desnudo pelos cabelos caírem para trás. — Mas está muito saboroso. Coma. – o olhou outra vez, falando com a boca recém vazia depois de engolir um grande pedaço da composição com o pão, queijo, bacon e carne, se preparando para outra mordida.

— Sua feição realmente diz o quanto está bom. – riu, desembrulhando agora o seu lanche, o pegando dentro da sacola de papel. Suas batatas ainda pela metade, enquanto a garota ao seu lado devorava com vontade e o deixava divertido ao vê-la com tamanha satisfação ao morder o sanduíche.

Comeram, ignorando a tensão dos momentos anteriores. E, com as sacolas vazias, riram de assuntos aleatórios. Aurora descobriu que Christian tocava alguns instrumentos e gostava de cantar algumas vezes, gostava de cozinhar e até brincou sobre Fernando o auxiliar em alguns pratos e, apesar de ter uma vida pública, era bastante tímido e reservado. Já ele, descobriu que a garota era viciada em romance literário, era faixa roxa no jiu-jítsu e não via a hora de se formar para dar início na faculdade de Direito. Trocaram informações valiosas, rindo como se conhecessem a algum tempo. A timidez de Christian não era tanta ao lado da garota descontraída e com a língua afiada para lhe responder sobre qualquer assunto. Cristina estava realmente correta em afirmar e se orgulhar quando falava de Aurora. Ele também estava ainda mais encantado.