Uma semana depois
— Anahi, tem um segundo? - Alfonso perguntou com a cabeça no vão da porta, com um sorriso devasso no rosto.
— Para você sempre. O que houve?
Ele entrou e caminhou lentamente, ficando atrás da cadeira onde Anahi estava sentada. Começou a massagear suas costas, lentamente, como uma carícia. Anahi fechou os olhos e inclinou a cabeça, soltando um gemido de satisfação. Desde que haviam chegado de viagem, o trabalho estava intenso.
— Minha mãe está preparando um jantar para nós.
— Hum e quando é isso? - Anahi sussurrou com os olhos ainda fechados.
— Amanhã. Sexta-feira. Você acha que tem tempo na sua agenda corrida?
Anahi sorriu. Ele estava usando o velho tom debochado, mas sabia que a pergunta era séria.
— Tenho sim. Mas vou precisar ser compensada por isso - Alfonso apertou os ombros de Anahi e ela sorriu satisfeita - Sabe como é, nas sextas eu fico com o meu namorado no apê dele e nós transamos como loucos. Isso não vai rolar amanhã.
Alfonso girou a cadeira e com as mãos nos braços do móvel, abaixou-se com um sorriso malicioso, encarando Anahi. Seus olhos exalavam luxúria e ela sorriu vitoriosa ao ver que conseguira o que queria. Ele começou a beijar o pescoço dela, acariciando seus seios, mas Anahi fez uma careta.
E o afastou rapidamente.
Correu até o banheiro de seu escritório e por pouco não conseguiu chegar ao vaso.
Adeus, almoço.
Em outros tempos, ela ficaria apavorada com a ideia de alguém compartilhando um momento tão constrangedor, mas quando Alfonso ajoelhou-se ao seu lado, acariciando as suas costas e segurando seus cabelos, ela não poderia ficar melhor.
Quando Anahi colocou tudo para fora, encostou na parede. Alfonso sentou ao seu lado e colocou a cabeça dela em seu peito, afagando os cabelos.
— E então, qual a desculpa agora? - Alfonso murmurou após um tempo em silêncio.
Anahi se encolheu. Desde que chegaram da viagem, Anahi sentia um enjoou fora do normal, oscilações de humor e fadiga exagerada.
— Não é nada, Herrera - forçou um sorriso - Não precisa se preocupar, é só um mal estar.
— Um mal estar que está durando séculos. Anahi, você passa mal toda manhã, tem dormido mais que o normal, sente tontura, passa mal só de sentir o cheiro de café... E você adora café.
— Aonde você quer chegar com isso? - levantou a cabeça para encara-lo.
— Sem falar que você está num mau humor dos infernos - continuou - Mais do que o normal, devo ressaltar.
Anahí beliscou o mamilo dele, fazendo-o gemer de dor.
— Eu não sou mal humorada, Alfonso. - grunhiu.
— Não? Anahi, você jogou frascos de perfume em mim porque eu não levei o sabor da pizza que você queria. Três frascos.
— Isso não quer dizer nada.
— Você disse que eu não me importo com seus sentimentos e me chamou de namorado de merda porque eu demorei dois minutos para acertar o fecho do colar que você queria usar ontem. - sorriu. Anahi arregalou os olhos.
— Você demorou demais.
— E eu preciso lembrar que você me fez sair às três da madrugada porque você queria comer milho com chocolate? Preciso lembrar também que você odeia milho?
— Tá bem, tá bem - Anahi ergueu as mãos em sinal de rendição - Eu estou estressada, Alfonso. O que você quer de mim? - Alfonso beijou a testa dela.
— Esteja pronta às cinco. Vamos ao hospital fazer um teste de gravidez.
— Isso é ridículo, Herrera. Eu não estou grávida - Anahi bufou com os braços cruzados - Eu tomo remédio, esqueceu?
- Esteja pronta! - Saiu do banhei e da sala.
–Alfonso riu e se sentou ao lado de Anahi, entregando a ela um copo com água. Anahi estremeceu.
— Odeio hospitais - olhou ao redor - Só pessoas doentes vêm aqui. - bebericou a água.
— Ou futuras mamães, querida. Deixe de frescura. - sorriu, beijando a mão livre de Anahi.
— A gente nunca conversou sobre isso, Alfonso. - fungou.
— Eu quero isso, Anahi. Quero construir algo novo com você. - pressionou a mão dela contra seus lábios, encarando-a.
Anahi concordou com a cabeça, mas seu estômago estava revirando. Depois de ver a forma como ele ficou ao falar de Liam, o medo de causar alguma dor a ele novamente, por menor que fosse, a apavorava.
Após tirar o sangue, sentaram-se e esperaram pelo resultado. Anahi estava suando e Alfonso a encarando cheio de expectativa não ajudava.
Ela estava pronta para ser mãe?
Trocar fraldas, noites em claro (e não pelo sexo), nada de viagens espontâneas, engordar. Cristo, ela não iria aguentar.
— Amor? - Alfonso estalou os dedos com o semblante preocupado - Está tudo bem?
— C-claro. - respirou fundo.
— Certo, você gaguejou - enrugou a testa, confuso - O que está acontecendo?
Anahi o encarou e suspirou. Não adiantaria mentir para ele. Ele acabaria descobrindo de um jeito ou de outro.
Abriu a boca.
Fechou, sem saber o que falar.
Abriu novamente.
Fechou.
Abriu decidida a falar que não sabia se estava pronta, mas uma voz doce a chamou. Anahi olhou e viu uma médica com um sorriso gentil no rosto. Teve vontade de chorar.
— Vamos, amor - Alfonso levantou e estendeu a mão para ela - Vamos conversar sobre isso em casa. Confia em mim, vai ficar tudo bem.
Anahi olhou para ele e viu que ele estava sendo sincero. Juntos, entraram no consultório indicado.
— Sou a Dra. Johnson - apertou as mãos do casal e os três se sentaram. A doutora abriu um envelope e o olhou alguns instantes. Segundos depois, abriu um sorriso genuíno e olhou diretamente para Anahi - Meus parabéns, você está grávida de cinco semanas.
O ar escapou dos pulmões de Anahi, fazendo-a ofegar. Ela se levantou para tentar se controlar, mas a visão ficou escura e o corpo virou gelatina.
— Anahi. - ouviu Alfonso gritar, seguido de um baque.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No Limiar do Desejo
RomantizmDepois de ter sido abandonada no altar, Anahi vive para o trabalho. Ao se tornar vice-presidente do prédio Herrera&Smith Enterprises, se vê amiga de toda a família Herrera, exceto o novo CEO e recém chegado no país, Alfonso Herrera. O homem a desarm...