Capítulo 15

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— Posso sentar aqui? - Andrés se segurava com dificuldade nos canos.

  Anahi estava sentada no telhado. Desde pequena aquele era o seu refúgio, já que os pais não permitiam que os irmãos construíssem uma casa na árvore.

— Claro. - murmurou, tirando o suéter, ficado somente com a regata. Tinha esquecido como o país era quente. Abraçou as pernas.

— Merda, Anahi, o cara acabou com você. - sentou ao lado dela.

  Anahi bufou e observou a Lua. Diferente de New York, na casa dos pais conseguia ver a Lua e as estrelas perfeitamente. Sentia falta disso.

— Senti a sua falta, boca mole. - passou o braço pelos ombros da irmã, apertando-a.

  Anahi grunhiu. Não só pela dor do aperto, mas também pelo apelido carinhoso que o irmão insistia em continuar chamando-a. Quando era pequena e ficava nervosa, ansiosa ou em apresentações, gaguejava insanamente, sendo alvo de deboche das pessoas ao seu redor. Então, para evitar o constrangimento, falava devagar e pausadamente, para tentar controlar a gagueira. Infelizmente, o irmão começou a chamá-la carinhosamente de boca mole depois disso. Apoiou a cabeça no peito dele.

— Não me chame assim de novo, caxinguelê. - resmungou.

— Como é?

  Anahi se encolheu. Os amigos de Andrés começaram a chamá-lo assim no começo da adolescência, pois era sempre o primeiro a ficar bêbado. E estava sempre bêbado.

— Desculpe. - sufocou a risada.

— Anahi, Anahi - bufou, afagando os cabelos da irmã - Eu quero conversar com você.

  Por favor desista de ir para New York. Por favor!

— Estou ouvindo.

— Bom - hesitou. Suspirou. Respirou fundo - Você se incomodaria se eu voltasse para New York com você?

  Anahi estremeceu com a ideia. Inferno.

— Você quer mesmo voltar? - sussurrou.

— Fiz de lá meu lar, Anahi. Não devia ter voltado. - confessou.

— Tem algo a ver com a Maite? - perguntou, temendo a resposta. Seria péssimo ficar no meio das brigas dos dois. Seria horrível.

— Não - resmungou após uma longa pausa. Anahi fechou os olhos. Ele ainda a queria - O Dave pediu para eu voltar para a sede, ou seja, New York.

  Anahi o encarou. Andrés era advogado de divórcios na Jones Day, uma das m aiores advocacias de New York, com filiais em vários países. Após o término do noivado de Anahi, ele pedira transferência para o México.

— E você vai voltar?

— Eu quero, Anahi. Pelo amor de Deus, eu não tenho vida aqui. Imagina se fosse você aqui.

— Você só quer voltar por que o seu chefe pediu, certo?

  Andrés umedeceu os lábios, assumindo uma posição de advogado frio e impassível.

— Claro. - garantiu.

— Certo. - não acreditou na garantia do irmão, mas o que podia fazer?

  Continuaram conversando sobre o que haviam feito desde a última vez que haviam se visto. Trabalhos, casas, possíveis romances. Anahi adorava o irmão. Ele era excessivamente protetor, mas era uma ótima companhia.

— Crianças - Tysha gritou - Está tarde. Desçam daí imediatamente.

  Os irmãos bufaram e obedeceram relutantes.

  Anahi tomou um banho e mandou uma mensagem rápida para Maite, garantindo que estava bem. Ligou o laptop para ver se haviam novidades da empresa e ficou mais surpresa ao ver o remetente.

De: Alfonso Herrera
Para: Anahi Portilla

  Prezada senhorita Portilla,

  Espero que esteja aproveitando a estadia com os seus pais e familiares no México. O senhor Sollemberg me disse que tentou entrar em contato com a senhorita, mas como não conseguiu, tomou a liberdade de marcar comigo a reunião. Dia 3, às 15h na Forsman & Bodenfors. A sua presença será indispensável, não se preocupe.

  PS: volte logo. Quero rasgar a sua sexy coleção de calcinhas - com os dentes.

Alfonso Herrera
CEO, Herrera&Smith Enterprises

  Anahi tentou ao máximo ignorar o calor que surgiu em suas entranhas ao ler a última frase. Ele só podia estar brincando. Não podia mesmo estar pensando que continuariam se envolvendo, não é? Ao invés de perder tempo pensado nisso, respondeu-o.

De: Anahi Portilla
Para: Alfonso Herrera

  Caro senhor Herrera,

  Agradeço pela informação. Entrarei em contato com o senhor Sollemberg para confirmar a minha presença, para evitarmos desconfortos posteriores.

  PS: vá sonhando!

Anahi Portilla,
Vice-presidente, Herrera&Smith Enterprises.

  Ok, fora uma resposta ridícula, mas não podia lidar com um chefe absurdamente gostoso brincando de seduzi-la. Ela não iria permitir.

No Limiar do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora