Capítulo Quarenta

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Meu pai me proibiu, em me aproximar da Sellena, mas eu só queria conversar, no entanto, ela não me deu oportunidade para explicar, já me colocou para fora, me tratou com indiferença, então, invadi a casa, mas a consequência, foi o susto e o sangramento, não era a minha intenção de nada disso, eu juro. Eu só quero chegar perto dela.  

- Marcelo. 

- Oi, Zé.

-  Eu sou seu melhor amigo, amo você cara, mas se chegar perto da minha irmã, eu perco a consideração que ainda o tenho, então, peço encarecidamente, não faça a gente brigar.

- José Pedro, eu amo a Sellena, porra, eu amo. Ela é tão teimosa, como uma mula, ela já decidiu, criar nosso filho sozinha, puta que pariu, eu sei, eu sei, sou um idiota, nunca disse de verdade o que quero, por não ter coragem de mostrar o que sinto, mas cara, ela é osso duro de roer.

- Marcelo, você invadiu a casa dela e deu um murro no amigo dela e graças aos céus, o senhor não teve sequelas, ficou parecendo um louco de ciúmes, sei que me ama, mas repetir meus erros, já foi demais. Tenha atitude de homem, HOMEM.

Um soco no esôfago sem receber.

Estamos ainda no hospital, esperando os exames, todos estão indiferentes comigo. A Dada me trouxe um suco, mas não falou comigo, a Jaja me deu um beijo na testa, disse que me ama, mas me deixou só, sinto um amargo, eu deveria ter escutado meu velho, se acontecer algo com a Sellena ou o bebê.

- Senhores, senhoras. - Uma médica se aproximou.- A senhorita Sellena está ótima e os bebês também.

- BEBÊS? - foi uníssono.

- Uau!! Ninguém sabia? São dois fetos, o outro bebê é menor, porém é tão saudável quanto o maior. 

Uma dor imensa no meu peito, as lágrimas caem como uma cachoeira, os soluços, a falta de ar, uma felicidade que jamais pensei passar, dois filhos, eu não mereço ser tão feliz assim, não, não, eu mereço sim e sei que nada agora fará mudar o que fiz.

- Parabém.

Minhas irmãs me abraçam e os soluços triplicam.

- Marcelo, estique o braço. - Ouço a voz do seu José.

Minha mãe, colocou o remédio em minha boca e me fez engolir com um pouco de água, minha pressão arterial foi para as cuncunhas, é isso que é ser pai? Sentir essa necessidade de cuidar, antes ao mesmo em ver em seus braços um serzinho que emana puro amor, delicado, desprotegido e muita coisa para nos ensinar, como eu quero tê-los em minha vida, darei minha vida a eles, mesmo que isso, seja não ter mais a Sellena e não tiro a sua razão, fui tosco. 

- Vamos para a casa.

- Deixa eu falar com a Sellena.

Todos me crucificaram ali. 

- Três minuto com nossa filha e autorizo desde já o José interná-lo sem dia para sair se algo fizer de errado. 

Os outros três homens da vida da Sellena de braços cruzados, com as sobrancelhas arqueadas e se tivesse uma escopeta em mãos com certeza estaria em minha direção.

Fui direcionado para o quarto onde se encontrava meus filhos.

A encontrei em oração, rindo para o telhado, como em agradecimento pela dádiva. 

Ao me ver, ela riu, passou a mão na barriga e abriu os braços e ao seu encontro, ficamos emocionados, não existia mais palavras, o sentimento que nos envolvem ali, nossos corações em uma única sintonia. 

Não tenho descrição para esse momento, somos nós, seremos sempre nós, mesmo não estando mais juntos, mas somos PAIS e tudo que seu Armando fez por  mim, poderei retribuir cuidando dos meus filhos, serei HOMEM, com a certeza dos meus erros e jamais me fará menor como exemplo.

- Gratidão pelos nossos filhos, estou extremamente em êxtase, precisei tomar remédio de tanta felicidade.

Ela me deu um beijo casto nas minhas mãos. 

- Independentemente se vamos ser família, eu que sou grata por ter me dado nossos filhos, desde já saiba que são dois garotões, lindos. 

Ouvimos a porta ser aberta. 

- Já vir com autorização do seu internamento, Marcelo.

- O quê. - Sellena fala confusa.

- Nossos pais se juntaram contra mim e se eu fizesse mal a você, estaria banido do clã dos Ferreiras e Goes. 

Ela abraça o pai e disse que a felicidade estaria completa se pudesse reunir todos da família. 

Concordamos. 

O pai disse que ela precisa dormir e que quando ela acordasse iria para a casa.

- Pai, o Marcelo pode ficar?

Ele pigarreia, me olha em soslaio, mas autoriza, porém meu pai, seu Armando, não concordou, mas disse que se a filha dele, confia em mim ainda, ele não iria impor. Os Ferreiras, são assim quando amam, amam. 

- Marcelo.. - ela se ajeita na cama, arfa.-  Eu estou com medo. 

- Eu também. 

- Não quero que se sinta obrigado a "casar" como falou mais cedo, sem necessidade. 

- Perdoe-me a minha infantilidade. Mas, eu só queria te ver, a meses não nos falamos, fui bloqueado,  de todos os encontros familiares, entretanto, sei o quanto mereço esse tratamento e para piorar disse que não sou pai, Sellena, não controlei meus ciúmes, o seu jeito turrão, igual a Jaja, a mesma coisa, não baixa aguarda, reta e direta. Aflorou, um lado meu que eu desconhecia, apesar de todos os erros cometidos na vida, desde me envolver com uma colega de trabalho, as orgias que frequentava, até coisas inacreditáveis que jamais poderia ter feito, não quero e nem desejo expor essa situação em relação aos nossos filhos, eles são meus, vou cuidá-los deles como uma necessidade absurda de sobrevivência. 

E ainda digo mais, que serei um exímio pai, será nós dois, eu respeitarei quando os colocar de castigo, não deixar brincar, 

- Sem celular. - falamos juntos. - E vice-versa. 

Ela me chamou, fiquei mais próximo e me abraçou novamente, ficou com a cabeça no meu ombro, pegou em minhas mãos, respirou fundo, me deu outro beijo na mão e assim, vamos recomeçar como duas pessoas que ainda precisa aprender, apesar de ser mais velho, não vir com bula, sou tão falho, todavia não irei errar como pai e se errar, quero reaprender todos os dias e que os anjos, arcanjos, querubins, serafins nos protejam da maldade e principalmente que eu aprenda e cresça todos os dias. 


RETA FINAL ...








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