Capítulo Trinta e Nove

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Minha vida deu um salto de 180°, estou grávida, morando sozinha, numa casa fazenda que comprei com ajuda dos meus pais, precisei desse momento, para ingerir tudo e com o Marcelo próximo não iria dar certo. 

O Aristides, graças a Deus não ficou com nenhuma sequela, ele e Nonoca estão cada dia mais apaixonados, o casamento ainda irá acontecer e óbvio que será aqui onde moro atualmente, pois pense em um lugar que a natureza é perfeita, eu estou encantada. 

Pedi demissão da empresa, cortei vínculos financeiros, foi muita exposição para os Ferreiras e minha vida destrinchada, como uma galinha desfiada. A Germana desapareceu, logo depois do meu resgaste, ela ainda tentou buscar, da Andrea sobre o dinheiro, mas meu pai fez uma generosa contribuição e como passe de mágica, ninguém sabe dela. 

A July foi para uma audiência em relação ao bebê, já que o Ricardo, marido do genitor, o forçou aceitar a gravidez e assumir todas as despesas, ainda bem que as meninas foram com ela e até o Zé droguinha apareceu, deixando o time mais reforçado. 

Nunca irei entender, essa politização de machos alfa, que reproduz e ainda se acham no direito de humilhar a mulher, por quaisquer circunstância, por mais que ela não tivesse contado sobre o que fazia antes, ele tampouco respeitou o casamento de mais de dez anos e mesmo assim, se diz ofendido. Alguém, sabe onde eu aperto para diminuir esse alter ego? É cada baboseira. 

O pior que nessa gravidez meu libido está totalmente maior do que antes, comprei vários vibradores, fico me deliciando sozinha, tem um vibra grudado na porta do guarda roupa, que eu fico loucamente de quatro, só saio quando o corpo fica exausto e todos eu chamo de "Celo". Eu sou uma boba, morro de saudades dele e da forma que me encontro, acredito que ele iria gostar da ajuda extra. No entanto, o Marcelo não é saudável psicologicamente ...

Ouço a campainha. 

Mas não marquei com ninguém e ao olhar pelo vídeo, vejo que ele está aqui.

- O que quer aqui?

- Precisamos conversar, é óbvio.

- Não temos nada para conversar. 

- Você está gravida e eu sou pai...

- Quem garante? 

- Abra esse portão Sellena, eu quero saber do meu filho, eu sou o pai, você não pode...

- Você não é o pai e eu nunca disse que é você, ou disse? Dê meia volta e não me volte mais aqui. 

Ele sai em disparada, fazendo poeira, subir. 

Não quero ele na minha vida.

Vou para o banheiro, só em vê-lo meu corpo fica em ebulição, sei que posso estar fazendo tudo errado, porém não quero ceder, eu sei o quanto ele manda em meu corpo, das nossas loucuras, do que sinto e ele? Sempre indeciso, fala só dá boca para fora, quer e não quer...

- Eu não quero o quê.

- Infernoooooooooooo, seu louco doente, como entrou aqui...

- Fui educado e você não foi e ainda desdenha que eu não sou pai..

- Vá embora, Marcelo. 

- Se eu não for pai, quem é?

O susto foi enorme, comecei a sangrar, meu corpo fica trêmulo, Marcelo me pega nos braços e me leva para o carro, liga para nossos pais e fala o que aconteceu, a Jaja disse que vai esmurrá-lo, se acontecer algo com o neto dela, ele esbraveja disse que eu o provoquei, dizendo que o filho não é dele e ela riu,  o deixando mais nervoso.

- Minha dengosinha...

- Não me chame assim, não sou mais nada sua...

- A gente vai casar...

- Cala a boca Marcelo e só me leve para o hospital e se antes eu não queria nem olhar para você agora mudo de país.

Ele começa a falar sobre não sei o quê, porque sinceramente não prestei atenção, que dor insuportável, aonde eu vir me meter, amar um homem, cheio de desculpas da vida, ninguém merece, um relacionamento com dúvidas e inseguranças. 

- Está me ouvindo, Sellena?

Permaneço calada, não vou dizer mais nada, falar o que, ouvir o que, tudo que nesses meses ele repete, sem nenhum tipo de consistência, que ao menos seja por nós, mas ele só fala "Eu".

- O que aconteceu aqui?

- Pai José. - Ele é meu pai, meu genitor. 

- Ela começou a sangrar...

- Marcelo, saia daqui, não quero minha filha, mais tensa, nervosa com sua presença e saiba o que ela decidir eu estarei ao lado dela.

- Seu José, ela me disse que eu não sou o pai.

- Então, respeite o que ela disse...

- José, não fale assim com o Marcelo. - meu pai amor chegou. - Marcelo saia daqui, não quero a Sel,  nervosa e se algo aconteceu com nosso neto, a gente acerta você e eu o avisei para não ir  a casa dela, você é um inconsequente. 

Ouvir meus dois pais me defenderem, não tem preço. O médico mais requisitado, comemorou bebendo com seu arqui-inimigo, eles se tratam assim, agradecendo pelo que Armando faz e fez por mim. 

No dia do resultado do DNA, recebi uma cesta de café da manhã, do meu irmão, que estava aos prantos, junto com nosso pai e a família Ferreira, menos Marcelo. Eu sou muito agraciada, sofri em vinte e um anos, porém em compensação, essa felicidade que tenho em mim, jamais apagará.

Agora os dois estão tentando pôr os nomes na certidão, a Jaja como minha mãe e os dois pais.

- Vou levar nossa filha, para fazer os exames.

O sangramento cessou, só sinto uma incomodação e espero que não seja nada mais, não foi um filho planejado com amor, sei das responsabilidades que são agregadas somente a nós mulheres, vi isso muito pelo bairro que morava, outras mulheres condenando a responsabilidade de um filho, ser só da mulher enquanto o pai coloca uma tatuagem no braço e tira uma foto a cada um ano no aniversario é ovacionado como o melhor ser humano da terra.

Não vou deixar meu filho sem pai, mas não quero um homem, medroso, que sempre terá com o que comparar, como se um filho fosse a representação dos erros. Imagina, meu pequeno crescendo ouvindo que é um "erro". Não quero e nem vou permitir que isso aconteça, quando somos criados assim, crescemos inseguros e sem amor próprio. 




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