Foi a vez de Anahi rir. Gargalhar. Histericamente. Alfonso a convidando para um encontro só podia ser uma piada, certo? Ela o encarou e não teve tanta certeza. O riso morreu lentamente, mas o sorriso continuou em seu rosto.
— Está brincando comigo, não é?
— Não - fez uma careta - Realmente gostaria de um encontro com você. Passo na sua casa amanhã às sete.
Anahi franziu o nariz. O cara não estava brincando. Ele enfiou as mãos nos bolsos e ela alisou a saia, nervosa.
— Se não quer que eu tire a sua roupa aqui e agora, te aconselho a parar de me olhar desse jeito - sorriu maliciosamente - É só um encontro, Anahi. Relaxa.
Anahi negou com a cabeça, soltando uma risadinha novamente. Sim, definitivamente ele estava brincando.
— Boa piada. Você é uma figura, Herrera. - piscou, saindo da sala.
Alfonso a alcançou na recepção, passando o braço pelas costas dela e a agarrando pelo quadril. Anahi não queria causar nenhum constrangimento, então esperou até chegar ao elevador para afastá-lo.
Ele não se abalou e apertou calmamente o botão.
— Amanhã às sete, Anahi.
Ela não tirou os olhos do botão do elevador.
— Estarei ocupada.
— Quarta então.
— Tenho compromisso.
Ele entrou na frente dela.
— Com quem? - perguntou com a voz firme.
— Isso não é da sua...
Alfonso cobriu a boca dela com a mão.
— Chega. Só me diga quando, então. E, antes que se sinta tentada a dizer nunca, dê uma boa olhada e me diga se pareço ser um homem que desiste facilmente.
Sua expressão estava séria e seu olhar era concentrado e determinado. Anahi estremeceu. Não tinha certeza se podia confiar em sua capacidade de resistir a Alfonso. Engolindo em seco, esperou que ele tirasse a mão dela.
— Acho que nós dois precisamos esfriar um pouco a cabeça. Pensar um pouco.
— Sexta-feira. - ele insistiu.
O elevador chegou e ela entrou. Virando para ele, sorriu.
— Quinta-feira. - Alfonso sugeriu novamente.
Sexta ela teria uma reunião no primeiro horário, então teria uma desculpa para fugir. E certamente ele sabia disso.
Antes das portas se fecharem, ele piscou.
— Eu não vou desistir, Portilla.
Soou mais como uma ameaça do que como uma promessa.
–
Como prometera para Dakota quando ela lhe ligou no horário do almoço, lá estava, após duas reuniões exaustivas durante a tarde, dirigindo no caos de New York, seguindo o GPS pelo endereço que Dakota lhe mandara até o apartamento de Alfonso, na 230 East 68th Street, tentando imitar um cantor brasileiro que Dulce adorava: Castello Branco – Do interior.
Assim que viu que entrara em uma rua residencial, franziu o cenho. Olhou o GPS e viu que estava perto, mas imaginava que Alfonso morasse em um apartamento, não em uma casa. Parou no local que o GPS indicou e observou a estrutura embasbacada.
Não que duvidasse do bom gosto de Alfonso, longe disso. Não chegava a ser uma mansão, mas ainda assim, era enorme. Havia um gramado bem cuidado na frente e ela se perguntou se era Alfonso quem cuidava. Saiu do carro e caminhou até a porta, tocando a campainha firmemente. A neve estava diminuindo, mas o frio continuava parecendo querer matar alguém. A porta foi aberta e Dakota surgiu com um sorriso fraco no rosto.
— Oi, Any - abraçou-a - Entre.
O hall de entrada tinha um teto alto e piso de mármore com uma escada em curva que levava até o segundo andar. A sala era decorada com uma mesa lateral de nogueira e um enorme espelho de frente para a porta. Tudo ali fazia parecer um lar. Ela esperava um típico apartamento de solteiro, não uma casa pronta para receber uma família.
Será que ele queria uma família?
Dakota a guiou até o quarto e se jogou na cama, deixando a tarefa de fechar a porta para Anahi.
— Logo eu te mostro a casa, Any. Deixa só eu me animar.
Anahi observou o quarto. Era menos opulento, com uma aparência mais rústica. As paredes com uma textura grossa num tom de cobre, a cama vitoriana, o guarda-roupa e mesinhas de madeira maciça, tudo dava um ar tranquilo. Tudo o que Dakota precisava. Observou que nada havia saído da mala. O guarda-roupa estava vazio e não havia decoração. Sentou-se em uma poltrona vitoriana ao lado da mesa do computador.
— E como está essa fossa? - Anahi sorriu fracamente, cruzando as pernas.
— Meu Deus, eu quero morrer! Juro, não pensei que me sentiria tão mal.
— Você disse isso ao seu irmão? - Se Alfonso soubesse que Dakota dizia coisas assim, certamente teria um infarto.
— Esse é um segredo nosso - Dakota abraçou o travesseiro, enxugando uma lágrima - Sabe, Any, eu queria ser uma boa filha. Eu queria ser como o Alfonso, mas isso seria abrir mão das minhas coisas. Do que eu quero fazer.
— Querida - Anahi sentou ao lado da pequena Herrera, abraçando-a - Alfonso também tem os defeitos dele. Ele foi embora, lembra?
— Mas voltou e assumiu os negócios do papai. - fungou.
— Ele sentia a sua falta, Dakota. Poxa, você é a princesa dele. - sorriu, afagando os cabelos dela.
— Eu quero tanto que ele seja feliz, Anahi. - Dakota suspirou.
— Por que diz isso, minha flor?
— Alfonso passou por maus bocados aqui com a nossa família e também na faculdade com uma mulher. Eu espero que tendo voltado para cá, ele consiga se recuperar.
— Dakota... Essa mulher foi a noiva dele? - arregalou os olhos ao perceber que realmente havia aberto a boca para perguntar sobre algo pessoal de Alfonso. Dakota se ergueu, encarando Anahi com o cenho franzido.
Maldita boca aberta.
— O que você sabe sobre a Elizabeth?
— N-nada. - murmurou boquiaberta.
— Olha, Anahi - Dakota olhou para a porta e de novo para a loira - Elizabeth foi uma cadela na vida do meu irmão. Eu juro que se alguém magoá-lo assim de novo, eu não sei do que sou capaz. Ela destruiu qualquer expectativa dele - rosnou e suspirou em seguida, balançando a cabeça - O que acha de eu te mostrar a casa? Podemos começar a mexer nas minhas malas em seguida. Precisamos te alimentar também - levantou da cama, dando o assunto por encerrado - Alfonso deve chegar daqui a pouco.
Anahi concordou com a cabeça e se levantou da cama. Fez uma nota mental para parar de ser tão intrometida.
Como se ela conseguisse.
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No Limiar do Desejo
RomanceDepois de ter sido abandonada no altar, Anahi vive para o trabalho. Ao se tornar vice-presidente do prédio Herrera&Smith Enterprises, se vê amiga de toda a família Herrera, exceto o novo CEO e recém chegado no país, Alfonso Herrera. O homem a desarm...