Capítulo 58

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  Meu Deus, eu jurei que minha vida não seria mais controlada por um homem e veja só o que estou fazendo. Fazendo o que Alfonso manda.

  Anahi hesitou assim que saiu do elevador do andar do hotel em que Tom estava hospedado. Ela mal havia dormido na noite anterior, então assim que amanheceu, escreveu um bilhete para Alfonso avisando o que faria e que assim que resolvesse, entraria em contato com ele, foi para casa e se arrumou.

  Bom, tentou se arrumar, considerando os olhos fundos e a pele pálida. Fora o enjoou matinal que estavam a castigando naquela manhã.

  Tom saiu do seu quarto, provavelmente procurando por ela, visto que ela ficou parada observando o corredor sem saber exatamente o que fazer. Anahi precisava admitir que ele era um homem bonito. O corpo era esguio, mais esguio que o de Alfonso, mas ainda assim era muito bonito. Estava sem camisa e com bermuda cáqui. Os pés descalços e cabelos molhados indicavam o banho recente.

  Mas foi olhando para ele, que ela percebeu que não sentia mais absolutamente nada por ele, nem uma borboletinha levantou vôo em seu estômago, nenhum arrepio nos cabelos da nuca, nenhum coração acelerado. Parecia só apenas mais um homem qualquer.

— Está tudo bem, Anahi? - Tom perguntou receoso - Você está pálida - pegou a mão dela - Entre. Vou fazer um chá para você.

  Anahi deixou-se ser guiada e assim que se sentou sentiu uma onda de náuseas em seu estômago. Tentou fazer a bile descer, mas não adiantou, então correu até o banheiro e pôs para fora não só as duas torradas que comera mais cedo, mas provavelmente tudo o que comeu nos últimos dois anos.

— Anahi, por Deus, está tudo bem? - Tom apareceu no banheiro, mal conseguindo esconder o choque.

— Sai daqui, Tom. Vá fazer o chá. Logo eu vou. - murmurou fraca.

  Tom permaneceu alguns instantes observando-a, mas acabou cedendo. Anahi acariciou a barriga lisa e fechou os olhos.

— Moleque, você nem apareceu e já está me dando trabalho. Parece o seu pai.

  Depois de dar descarga e higienizar a boca, foi ao encontro de Tom, que já estava sentado esperando por ela com duas xícaras. Ele se levantou rapidamente e abriu o sorriso que antes a fazia perder o fôlego.

  E agora?

  Nada. Indiferença.

  Sentou ao lado dele, procurando a mulher corajosa que ela dizia ser.

— Tom, a gente precisa mesmo conversar. Hãm... Bem... Então. - deu uma risada nervosa.

— Toma o chá. - ofereceu a xícara a ela.

  Anahi tomou o chá e relaxou os ombros.

— Tom não vou ficar com você. - soltou.

  Silêncio. Tom arregalou os olhos, atônito. Anahi olhou para o seu chá e em seguida para ele. Droga, seus olhos já estavam lacrimejando.

  Malditos hormônios!

— Tem... - ele engoliu e esfregou os olhos - Tem alguém no meu lugar?

— Seu lugar? Tom, a nossa história acabou - riu sem humor - Nós deixamos de existir no momento que você foi embora.

— Anahi, eu te disse que não foi porque eu quis - ele segurou a mão livre dela - Eu só preciso de uma chance. Só uma chance. Você não lembra de como a gente se dava bem?

— Tom... - Anahi sussurrou.

— Anahi, você só está com medo de eu repetir o maior erro da minha vida que foi te deixar. Isso não vai acontecer. Por Deus, eu preciso de você. Eu amo você. Você é a única pessoa que realmente me importa.

  Cristo, ele soava tão desesperado que Anahi começou a tremer e lágrimas rolaram de seu rosto. Ele se aproximou e fechou os olhos, inclinando-se para beija-la, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa ela colocou a mão entre seus lábios, para afasta-lo.

— Tom... Eu não quero fazer isso - enxugou as lágrimas. Tom suspirou e a encarou com os olhos úmidos - Eu amo outro homem. Ele é incrível, inteligente e cuida de mim - fungou e em seguida sorriu, um sorriso verdadeiro ao lembrar de Alfonso - E eu estou esperando um filho dele. - os olhos de Tom quase saltaram para fora do rosto.

— Você nunca quis um filho comigo. - murmurou num fio de voz.

— Alfonso é diferente - suspirou - Você vai encontrar alguém, Tom. O que tivemos foi incrível, mas não era para ser. Alfonso é o meu presente e o meu futuro - sorriu genuíno ao se dar conta que estava mesmo falando aquilo. Soltou a mão de Tom e o encarou - Você vai ficar bem, Tom. Eu superei. Você também vai - levantou - Preciso ir.

  Sem esperar resposta, Anahi saiu sentindo-se toneladas mais leve.

  Tinha conversado com Tom. O homem que a machucara tanto, que ferira seu coração.

  E agora ela estava cicatrizada. Havia superado. Não só por Alfonso, mas também por ela. E pela criança que estavam esperando.

No Limiar do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora