Capítulo Trinta e Cinco

656 93 11
                                    

A vida é uma roda gigante, somos a imperfeição do mestre que nos dizem: amai vos uns aos outros.

Bem patético.

Quem sai do lixo para o luxo, não quer mais conhecer o lixo, vai ostentar as festas, o dinheiro, contatos com poucos, tratar mal quem valha menos que uma Lamborghini e fingir empatia nas campanhas solidárias, para agradar aos que estão chegando ou aos maquiavélicos do poder aquisitivo.

E ser bom, é atrativo para pobre. Você faz uma doação, já vira martírie, compra uma cesta básica, somos anjos e por assim em diante.

A crueldade é algo natural do humano, sem impôr condições, sem pestanejar, sem criar afins, simplesmente aflora-se e pronto, aos que dão desculpas, é porque não saiu como planejado, mas quando nada o aponta, a tranquilidade de que não estará atrás da grade, fica-se o alívio.

Os erros são colhidos, sabe-se desse processo, mas o importante é fazer aquilo que quer, não importa  a quem ferir, se será o algoz de alguém, foda-se.

Sou uma mulher linda, criada no meio do luxo, afortunada, só gabarito de escalão Classe A, pessoas contratadas só se fossem bilíngue, não importava a cor, tinha que ser poliglota. 

O mundo é uma palhaçada que nos deixam a mercê da tal escolha, e eu deixei a minha para servir meu corpo a todo o tal escalão, viciei em mas dinheiro, em humilhar as pessoas, aprendi quatro línguas diferentes, tinha quem eu quisesse. Quando se vende o corpo, não existe prazer e sim a necessidade de ter nome, ficar desejada por todos, tanto homem ou mulher.

Fiquei anos sendo a fixa de Moisés Assis, acertei no burro, ele era um cafajeste, mentiroso, mas andava no meio de pessoas ricamente bilionárias, ele era traficante de pedras preciosas, tinha sua fortuna gerada por esse dom da venda, mas esqueceu que um dia alguém iria pôr tudo a perder.

Homem tem um ego muito mais aflorado do que a mulher, eles tem exibir o tamanho do pau e o bolso, ele me deu várias jóias, tudo falsa.

Eu era a exclusiva das orgias, mais requintadas, tinham quatro, cinco bocas em mim, ele ficava se masturbando, só de olhar uma pessoa me chupando, beijando, metendo em mim. Quando eu estava bem fodida, ele colocava todos pra fora, me amarrava e eu cedia ao show dele exibindo aos que estavam fora assistindo dentro do quarto de vidro e quando ele viajava eu servia aos outros para o mesmo show.

Entretanto, eu não sabia que o canalha cobrava uma porcentagem sobre o valor que deveria ser meu, como se ele fosse meu cafetão, quando descobrir isso, já não tinha mais o que fazer.

Minha loucura, foi o Armando, pensa em um negro pobre que deixou muito multimilionário aos seus pés, ninguém dava valor, ninguém o ouvia, até que um empreendedor fora do Brasil, ouviu sobre a sua genialidade, do lixo para o luxo, fizeram entrevistas, o colocaram no cume e até hoje nunca saiu.

Ele nunca me tocou, porque o Moisés Assis era sócio dele, ele me respeitava, era o único que me chamava de mademoisselle, abria a porta do carro, um gentlaman sem comparações, eu ficava louca, ele não tinha fixas, não transava com mulher nenhuma, ele era o que eu mais desejava. 

Certa vez, o babaca do Moisés não havia me encontrado, ficou fulo e acabou pegando a Germana, minha amiga de aventuras, ela era uma pobre coitada que eu coloquei na roda, por ser uma guapa linda, magérrima, cabelos compridos, olhos verdes, lábios grossos, bem exótica, porém, não soube se assegurar como puta. Ficou um bom tempo junto comigo, transando com o Moisés e depois tirou ele de mim.

Não quis brigar, eu sempre falo que o mundo não gira, ele capota.

E um desses encontros que eles tiveram, a Germana saia toda enfeitada exibindo as jóias que ganhava e como aquelas bobas que se sujeitam a tudo, ele a jogou no capuz do carro e a fodeu na rua. Foram presos por atentado ao pudor.

E o Moisés estava sendo procurando por causa das pedras preciosas e um furto que ele planejou para prejudicar o Armando.

E a casa caiu.

A Germana ficou grávida.

Moisés Assis nunca mais foi encontrado, no entanto com as possibilidades que me permeio, fiz o Armando levantar falso testemunho contra o desaparecido, não poderia perder a oportunidade.

Minha vida, deu uma recaída e precisei me recompor e mesmo ao passar do tempo, as vezes me sinto na liberdade de me entregar a um corpo e me sentir viva.

Nada será como antes. Isso eu tenho certeza.

No entanto, estava quase conseguindo meus objetivos, quando eu fiquei surpresa que a Germana iria tirar dinheiro da filha, que ela nunca apresentou a ninguém, quando vi a garota entendi.

Ela tinha vergonha da filha por ser obesa, eu nada contra, deveria ter levado nas agências que amam politizar sofrimento alheio e feito a gorda ter virado o tal do plus size, mas como sempre Germana é muito mesquinha, sem visão.

Mas, o grito da liberdade, foi ter encontrado o Armando na sala de audiência com a mesma mulher de sempre, sortuda dos infernos, eu deveria ter focado nela, porém fiquei sabendo que eles casaram com comunhão de bens separados. Aí, não tem graça.

Então, apostei na gorda, para me aproximar do Homem que sempre desejei, mas meu intuito era mandar ela ir embora, só isso, porém as coisas pioraram quando Germana queria desfazer do acordo e ter a filha de volta, na cabeça miúda dela, a menina iria perdoa-la e até chama-la pra morar no palacete que se encontra, rodeada de mimos.

E eu iria perder a mamata que recebi? Jamais. Armando pagou muito bem pela gorda. E eu não iria voltar para o lixo mais uma vez, só precisava conseguir ganhar mais um pouco e ir embora.

No entanto, tudo desandou depois da idiota da invejosa da Sônia, mulher podre, ela planejou a morte da gorda, antes que eu conseguisse algo, imbecil. Precisei dopar a Germana que estava com a consciência pesada, nojo.

E aí apareceu mais uma tentativa com a Laura, outra burra, a chamei em meu escritório, ensinei como faria para encriminar a gorda,mas outra focada na pica do filho do Armando, fez tudo errado.

Então, eu precisei agir da minha forma, que era sequestrando a gorda para valer, já que dinheiro não falta para Armando, alguns a menos não fará falta.

Foi tudo uma armação bem feita, precisei atirar na gorda, mas sem matar, levei dois homens fortes para carrega-la e colocar no furgão. Foi tudo muito rápido, quando vi a movimentação na frente da casa dela, com SAMU levando alguém, segui para saber onde iriam.

Procurei logo o responsável pelas câmeras no hospital, entrei e sair, sem que ela me veja, pois certamente ela iria me reconhecer.

Depositei uma boa gorgeta para que o responsável pelas câmeras desligasse por três minutos, foi o tempo necessário, dos desparos, a gorda ficar com sangue na perna, ser levada no furgão e até que descobrisse o que foi que aconteceu já estaríamos longe.

E parece que era para dar certo, o tempo chuvoso, relâmpagos, trovões reinavam no céu, sem o plano exato e a vida me deu o momento certo.

Por enquanto, a gorda está só me encarando, perguntando o porquê ela, quais motivos a Germana fez isso?

Gargalho.

- Sua mãe é uma fraca. Precisei dopa-la, está internada em uma clínica para pessoas que precisam descansar a mente, ela me deve muito e quem vai pagar é você.

Ela é Minha! Onde histórias criam vida. Descubra agora