Capítulo 1

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Anahi Portilla

  O clima de fim de ano de New York nem sempre é bem-vindo aqueles que não simpatizam com o frio. Lar de vários americanos nativos, naturalizados e imigrantes, divide opiniões sobre a nevasca d­e Natal – como é carinhosamente chamado o clima congelante.

Como você não vem passar o Natal conosco, Anahi? - Tysha resmungou com o cenho franzido.

Desculpa, mãe. O senhor Herrera me informou ontem que o filho dele vai assumir a empresa no dia 26. Como vice-presidente, preciso estar aqui. - Anahi encolheu os ombros com um sorriso nervoso no rosto.

Você já não veio no dia de Ação de Graças. Seu pai vai acabar morrendo desse jeito, Anahi! - exclamou, furiosa.

  Anahi sentiu uma pontada de culpa. Não via os pais há quase dois anos, vivendo única e exclusivamente para o trabalho, então planejava passar as festividades de fim de ano com os pais. Estava preparada para recomeçar. Mas, quem poderia contar que o filho de Alfred Herrera estaria de volta no meio das festividades? E ainda por cima marcado uma reunião com os sócios e membros mais importantes da Herrera&Smith Enterprises?  

Não estava planejando isso, mãe. Por favor, não comece - juntou as mãos num pedido de súplica. - Por que você, papai, Andrés e Mac não vem passar o Natal comigo? Eu adoraria receber vocês na minha casa. - abriu um amplo sorriso.

  Tysha bufou e soltou uma risada sem humor.

Ficou maluca? Aí não tem sol Anahi, como você consegue? Só neve, chuva, vento, nada de sol. Você está parecendo um fantasma - apontou para a filha com o cigarro entre o indicador e o dedo médio - E não acho que seja uma boa ideia Andrés e a sua amiguinha sem coração se encontrarem de novo.

  Ai! Essa realmente doeu.

Pegou pesado, mãe - resmungou, afundando-se na cadeira. - A minha amiguinha tem nome: Maite. E ela não é sem coração, Andrés precisa parar de bancar o protetor e crescer.

Está defendendo aquela mulher? - Tysha colocou a mão no coração de forma dramática, arregalando os olhos. - Ela defendeu aquele... Aquele meliante, Anahi.

  Anahi respirou fundo. Lá vamos nós de novo.

Ela não estava defendendo aquele meliante. Você não pode culpá-la por continuar falando com o primo que cresceu com ela...

Primo que te abandonou no altar, vale ressaltar. - Tysha interrompeu.

Mãe. - revirou os olhos.

— Any? - Dulce surgiu na sala. - O senhor Herrera e Smith querem falar com você na sala do senhor Smith. Agora! - Cruzou os braços, encostando no batente da porta.

— Certo - assentiu para a morena, voltando a encarar a mãe. - Dona Tysha, por mais que eu ame conversar com você sobre meus problemas passados, preciso ir. Dia 28 eu chego no México. Preciso adiar a viagem, mas vou passar a virada do ano com vocês.

Ah, que ótimo - bateu palmas, empolgada. - Está perdoada - riu - O seu quarto vai estar intacto. - brincou.

Eu imagino - riu - Ninguém mexe no meu quarto desde que vim para New York - olhou Dulce, que bateu num relógio de pulso imaginário. - Mãe, preciso mesmo ir. Os chefes querem falar comigo. Amo você.

Querida?

Sim?

Amamos você. E não arrume um namorado norte-americano. Esses homens não prestam.

Tchau, mãe. - desligou a chamada de vídeo, revirando os olhos.

— Sua mãe é ótima! - Dulce colocou as mãos na cintura, escondendo um riso.

— Nem fala. Ela ainda está sentida com o Benedict - bufou, levantando, alisando a saia lápis e ajeitando a camisa de cetim que vestia. - Alferd disse o que queria?

— Não - Dulce respondeu, balançando a cabeça. - Provavelmente vai falar sobre a vinda do filho. Pelo que soube, o cara é um gato. - se abanou.

— Pelo amor de Deus, hoje é dia de tirar sarro com a minha cara e ninguém me avisou? - resmungou, passando pela amiga. - Se for, por favor, me avisem e eu vou para casa.

— Não pode fugir do gato que vai ser o futuro CEO da empresa, meu amor. Ele é um Deus! - exclamou, ficando para trás.

  Anahí continuou andando e riu com o último comentário da amiga. Ele é um Deus. Ele não podia ser tão bonito assim, podia? Suspirou e afastou os pensamentos, batendo na porta de Peter Smith, sócio proprietário da H&S Enterprises. Entrou quando permitiram a sua entrada e apertou as mãos de Alfred e Peter, sentando-se no sofá e tomando um gole do suco que lhe foi oferecido.

— Desculpe ter lhe chamado assim de última hora, Anahi - Alfred começou, sentando-se ao lado dela - E me desculpar também por você não poder ir passar o Natal com a sua família. Sei que estava ansiosa para vê-los de novo - colocou a mão no ombro de Anahi firmemente. - Insisti para Alfonso esperar as festividades de fim de ano, mas ele é um workaholic nato. - revirou os olhos.

— Sem problemas, senhor Herrera - deu um sorriso fraco - Vou passar a virada do ano com eles. E se o seu sucessor deseja nos ver assim que voltar de viagem, que assim seja.

— Você nunca vai nos chamar pelo nome? - Alfred reclamou num suspiro. - Você está no topo junto conosco, Anahi - ela sorriu, mas não disse nada - Enfim, preciso ir. Tenho um jogo de pôquer em duas horas em Las Vegas. Venha jantar conosco amanhã. Mariah está ansiosa e morrendo de saudades de você. Esteja às oito na nossa casa, tudo bem? Aproveite a sua sexta, mas amanhã queremos você. - levantou-se, rindo e ajeitando o terno feito sob medida.

— Por Deus, Herrera, você vai mesmo apresentar o Alfonso num jantar informal? Ele odeia misturar as coisas. - Peter resmungou, virando o uísque de uma vez.

— Alfonso? Ele não chegaria somente na noite de Natal? - Anahi arregalou os olhos.

— Sim - Alfred murmurou, lançando um olhar fulminante a Peter - Mas ele decidiu vir antes e como a Anahi é a vice-presidente, quero que ela seja a primeira a conhecê-lo. - deu um sorriso rápido para Anahi.

— Senhor, o senhor Smith está certo. Não acho que seja uma boa ideia - Anahi empertigou a coluna. - Ele pode achar que estamos com outras intenções e não quero problemas.

— Fique tranquila, senhorita Portilla - Alfred apertou o ombro de Anahi novamente - Te espero às oito - piscou para ela. - Vamos, Peter?

— Claro. Não aguento mais o ar poluído de New York. Preciso de cassinos - riu.

  Peter e Alferd apertaram a mão de Anahi e saem da sala, deixando Anahi atônita. A mesma saiu da sala e foi até o seu escritório, digitando uma mensagem rápida para Maite e pegando as coisas, saindo da empresa a passos rápidos.

  Preciso que procure por Alfonso Herrera e leve tudo o que descobrir lá para casa. Estou saindo da empresa e vou comprar muita bebida para nós. Acho que temos problemas à vista.

No Limiar do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora