Depois de deixar Dakota suficientemente à vontade no quarto, Anahi foi até a cozinha, escolhendo um vinho, sentando-se à ilha e observando o irmão servindo habilmente a comida tailandesa que havia comprado.
— Então, quem é a garota? Você está fazendo uma creche e está começando com a filha do chefe? - Andrés ironizou, jogando as sacolas no lixo.
— Você é muito babaca - resmungou - Ela está passando por problemas e gosto dela. E ela já é maior de idade, então não existe creche aqui.
— E qual o problema? O namorado não quis ir ao baile com ela? - apoiou os braços no balcão, inclinando-se para perto da irmã.
— Por favor - revirou os olhos - Ela não quer fazer a faculdade que o Alfred escolheu e não quer se casar por causa de negócios.
— Ela acredita em contos de fadas e amor verdadeiro? - Andrés arqueou uma sobrancelha, com um sorriso travesso no rosto - Posso acabar com as ilusões dela rapidinho. Sou advogado de divórcios, você sabe que eu conheço a vida.
— Nem ouse - rosnou, levantando-se - Vamos para a sala. Estou morta de fome - pegou três taças e a garrafa.
Os irmãos foram à sala, colocando a comida, as taças e o vinho na mesa de centro e sentando no tapete. Desde pequenos gostavam disso. Nada de mesas ou sofá. Era o tapete que os satisfaziam. Enquanto Andrés servia o vinho nas duas taças, Anahi escolhia uma série de drama na Netflix. Dakota precisava de menos romance e mais mistério. Enquanto a esperavam, Andrés compartilhava as novidades do escritório enquanto Anahi fingia interesse.
Ela era ótima nisso.
O telefone dela tocou, o nome do visor chamando a atenção não só dela, mas também de Andrés.
— O que o seu chefe faz te ligando tão tarde?
— Esqueceu que a irmã dele está comigo? - resmungou, se levantando com o celular e indo até uma das janelas, observando a neve que caía lá fora - Oi, Herrera.
— Oi. Aconteceu alguma coisa? - Alfonso respondeu ofegante, despertando curiosidade em Anahi.
— Sua irmã está aqui em casa.
Silêncio.
Silêncio.
Mais silêncio.
Alfonso praguejou em alemão algo que Anahi não conseguiu identificar muito bem, mas não devia ser algo bonito de ouvir.
— Estou chegando aí.
— Alfonso, não acho uma boa ideia. - Anahi sussurrou, observando o irmão que tomava o vinho descontraidamente.
— Dakota precisa do irmão dela. Chego em... ãhn... vinte e três minutos.
— Tão exato? - indagou surpresa, mas ele já havia desligado.
Anahi arregalou os olhos e olhou o celular, atônita, sentindo as mãos tremerem.
Aquilo não iria dar certo.
Como prometido, após exatos vinte e três minutos, ligaram da portaria anunciando a chegada de um homem furioso se identificando como Alfonso querendo subir. Anahi considerou a possibilidade de barrarem a entrada dele, mas iria piorar a situação. E ele estava certo: Dakota precisava dele. Ainda não havia saído do quarto.
A questão era: como disfarçar a tensão sexual entre ela e Alfonso na frente de Andrés? E de Dakota também, de preferência.
A campainha tocou, deixando Anahi mais trêmula que o normal. Ficou parada perto da janela, encarando a porta.
— Ok, eu atendo. - Andrés sorriu ao ver que a irmã não se moveria.
— Não - gritou - Eu vou - correu até a porta, segurando a maçaneta alguns instantes antes de abrir a porta, mostrando um homem absurdamente gostoso e tenso, encarando-a da cabeça aos pés - Oi.
— Oi - sorriu - E a Dakota? - enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans.
— Entra, ela está no quarto - acenou para ele entrar. Quando o fez, fechou a porta, rezando para Andrés não ser muito inconveniente - Esse é o Andrés, meu irmão. Ele está passando um tempo aqui em casa. Caxinguelê, esse é o Alfonso Herrera, CEO da H&S e o irmão da Dakota. - os homens apertaram as mãos, sorrindo.
— A boca mole revirou os olhos quando você ligou para ela lá no México. - Andrés entregou, aos risos.
— Boca mole? - Alfonso estreitou os olhos.
— Andrés. - Anahi cerrou os dentes, corando.
— Você não sabe? Anahi tinha um problema de gagueira quando era menor... Isso só rolava quando ficava nervosa. Imagina só quando chegava algum cara que ela gostava na adolescência. - gargalhou.
— Interessante. - Alfonso lançou um olhar sugestivo para Anahi. Droga. Ela iria matar Andrés.
— Vou chamar a Dakota. Andrés, cala a boca se não quiser passar a morar na rua. - rosnou, saindo.
Deixou os dois rindo às suas costas enquanto ia ao quarto de Dakota, imaginando mil formas de matar e esconder o irmão num bueiro em seguida. Será que Maite a ajudaria? Se ela não ajudasse, Dulce certamente não hesitaria. Bateu na porta de Dakota e assim que ela permitiu a entrada, abriu-a, encontrando a pequena Herrera em posição fetal na cama, aos prantos. Esquecendo os homens que estavam lá fora, sentou-se na beira da cama, acariciando os cabelos negros de Dakota.
— Querida, tudo vai ficar bem. - Anahi murmurou, sentindo o coração despedaçar ao ver Dakota tão fragilizada.
— Preciso voltar para a faculdade. O papai está certo, eu não vou conseguir nada sem ele. - soluçou.
— Não diga isso, minha flor. Já falei com a Maite e ela ficou feliz em te ajudar - sorriu - Você não pode fazer algo que não quer. Não pode se casar por negócios, Dakota.
— O Dan gosta de mim, Anahi. Ele pode estar perto dos quarenta, mas gosta de mim. Ele ficou arrasado.
— Você só tem vinte, meu amor - alisou o rosto dela - Se ele gosta de você, vai entender que você precisa de um tempo para estudar... Não se martirize tanto.
A porta bateu e Alfonso entrou. Quando a viu, imediatamente deitou-se ao lado da irmã, sussurrando palavras doces para ela. A mão de Anahi estava no braço de Dakota e antes que ela pensasse em tirar, Alfonso a pegou, acariciando-a também. Olhou para ele e viu que ele a observava sorrindo, os olhos demonstrando uma gratidão que aqueceu o coração dela.
Após algum tempo, Dakota adormeceu e Anahi suspirou com o toque tão suave de Alfonso. Precisava parar com aquilo, mas não conseguia afastar a mão e simplesmente sair do quarto.
— Vamos sair? - Alfonso murmurou, beijando os nós dos dedos de Anahi, fazendo-a derreter sobre o toque daqueles lábios que ela já sentia saudades.
Anahi concordou com a cabeça e ambos saíram do quarto, dirigindo-se até a sala em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos. Encontraram Andrés assistindo enquanto tomava de seu vinho. Ele sorriu ao vê-los.
— Vou continuar assistindo. Por que não chama o seu chefe para assistirmos juntos? Imagino que a Dakota esteja dormindo e tem uma taça sobrando aqui. - Andrés sugeriu, não percebendo que o corpo de Anahi enrijeceu. Alfonso percebeu.
— Não acho que seja uma boa ideia. Amanhã preciso trabalhar. - Alfonso sorriu.
— Amanhã é sábado - Andrés franziu o cenho e os encarou. Alfonso fechou o sorriso, coçando a nuca. Andrés se levantou e se aproximou de Alfonso. Estudou-o de perto e logo depois fez o mesmo com Anahi. Encarou a irmã e Anahi soube que o irmão desconfiara. Ele era um maldito advogado de divórcios. Tinha os sentidos aguçados para perceber qualquer clima, tensão ou qualquer coisa do tipo sexual entre um casal - Cacete - praguejou e virou-se para Alfonso - Foi você quem comeu a minha irmã? Você é o ninguém importante? - gritou incrédulo - Porra, Anahi, eu falei brincando mais cedo!
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No Limiar do Desejo
RomanceDepois de ter sido abandonada no altar, Anahi vive para o trabalho. Ao se tornar vice-presidente do prédio Herrera&Smith Enterprises, se vê amiga de toda a família Herrera, exceto o novo CEO e recém chegado no país, Alfonso Herrera. O homem a desarm...