Capítulo 6

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— Caramba, você está gostosa. - Maite entrou no quarto e ficou boquiaberta ao encarar a amiga.

  Anahi se olhou no espelho, tentando tirar a tensão do corpo. Usava um vestido de seda preto com as costas nuas, fendas de um lado e um decote que Maite tivera bastante trabalho para cobrir as marcas que Alfonso deixara. Os cabelos loiros estavam num coque alto que Anahi reclamara até a morte por Maite ter colocado uma esponja. Completamente desnecessário, já que Anahi tinha cabelo pela família inteira. Saltos Louis Vitton e acessórios requintados preenchiam o visual.

— Você também não está nada mal. - Anahi cruzou os braços diante da amiga. Ela estava de calça moletom e uma camisa da Minnie.

— Obrigada por liberar a sua casa hoje. - forçou um sorriso.

— Não vai mesmo me contar o que houve com o Evans?

— Não o chame pelo sobrenome - Maite rangeu os dentes. - Jimin. O nome do maldito é Jimin. E não. Vá curtir a sua noite de Natal com o cara que me deu muito trabalho para maquiar o seu corpo. Sinceramente, parece que você foi espancada. - brincou.

  Anahi riu e abraçou a amiga. Jimin era um caso de Maite desde que ela e Andrés terminaram o namoro. Maite iria passar o Natal com ele, mas algo aconteceu e eles aparentemente terminaram.

— Vai curtir a sua noite e nada de sexo na casa do seu quase sócio. - piscou.

— Natal, Maite. É família, não sexo. E Alfonso não faz o meu tipo.

— Por favor - Maite revirou os olhos. - O cara faz o tipo de todo mundo. Se você não quiser, eu quero. Adoro homens que deixam marcas no corpo.

  Anahi trincou os dentes. Ficou furiosa com a ideia da amiga se envolvendo com Alfonso. Ainda bem que Maite estava brincando. Ou era o que ela preferia pensar.

— Preciso ir. - pegou a bolsa na cama.

— O seu presente está no sofá.

— Ótimo. Obrigada.

  As duas se despediram e Anahi entrou em seu humilde Ford Explorer. Desde que entrou no Cadillac de Alfonso, estava insatisfeita com o próprio carro. Dirigiu em direção à mansão Herrera ao som de música húngara. Não sabia o motivo, mas era apaixonada pela cultura do país. Assim que parou na mansão, viu que estava repleto de carros. Família grande. Como poderia ter esquecido? O Cadillac de Alfonso já estava lá. Respirou fundo e desceu do carro.

— Ela chegou. - Victória, filha de Angelique, correu em direção à Anahi, agarrando-a.

— Oi, linda. - Anahi abaixou e abraçou a pequena. Com seis anos, era uma versão pequena de Angelique. A pele alva, os cabelos loiros, os olhos azuis e brincalhões. A garota era linda.

— Vem, eu estava te esperando. Eu vou para a Disney na virada do ano, sabia? O papai não resistiu ao meu charme. Ele trouxe presentes lindos de Londres para mim.

— Não resistiu ao seu charme, hein?! - Anahi levantou-se deixando ser guiar pela criança.

— Vou te apresentar também o tio Alfonso. Ele estava visitando um monte de países, mas trouxe presente de cada lugar para mim - gabou-se. - Ele é muito legal, você vai ver.

  Anahi congelou um sorriso no rosto. Claro que ele é legal. As duas entraram na casa e logo foram recepcionadas pelos irmãos de Mariah, os pais de Alfred, as crianças da casa e os irmãos de Alfonso. Sentia-se adorada com eles.

— Deixem a Anahi respirar, pessoal - Mariah bateu palmas. - Tem ela de vocês a noite inteira. - brincou.

  As crianças pularam e foram em direção ao jardim. Anahi pegou a taça de vinho que Alfred oferecera e se sentou no sofá com eles depois de entregar o presente para Mariah colocar junto com os outros.

— Alfonso me disse que o jantar foi um verdadeiro sucesso, Anahi - Alfred elogiou quando tirou o charuto da boca. - E Erick me disse que você foi uma ótima negociadora. Mostrou as estatísticas e uma visão privilegiada de fechar contrato conosco.

— Nada de trabalho hoje. - Mariah cantarolou.

  Anahi corou, mas não com o elogio em si. A visão de Alfonso lambendo os dedos com o líquido dela passou por sua cabeça e ela se sentiu envergonhada. A primata estava em ação quando Alfonso estava perto. E falando no diabo...

  O homem apareceu como um Deus. Usava calça cáqui, camisa casual e um blazer, sem barba e os cabelos úmidos e deliciosamente bagunçados. Estava um casual elegante, fazendo-a perder o ar de repente.

— Boa noite, Anahi. - ele sorriu, estendendo a mão para ela.

— Boa noite, Herrera. - murmurou, apertando a mão dele e tentando ignorar o choque que o contato causava. Seria assim toda vez?

— Bom... Estamos todos aqui. O que acha de irmos jantar? - Mariah sugeriu batendo palminhas.

  Todos concordaram e dirigiram-se à grande sala de jantar. Enquanto o tempo passava, Anahi conseguia ficar menos tensa. Alfonso sentara do outro lado da mesa, bem longe dela. Quando passou da meia-noite e as crianças foram dormir, os adultos se reuniram na sala de estar para o amigo secreto.

  Angelique, Mariah, Alfred, Joseph e Mary – pais de Alfred – Rob, Luna, Mike e Justin – irmãos de Mariah – Dan e Dakota, Angelina, Emma e Natalie, sobrinhos de Alfred e Mariah – mas Anahi podia jurar que elas faziam de tudo para se jogar em Alfonso – já tinham ido, sobrando apenas Anahi, Chace e Alfonso. Anahi começou a ficar tensa quando Alfonso levantou.

— O meu amigo ou minha amiga - fez um suspense, pegando o pacote. - Bem - deu um riso nervoso. - É alguém bem interessante e aparentemente não gosta muito de mim.

— Fica difícil. Ninguém gosta muito de você. - Dakota riu, e todos gargalharam.

— Babaca - Alfonso riu. - Cale a boca, pirralha. Continuando. Essa pessoa me mostrou que é muito boa no que faz - sorriu. - Em todos os aspectos. - olhou de relance para Anahi.

  Ah, não!
 
— Agora deixa a gente adivinhar. - Mariah olhou para o teto, pensando.

— É uma de nós? - Angelina perguntou, apontando para ela, Emma e Natalie. Alfonso deu de ombros.

— Eu sou muito boa no que faço - Emma riu. - Em tudo.

— Emma! - Rob, o pai de Emma, a repreendeu.

— Todas nós, minha flor. - Angelina gargalhou.

— Deus me ajude a aguentar essas podres - Angelique sussurrou no ouvido de Anahi. - Ainda bem que as crianças foram dormir.

  Anahi deu uma risadinha e as três lançaram olhares vazios para ela.

— Alfonso não falaria desse jeito dos pais, nem dos tios e muito menos dos irmãos. E fora desse parâmetro, a Anahi é muito interessante e é muito eficiente. - Mariah sugeriu.

— Está brincando, tia? - Angelina grunhiu. - Nós somos a sua família, pelo amor de Deus. Onde a gente fica nisso tudo?

— Não ficamm - Mariah deu de ombros.

— Ui. - Os irmãos de Alfonso murmuraram, segurando a risada.

— É a Anahi, Alfonso? - Chace perguntou.

— Você acha a Anahi interessante? - Dakota arqueou uma sobrancelha. - Bom saber... - sorriu.

— Meu Deus, vocês realmente precisam parar com isso. - Alfonso revirou os olhos e entregou o presente para Anahi, que muito surpresa, segurou.

— Eu sabia - Angelique riu. - Abre, gata.

  Alfonso ao passar por ela para sentar-se, abraçou-a.

— Se quer um conselho, abra só a parte de cima. Não acho que você vá gostar de mostrar o que tem embaixo. - sussurrou no ouvido de Anahi.
 
  Ela estremeceu e pegou a caixa lindamente decorada. Respirando fundo, abriu-a e encarou Alfonso.

No Limiar do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora