Capítulo 29

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– Você deveria contar a ela... – sussurra Carla ao meu lado, mastigando lentamente os legumes.

– Mas ela não vai entender... – respondo arrasada.

– Ela vai precisar... Mas irmã... Concordo com ela, Charlotte pode apresentar algum perigo na relação de vocês.

– Claro que não! A única que poderia, está atrás das grades... Bem longe de nós! – respondo aliviada.

– Qual é a prisão que ela está, mesmo?

– Na Estadual... – respondo.

– Hum... Homens e mulheres ficam juntos, acho muito estranho.

– Sim, eu também. Mas vi em um jornal, que na verdade eles ficam divididos por blocos... Ou seja, não é exatamente juntos.

– Bom, se ficassem... Seria uma ótima ideia se ela se apaixonasse por um homem e se esquecesse de você.

– Seria ótimo. Mas acho que Emily, não gosta mais de... você sabe. – murmuro envergonhada.

– Liga para ela.

– Para quem? Emily?

– Não, né. Para Jessica. – responde ela sorrindo. – Acho que por telefone vai ser bem mais fácil.

– Mas Carla, uma conversa dessa... Não pode ser por telefone!

– Sim, mas sabemos que a conversa vai se estender... Que devido a fúria dela, vocês vão se encontrar...

– PARA!

– Sério, conte a ela... Quanto antes melhor. Você sabe.

– Ok... Deseje-me sorte?

– Boa sorte, querida!

Eu estou ali naquela ponte, observando a água abaixo de mim bater calmamente nas pedras rochosas. Era incrível como aquele movimento repetitivo da natureza me fazia relaxar. Eu não sabia o que falar para Jessica, eu não sabia o que ela iria dizer contra o meu comunicado que a ruiva seria uma das madrinhas. Mas uma coisa que eu teria que restabelecer era a minha calma.

Foi num ranger de tábuas há alguns metros de mim, que me fez recobrar a consciência e constantemente olhar para o lado. Jessica caminha lentamente até a mim, e podia ver na simples expressão da mulher que ela está realmente magoada comigo. Respiro fundo, lembrando-me da calmaria do lugar e sorrindo assim que ela parou em minha frente.

O silêncio permaneceu, como se ela estivesse se preparando para dizer algo. Um olhar diferente veio em minha direção, algo que eu nunca havia recebido dela. Ela se aproxima mais um pouco, segurando com as mãos fortemente a sua bolsa em seu ombro. E quando menos espero uma daquelas mãos voa contra a minha face, onde a surpresa do ato foi maior que a dor do mesmo.

– Jessica... O que? – sussurro para ela, com a mão acima da vermelhidão que se formara em minhas bochechas.

– Isso é por você ter mentido para mim! – retruca ela de imediato, com seus olhos incendiando algo que se parecia muito com o ódio.

– Eu... – olho para o lado, certificando-me se realmente estávamos sozinhas ali. – Me desculpe, Charlotte... ela não fará nenhum mal a você. Ela é uma boa pessoa. Por favor, não fique assim... E não me bata novamente! – cerro os olhos.

– Não é somente por Charlotte, Sara! É por tudo... Eu não acredito que você escondeu isso de mim! – ela se aproxima e percebo que ela iria me dar outro tapa, mas eu agarro o seu punho, impedindo-a de me bater novamente.

– Eu não sei do que você está falando! – respondo perdendo totalmente o foco. – Mas é obvio que se você tentar mais uma vez isso, – aponto para seu braço ainda em minha mão. – terei que tomar medidas mais drásticas em relação a nós.

This is Moment: Parte 2 / (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora