Capítulo Vinte e Sete

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Eu descobri que sou afortunada, tenho mais do que o dinheiro possa comprar, eu tenho Amor.

Todo reboliço do meu sumiço, foi um ato de "confia em mim". Por ser muito transparente ao ouvir as ameaças meu seu semblante desconfigurou a alegria que estava em família e Jajá com a sabedoria dos anjos, fingiu que ia me beijar  e ouviu junto comigo a última frase da ameaça.

Ela foi rápida e se pôs a fazer graça, Marcelo e as meninas nem desconfiaram, permaneceu do meu lado, olhou-me nos olhos e disse: confia em mim.

Entrou para a sala, onde estava papai e o levou para o quarto, só perceberam que algo estava errado, quando ouviram um vidro ser quebrado.

Marcelo correu e as meninas ficaram assustada juntas comigo.

Não sei como os meus pais inventaram uma briga, de chamar atenção da vizinhança toda, falaram de separação, inventaram uma traição, Marcelo sem entende nada pedindo calma, falando coisas com a voz embargada até Jajá pegar um batom e escrever no espelho: é encenação.

Ele parou, de gritar, ficou só olhando a briga, como telespectador, foi algo de cinema.

Papai chamou a gente pra entrar e falou que ia se separar da Jajá.

Foi outro furdunço, eu estava estática, além de ser acusada de explodir a empresa, qualquer pessoa do meu lado, corria risco de morte e como o lugar que papai mora é uma rua de casarão antigos, provavelmente, o ameaçador (a), estavam em defronte.

Quando papai falava da separação, Jajá mandou todos sentarem e passou um papel escrito:

A Sellena foi ameaçada e os ameaçadores estão nos vendo. Precisamos tira-la daqui, eles não estão para brincadeira.

E assim o teatro continuou, as meninas postaram nas redes sociais sobre a tristeza da separação.

Marcelo precisou mentir pra Paulo, Zé e July, pedi que ela não fosse envolvida, papai concordou então para todo o defeito meus pais estão separados, fiquei olhando para o celular, tentando ligar para o número que fui ameaçada, mas já havia sido descartado.

As meninas e todos os outros viram papai saindo com uma pequena mochila e o táxi o vindo buscar, que na verdade era o advogado que está sendo um anjo em nossas vidas.

Eu inventei uma desculpa, para ir para casa e levei junto o celular da Dandara, pois acreditamos que não estaria grampeado ou na lista dos ameaçadores. O André, mandou eu pegar pouca coisa, deixar tudo na casa, só levar os documentos e pouco dinheiro, se acaso eu fosse seguida, não teria nada de valor.

Minhas carnes tremia, como bambu, imaginei saindo de casa e receber um tiro, aí também discutir com o Marcelo, já que todos sabem do nosso envolvimento, as meninas por gestos faziam legal e piscadelas, porque até no falar ficamos com medo de estarem no ouvindo e o assunto na casa só era a separação do nossos pais.

Sair da casa do meu pai, em outro carro, com Marcelo fingindo que estava brigando comigo, para dar mais veracidade a cena  e até chutou a porta do táxi, depois ele pagará esse prejuízo.

Cheguei em casa correndo, chorei, chorei, pensei no tomate me defendo dessa situaçao. Peguei o celular e comecei a ouvir o que o André sugeriu fazer, qual caminho deveria pegar e como ia proceder pois, com certeza, alguém poderia estar no meu encalço.

Coloquei uma blusa com capuz, óculos, uma bolsa com poucas roupas, meus documentos, deixei o celular de Dandara e avisei onde estaria e desligado e partir como uma fugitiva.

Mensagem no celular.

Já está indo? Nossa que amor você sente pelo velho ou ele é melhor na cama do que o filho, ou realmente querem protegê-los. Estarei vigiando você até onde estiver indo, não se preocupe, não vamos chegar perto é só para ter certeza que você não é idiota de voltar e nem se atrever a ligar, fazer qualquer coisa para chamar atenção, você só receberá o convite para o sepultamento de todos.

Sinto minha pele arrepiar.

Chamo o carro do aplicativo, fico na entrada da casa e em quinze minutos saio para a rodoviária da cidade.

Por uma coincidência vejo o Alisson, na rodoviária, com umas pessoas, estava bebendo, não falou comigo, eu também fiz a mesma coisa.

Comprei a passagem. O ônibus sairá daqui a duas horas, fiquei só, me assustando com tudo e todos que passaram ou se aproximaram de mim, o celular estava quase descarregando, procurei um lugar para carregar um pouco e uma nova mensagem chega.

Muito bem, deixar o celular bem carregado, já sabe que não estamos de brincadeira. ESTAMOS DE OLHO. 👁️👁️.

Respiro fundo e busco minha sanidade. 

Mais meu coração fica feliz quando vi o André disfarçado, quase eu grito.

Avisamos aos nossos passageiros que o ônibus das 19:00 irá se atrasar mais uma hora.

Inferno.

Paro para comer algo, porque senão iria morrer dentro do ônibus. Esperar por mais ainda, me dá mais medo.

Não vi mais o André.

O ônibus chega, sobe alguns passageiros, as lágrimas caem, como uma cachoeira.

Que seja sua melhor viagem gorda ridicula patética, achou que uma chave de boceta iria ser seu caminho para tirar uma fortuna que me pertence. Se enganou.

Sento na poltrona, coloco as pernas na outra, aproveito que ainda estou só.

Faço um apanhado, da minha vida, resolvo a me culpar por tudo, esse meu jeito espalhafatoso, ser muito espontânea, confiar demais, pode ter sido, o motivo que estão tentando me matar.

A inveja destrói tudo.

Existem pessoas de vários formas de pensar, porém existem duas mais peculiares.

As que correm atrás e fazem de tudo por si mesmo e a outra que espera do outro e se sentem na razão de tirar o que querem.

Me recuso a pensar que estou na segunda opção, sempre fui atrás, a Germana, só me deu de comer até os três anos, a partir dos quatro anos, eu só comia se fizesse o que ela desejava. Se a nota do diário fosse menos que nove, eu só comeria uma vez por dia.

Se eu era a mais tagarela, então, imagine o que acontecia. 



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