Capítulo 27

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  Depois de deixar Dakota suficientemente à vontade no quarto, Anahi foi até a cozinha, escolhendo um vinho, sentando-se à ilha e observando o irmão servindo habilmente a comida tailandesa que havia comprado.

— Então, quem é a garota? Você está fazendo uma creche e está começando com a filha do chefe? - Andrés ironizou, jogando as sacolas no lixo.

— Você é muito babaca - resmungou - Ela está passando por problemas e gosto dela. E ela já é maior de idade, então não existe creche aqui.

— E qual o problema? O namorado não quis ir ao baile com ela? - apoiou os braços no balcão, inclinando-se para perto da irmã.

— Por favor - revirou os olhos - Ela não quer fazer a faculdade que o Alfred escolheu e não quer se casar por causa de negócios.

— Ela acredita em contos de fadas e amor verdadeiro? - Andrés arqueou uma sobrancelha, com um sorriso travesso no rosto - Posso acabar com as ilusões dela rapidinho. Sou advogado de divórcios, você sabe que eu conheço a vida.

— Nem ouse - rosnou, levantando-se - Vamos para a sala. Estou morta de fome  - pegou três taças e a garrafa.

  Os irmãos foram à sala, colocando a comida, as taças e o vinho na mesa de centro e sentando no tapete. Desde pequenos gostavam disso. Nada de mesas ou sofá. Era o tapete que os satisfaziam. Enquanto Andrés servia o vinho nas duas taças, Anahi escolhia uma série de drama na Netflix. Dakota precisava de menos romance e mais mistério. Enquanto a esperavam, Andrés compartilhava as novidades do escritório enquanto Anahi fingia interesse.

  Ela era ótima nisso.

  O telefone dela tocou, o nome do visor chamando a atenção não só dela, mas também de Andrés.

— O que o seu chefe faz te ligando tão tarde?

— Esqueceu que a irmã dele está comigo? - resmungou, se levantando com o celular e indo até uma das janelas, observando a neve que caía lá fora - Oi, Herrera.

Oi. Aconteceu alguma coisa? - Alfonso respondeu ofegante, despertando curiosidade em Anahi.

Sua irmã está aqui em casa.

  Silêncio.

  Silêncio.

  Mais silêncio.

  Alfonso praguejou em alemão algo que Anahi não conseguiu identificar muito bem, mas não devia ser algo bonito de ouvir.

Estou chegando aí.

Alfonso, não acho uma boa ideia. - Anahi sussurrou, observando o irmão que tomava o vinho descontraidamente.

Dakota precisa do irmão dela. Chego em... ãhn... vinte e três minutos.

Tão exato? - indagou surpresa, mas ele já havia desligado.

  Anahi arregalou os olhos e olhou o celular, atônita, sentindo as mãos tremerem.

  Aquilo não iria dar certo.

  Como prometido, após exatos vinte e três minutos, ligaram da portaria anunciando a chegada de um homem furioso se identificando como Alfonso querendo subir. Anahi considerou a possibilidade de barrarem a entrada dele, mas iria piorar a situação. E ele estava certo: Dakota precisava dele. Ainda não havia saído do quarto.

  A questão era: como disfarçar a tensão sexual entre ela e Alfonso na frente de Andrés? E de Dakota também, de preferência.

  A campainha tocou, deixando Anahi mais trêmula que o normal. Ficou parada perto da janela, encarando a porta.

— Ok, eu atendo. - Andrés sorriu ao ver que a irmã não se moveria.

— Não - gritou - Eu vou - correu até a porta, segurando a maçaneta alguns instantes antes de abrir a porta, mostrando um homem absurdamente gostoso e tenso, encarando-a da cabeça aos pés - Oi.

— Oi - sorriu - E a Dakota? - enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans.

— Entra, ela está no quarto - acenou para ele entrar. Quando o fez, fechou a porta, rezando para Andrés não ser muito inconveniente - Esse é o Andrés, meu irmão. Ele está passando um tempo aqui em casa. Caxinguelê, esse é o Alfonso Herrera, CEO da H&S e o irmão da Dakota. - os homens apertaram as mãos, sorrindo.

— A boca mole revirou os olhos quando você ligou para ela lá no México. - Andrés entregou, aos risos.

— Boca mole? - Alfonso estreitou os olhos.

— Andrés. - Anahi cerrou os dentes, corando.

— Você não sabe? Anahi tinha um problema de gagueira quando era menor... Isso só rolava quando ficava nervosa. Imagina só quando chegava algum cara que ela gostava na adolescência. - gargalhou.

— Interessante. - Alfonso lançou um olhar sugestivo para Anahi. Droga. Ela iria matar Andrés.

— Vou chamar a Dakota. Andrés, cala a boca se não quiser passar a morar na rua. - rosnou, saindo.

  Deixou os dois rindo às suas costas enquanto ia ao quarto de Dakota, imaginando mil formas de matar e esconder o irmão num bueiro em seguida. Será que Maite a ajudaria? Se ela não ajudasse, Dulce certamente não hesitaria. Bateu na porta de Dakota e assim que ela permitiu a entrada, abriu-a, encontrando a pequena Herrera em posição fetal na cama, aos prantos. Esquecendo os homens que estavam lá fora, sentou-se na beira da cama, acariciando os cabelos negros de Dakota.

— Querida, tudo vai ficar bem. - Anahi murmurou, sentindo o coração despedaçar ao ver Dakota tão fragilizada.

— Preciso voltar para a faculdade. O papai está certo, eu não vou conseguir nada sem ele. - soluçou.

— Não diga isso, minha flor. Já falei com a Maite e ela ficou feliz em te ajudar - sorriu - Você não pode fazer algo que não quer. Não pode se casar por negócios, Dakota.

— O Dan gosta de mim, Anahi. Ele pode estar perto dos quarenta, mas gosta de mim. Ele ficou arrasado.

— Você só tem vinte, meu amor - alisou o rosto dela - Se ele gosta de você, vai entender que você precisa de um tempo para estudar... Não se martirize tanto.

  A porta bateu e Alfonso entrou. Quando a viu, imediatamente deitou-se ao lado da irmã, sussurrando palavras doces para ela. A mão de Anahi estava no braço de Dakota e antes que ela pensasse em tirar, Alfonso a pegou, acariciando-a também. Olhou para ele e viu que ele a observava sorrindo, os olhos demonstrando uma gratidão que aqueceu o coração dela.

  Após algum tempo, Dakota adormeceu e Anahi suspirou com o toque tão suave de Alfonso. Precisava parar com aquilo, mas não conseguia afastar a mão e simplesmente sair do quarto.

— Vamos sair? - Alfonso murmurou, beijando os nós dos dedos de Anahi, fazendo-a derreter sobre o toque daqueles lábios que ela já sentia saudades.

  Anahi concordou com a cabeça e ambos saíram do quarto, dirigindo-se até a sala em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos. Encontraram Andrés assistindo enquanto tomava de seu vinho. Ele sorriu ao vê-los.

— Vou continuar assistindo. Por que não chama o seu chefe para assistirmos juntos? Imagino que a Dakota esteja dormindo e tem uma taça sobrando aqui. - Andrés sugeriu, não percebendo que o corpo de Anahi enrijeceu. Alfonso percebeu.

— Não acho que seja uma boa ideia. Amanhã preciso trabalhar. - Alfonso sorriu.

— Amanhã é sábado - Andrés franziu o cenho e os encarou. Alfonso fechou o sorriso, coçando a nuca. Andrés se levantou e se aproximou de Alfonso. Estudou-o de perto e logo depois fez o mesmo com Anahi. Encarou a irmã e Anahi soube que o irmão desconfiara. Ele era um maldito advogado de divórcios. Tinha os sentidos aguçados para perceber qualquer clima, tensão ou qualquer coisa do tipo sexual entre um casal - Cacete - praguejou e virou-se para Alfonso - Foi você quem comeu a minha irmã? Você é o ninguém importante? - gritou incrédulo - Porra, Anahi, eu falei brincando mais cedo!

No Limiar do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora