50| Dara

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Olhando pela janela daquele transporte caótico, reparava em todos os detalhes do exterior do local

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Olhando pela janela daquele transporte caótico, reparava em todos os detalhes do exterior do local. Reparava em cada árvore, em casa moradia, em casa pássaro, em casa detalhe, do mais simples ao mais complexo. Deixei minha mente viajar, junto com meu meu corpo, que viajava para um local distante e talvez perigoso.

E repentinamente, o telefone tocou. O meu telefone tocou. Era uma chamada totalmente inesperada.

— Alô? Pai? — falei próximo ao microfone do celular, tentando abafar o barulho que predominava dentro daquele trem.

— Alô, filhinha! Liguei para saber se está tudo bem.— A voz de Alexei ecoou pelo telefone.

— Está tudo bem sim, papai! E com vocês? — indaguei.

— Fico feliz que esteja tudo bem. Estamos bem também, minha lindeza. — Papai replicou, provavelmente sorrindo. — Como estão às aulas?

— Está tudo ótimo, papai! — respondi breve, com medo dele notar os sons excessivos ao meu redor. — Agora tenho que desligar pai, nos falamos outra hora, pode ser?

— Claro que pode, filha. Eu te amo muito, não se esqueça disso! Qualquer coisa, basta me ligar. — Alexei afirmou eufórico. Instantâneamente uma lágrima escorreu em meu rosto. Eu sentia falta daquele abraço aconchegante que só ele tinha, e daquele consolo que só ele sabia me proporcionar.

—  Também te amo muito, pai! — finalizei, em um quase sussuro. Desliguei o telefone, e limpei aquelas lágrimas singelas.

— Pode chorar, não faz mal. — Yabel anuiu passando a mão em meus cabelos. Assenti com a cabeça, e segui em silêncio.

Olhei ao redor. Daisy estava apoiando-se nos ombros de Wade. Dylan e Marcus jogavam algum jogo em seus celulares. Isabela e Gabriel conversavam sobre alguns assuntos aleatórios. Miles estava com fones de ouvido, escutando alguma música.

Não achei justo que Miles ficasse sozinho, aliás ele e meu irmão são namorados. Levantei-me do meu assento, e toquei os ombros de Miles.

— Miles, senta lá com o Yabel! — sussurei assim que ele tirou os fones de ouvido.

— Tem certeza? Você quer ficar sozinha? — Miles indagou, um pouco preocupado. Talvez tivesse visto minhas lágrimas minutos atrás.

— Eu quero pensar um pouco, e ficar sozinha seria ótimo. — respondi com um sorriso forçado. Eu queria fingir que tudo estava bem. Mas não estava.

O garoto levantou-se e caminhou até meu irmão. Sentei-me no local em seguida e peguei meus fones de ouvido. Nada melhor do que uma boa música para tentar distrair pensamentos ruins.

The Beach - The neighborhood. Era a música da vez. A melodia era um pouco deprimida e tocante, mas era uma boa música. Perfeita para aquele momento.

Desviei o olhar para meu irmão. Sem expressão. Completamente sem expressão. Aquele garoto sabe bem como esconder seus sentimentos. Yabel é uma caixa cheia de segredos obscuros, que muitos querem desvendar. Entretanto, aquele olhos profundos não passam nenhuma informação. Ninguém sabe se ele está com medo, com raiva ou se está confortável. Porém, eu sei. Temos uma conexão tão forte, que de certa forma consigo sentir de longe seus sentimentos.

Nesse momento ele está receoso. Nem com medo, nem com raiva. Estava ansioso, e um pouco nervoso com tudo que está por vir. Ele está ali, sentado ao lado do garoto que ama, no entanto, sua mente está em outro lugar. Seus pensamentos estão focados na mamãe, e talvez na criatura abominável que não queremos chamar de pai. E eu estou do mesmo jeito.

— Posso sentar com você? — uma voz aconchegante interrompe meus pensamentos. Curvo meu corpo para descobrir quem é a pessoa interrompendo meu momento de análise sentimental. — Está tudo bem? — o garoto indagou preocupo, reparando na minha face paralisada.

Como eu ia imaginar que Marcus Shredder iria querer sentar ao meu lado?

— Tudo bem sim! Claro que pode sentar aqui. — respondi um pouco nervosa, tirei os fones de ouvido e os guardei na bolsa.

— Você não parece bem... — respirou fundo, encarando-me fixamente.

— Só estou com medo do que está por vir. — balbuciei, e em um piscar de olhos senti as mãos daquele garoto tocarem as minhas. Uma tranquilidade invadiu meu peito, decidi que ia para de pensar no que viria pela frente.

— Nós vamos conseguir. E garanto que todos nós voltaremos vivos para casa! — Marcus sorriu. Aquele sorriso foi capaz se confortar meu coração por um momento. Tudo parecia incrível e belo.

Porém, toda aquela tranquilidade estava prestes a acabar, mas nós não sabíamos disso. Acreditávamos que tudo seria perfeito, e que nosso plano seria perfeitamente executado. Mas talvez estivéssemos enganados. Talvez.

 Talvez

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Frutos do Pecado [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora